quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

JESUS CANCELADO NO NATAL

Por Pe. Vanderlúcio Souza (*)

Em muitos lugares e há muitos anos, o protagonista que deu origem à data é cancelado. Seu nome não é mencionado. Ele não aparece em comerciais de TV aberta, não ganha doodle na big tech de busca e nas decorações dos grandes centros comerciais, encontrá-lo é um acaso.

Existem aqueles que querem abolir a felicitação de Natal, substituindo-a simplesmente por um desejo de boa festa de fim de ano. O cancelamento de Jesus em seu Natal vem desde o seu nascimento. No relato bíblico, quando soube que aquela criança havia nascido na pequena Belém de Judá, o virulento Rei Herodes convocou secretamente os magos para saber o paradeiro do menino. Avisados em sonho, os magos não retornaram ao Rei, o que o deixou cheio de ira. Enfurecido, expediu decreto ordenando o massacre de recém-nascidos em toda a região da Judeia.

Mas por que o nascimento de uma criança assusta tanto, inclusive, governos e governantes até os dias atuais? Os discípulos de Herodes, ao longo dos séculos, não compreendem a manifestação da grandeza de Deus que se dá justamente ao abaixar-se. Não entendem, como escreveu Santo Agostinho, o fato de "o criador do sol ter-se feito sob o sol''. Impregnados das ilusões das coisas que passam, esquecem a contemplação do mistério da eternidade que veio ao tempo tocar e trazer uma mensagem de salvação que exige uma mudança de vida.

Quiçá, neste Natal, os homens acolham o Menino Deus que vem nos visitar e com a sua luz dissipar a noite da desesperança e do medo. Jesus cancelado insiste em vir até nós porque nos ama. Ele sabe que nossa felicidade consiste em amá-lo, em nos juntar aos magos na oferta de tudo o que temos e somos e aos pastores na mais profunda adoração.

(*) Jornalista e Coordenador do Setor de Comunicação da Arquidiocese de Fortaleza. Sacerdote recém-ordenado.

Fonte: O Povo, de 24/12/2021. Opinião. p.22.

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