segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

VOLTANDO À SANTA CASA DA MISERICÓRDIA

Por Vladimir Spinelli Chagas (*)

Por uma recente entrevista do Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza, meu caro amigo Luiz Marques, resolvi "voltar à Santa Casa", já objeto de artigo anterior.

Vale recordar que a Santa Casa foi pioneira em vários setores na Saúde. Nela foi instalado o primeiro Pronto Socorro de Fortaleza, o primeiro Pavilhão para tratamento de pessoas acometidas de tuberculose, o primeiro aparelho de Raio X e foi o primeiro Hospital de apoio ao Curso de Medicina da UFC.

Atualmente, é referência em muitas áreas, como são exemplos as cirurgias de cabeça e pescoço, dispõe de 430 leitos, sendo 130 no Hospital São Vicente de Paulo, e deles pelo menos 415 são dedicados ao SUS.

A missão de atender a todos que a procuram, levam-na, muitas vezes, a receber pacientes de urgência, sem qualquer pagamento, em vista dos rigorosos trâmites burocráticos do poder público municipal, pelos quais a vida não pode esperar.

Além disso, enquanto atende a 70% das cirurgias de média complexidade do SUS, aquelas de menor retorno e, apesar de ser referência, a regulação municipal tem-lhe destinado número cada vez menor de cirurgias de alta complexidade.

De outro lado, decisão federal de abril de 2020, que permitia às Santas Casas receberem por cirurgias agendadas e não realizadas em razão da pandemia, ao ser reeditada em 2021, por uma redação inadequada, permitiu que o poder público municipal deixasse de fazer as transferências automáticas, mergulhando a Santa Casa em novas e desnecessárias dificuldades.

Para coroar, numa realidade que deveria constranger a todos nós, os recursos arrecadados pela Santa Casa por meio de doações espontâneas vêm sofrendo forte redução nesses últimos meses, sendo que aquelas feitas via conta de energia têm média unitária de R$ 4,00.

Portanto, este nosso retorno à Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza, fonte de orgulho de todos nós, é para atiçar nossos brios, seja do poder público, para definitivamente perceber que burocracia é diferente de burrocracia, seja de nós cidadãos, para percebermos quanto nós devemos a essa Instituição, exemplo de amor e respeito ao semelhante. 

(*) Professor da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do CRA-CE.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 8/11/21. Opinião, p.22.

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