Por João Brainer Clares de Andrade (*)
Chegamos a 20
anos de uma formação médica humana e vocacionada às necessidades da saúde cearense. Crescemos, a despeito da desconfiança e até esforços de findar o sonho
de uma jovem universidade em assumir ainda mais protagonismo social. Nascemos
do amadurecimento institucional, impulsionados por reconhecidos cursos de
graduação e pós-graduação, do seio acolhedor da rede pública estadual de saúde. No entanto, enfrentamos desafios que seriam
talvez suficientes por findar nossos anseios, se não fosse a resistência e
criatividade do Itaperi e de seus parceiros.
A Uece conseguiu:
são 20 anos de ensino médico que lança profissionais dentro e fora do Ceará;
dentro e fora do Brasil. Otimizamos a estrutura que havia, captamos recursos,
aprimoramos, criamos. Hoje somos três campi, três hospitais universitários e a
rede estadual hospitalar devotada à missão de formar 160 médicos a partir de um
colegiado multidisciplinar que vai das ciências sociais à genética médica com o mesmo peso da técnica científica e da
humana.
Nascemos dos
desafios. Os desbravadores sempre souberam que não seria fácil,
mas os problemas nos nutriram a inteligência. Resistimos à aridez dos recursos
em estrutura, às investidas contrárias dentro da nossa própria rede e à
escassez gritante de professores efetivos. Apesar das deficiências e batalhas
por vencer, chegamos aos 20 anos com a musculatura que os desafios nos proporcionaram; e, fortes, estamos aptos a
seguir para muito mais distante.
Chegamos firmes
para assistirmos às primeiras colocações no Enade no país,
vendo ex-alunos abrilhantarem a Medicina brasileira e até internacional. A Uece
formou brilhantes! E o reconhecimento, mesmo que tardio, coroa nossa
maturidade: chegamos firmes para também assistirmos ao maior hospital cearense
em nossas tão férteis terras. Nosso sonho se tornou real.
As conquistas
não findam nossos sonhos, no entanto. Temos carência de docentes para atender à
expansão e à consolidação do curso; além de estrutura de laboratórios de ensino
que permitam simulações realísticas e atendimentos ambulatoriais. O espírito inovador que soube conciliar a
inteligência ao tempo da máquina pública prova a cada dia seu papel de
transformação de um curso de Medicina - e assim seguirmos firmes para continuar
ajudando a mudar a vida de milhões de cearenses.
(*)
Médico neurologista. Egresso da MedUece. Doutor pela
Unifesp e Columbia University.
Fonte:
Publicado In: O Povo, de 16/03/2022.
Opinião. p.21.
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