quinta-feira, 8 de junho de 2023

A MULHER POR TRÁS DE CORPUS CHRISTI

Por Pe. Vanderlúcio Souza (*)

A Igreja Católica vive nas últimas décadas o que o papa emérito Bento XVI classificou como "primavera eucarística". Várias expressões eclesiais redescobriram a centralidade do culto Eucarístico. A devoção à Missa diária se tornou uma prática de milhões de pessoas. Somente na Arquidiocese de Fortaleza, ao menos 1200 celebrações Eucarísticas são presididas a cada domingo. A Comunidade Católica Shalom mantém capelas com 24 horas de adoração Eucarística.

Esse "Avivamento Eucarístico" ganha relevo na Solenidade de Corpus Christi, sempre comemorado na quinta-feira após a Solenidade da Santíssima Trindade. Procissões, bênçãos e Missa integram a programação do dia festivo, na Arquidiocese de Fortaleza celebrada em suas 141 paróquias.

O que poucos sabem é que esta solenidade surgiu a partir da experiência mística de uma mulher que viveu no início do século XII. A jovem Juliana de Liège, freira nascida em Liége na Bélgica, aos 16 anos teve uma visão na qual a Lua brilhava em seu esplendor, contudo, uma faixa escura abraçava aquele astro diametralmente.

Juliana teve o entendimento espiritual de que a lua era a vida da Igreja na Terra e a cinta escura indicava a ausência de uma festa litúrgica dedicada à Santíssima Eucaristia, sempre fervorosamente celebrada e adorada na cidade de Liége. A jovem conservou aquela visão por muito tempo até que chegasse ao Bispo de Liége que declarou a Festa pública à Eucaristia em sua Diocese

Anos mais tarde, também defensor da causa de Corpus Christi, o padre Tiago Pantaleão de Troyes, que conheceu Juliana quando diácono, eleito papa com o nome Urbano IV, em 1264, instituiu a solenidade do Corpus Christi como festa de preceito para a Igreja em todo o mundo. Foi este mesmo papa que pediu ao teólogo Tomás de Aquino que compusesse os textos do ofício litúrgico da nova festa, poesia e teologia que se escuta até os dias de hoje nas ruas de norte a norte do mundo nesta Solenidade. Como na vida e na encarnação do Verbo, tudo se desenvolveu com o sim de uma mulher.

(*) Jornalista e Sacerdote recém-ordenado. Coordenador do Setor de Comunicação da Arquidiocese de Fortaleza.

Fonte: O Povo, de 7/03/2023. Opinião. p.18.

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