quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Nova indústria Brasil, um avanço e grandes desafios!

Por Lauro Chaves Neto (*)

Hoje o mundo vive em um cenário turbulento, agravado pela emergência climática e pela pressão por descarbonização; pela transformação digital e pelo acirramento geopolítico. Quando se analisa a indústria e a própria economia brasileira dentro desse contexto, salta aos olhos a perda de competividade.

Analisando os 10 anos, de 2012 a 2022, o Brasil cresceu, em média, apenas 0,5% ao ano, sendo 2,7% na agropecuária, 0,8% nos serviços e uma queda de 1,4% na indústria de transformação. Esta, que hoje participa com 15,1% do PIB, representou 30% na década de 1980. O Brasil tem a 16° maior indústria de transformação do mundo, quando já fomos a 10°.

Tudo isso é agravado pela perda de competitividade, sendo o custo Brasil estimado entre 15% e 20% do PIB, tendo uma redução da complexidade tecnológica da pauta de exportações, onde a participação dos bens não industriais cresceu de 39,6% para 47,8% em 10 anos, no mesmo período os bens de alta e média complexidade tecnológica reduziram a sua participação de 21,6% para 14,5%. Nos últimos 20 anos a produtividade do trabalho na indústria de transformação caiu 23%!

O plano prevê R$ 300 bilhões em linhas de crédito e subsídios a empresas. Visa incentivar a inovação tecnológica, o desenvolvimento produtivo, alavancar a participação do Brasil no mercado internacional, investir em uma indústria verde, com a descarbonização, a economia circular e a redução de resíduos. Priorizando setores como agroindústria, saúde, infraestrutura, transformação digital, bioeconomia e tecnologia de defesa.

Ano passado os EUA divulgaram a sua política industrial com investimento previsto de US$ 1,9 trilhão, foco na transição energética e transformação digital, já a União Europeia divulgou também a sua com US$ 1,7 trilhão. O Brasil reservou R$ 300 bilhões, aproximadamente US$ 60 bilhões.

Garantir os recursos previstos, evitar corrupção e desperdícios, manter a responsabilidade fiscal e não permitir que as exigências de conteúdo nacional promovam um atraso tecnológico semelhante ao ocorrido em iniciativas semelhantes anteriores, são os maiores desafios do Plano.

(*) Consultor, professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.

Fonte: O Povo, de 5/02/24. Opinião. p.16.

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