terça-feira, 19 de novembro de 2024

O CENTRO DE FORTALEZA

Por Lauro Chaves Neto (*)

Resgatar a dinâmica econômica do centro histórico de Fortaleza deve ser uma das principais prioridades, tanto do prefeito eleito, quanto da nova bancada da Câmara de Vereadores, reforçando a importância da participação da sociedade civil, nesse processo, representada pelas entidades empresariais, culturais e sindicatos de trabalhadores.

Hoje, Fortaleza é uma metrópole policêntrica, com diversos "centros" autossuficientes, distribuídos no seu território. A realidade urbanística e econômica antiga de uma Fortaleza monocêntrica onde um único centro distinguia-se no conjunto urbano, pela concentração das ruas de comércio, pelas residências da população de renda mais elevada, e pelos equipamentos públicos, privados, religiosos e culturais, não existe mais.

Essa é a atual configuração com novas áreas de centralidade no fluxo de pessoas, comércio, serviços e informação. A educação a distância (EAD), o processo de compras e as transações financeiras não mais exigem o deslocamento físico. Atualmente, os grandes bairros, como Messejana, Parangaba, Aldeota e Pirambu, são exemplos de centralidades consolidadas.

O centro histórico ainda possui uma intensa dinâmica urbana entre 8 horas da manhã e seis da tarde, de segunda a sexta, sendo o maior gargalo a falta de uso do espaço, tanto nos finais de semana, quanto durante a semana, entre as 19 horas e as 7 horas da manhã, quando o Centro fica sem atividades. Sem o enfretamento dessa questão o Centro nunca será resgatado; nenhuma ação policial, seja preventiva ou repressiva, será capaz de solucionar esse impasse.

Economicamente, devem ser priorizados comércio varejista, serviços, cultura, tecnologia da informação e economia criativa, porém apenas o reposicionamento do território, também como função residencial, pode devolver qualidade de vida ao Centro.

São atividades familiares cotidianas, como sair cedo de casa, chegar do trabalho e da escola, ir à farmácia ou à padaria, frequentar praças, cafés, museus e demais equipamentos públicos e privados, que proporcionarão a tão sonhada revitalização do centro histórico de Fortaleza.

(*) Consultor, professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.

Fonte: O Povo, de 14/10/24. Opinião. p.22.


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