Pedro Henrique Saraiva Leão (*)
Manhã cedo, no bosque, enquanto volteamos a
praça, transpirando pensamentos, planos, esperanças. Da família Felidae (Felis
catus), os gatos são primos do leão, do tigre, leopardo, jaguar. Remontam à
época oligocena, há mais ou menos 40 milhões de anos. Reconhece-se > 250
raças. Para os hebreus Deus os teria criado ainda na Arca de Noé a partir do
espirro de um leão para exterminar os ratos. Sagrados para os persas e
egípcios, estes ostentavam a deusa Bast, com cabeça de gato, na cidade de
Bubastis. Bichanos já ronronavam na Bíblia (epístola apócrifa de Jeremias,
Baruch vi, 22). Folcloricamente estão associados à magia, aos feitiços, às
bruxarias e superstições. Eventualmente são contrabandistas, por levarem drogas
para a prisões.
Na literatura deles já cuidaram Theóphile
Gautier (1811 – 1872), o simbolista Charles Pierre Baudelaire (1821 – 1867), o
indiano de pais ingleses Rudyard Kipling (1865 – 1936), primeiro Nobel
britânico (1907), a francesa Collete (Sindone Gabrielle, 1873 – 1954), T(homas)
S(tearns) Eliot (1888 – 1965), inglês nascido nos EUA, Nobel em 1948, e Doris
Lessing, também no Reino Unido, mas persa de origem. Logrou o Prêmio Nobel em
2007, e faleceu aos 94 anos em novembro último. Deixou vários contos sobre
gatos, e em um deles (“An old woman and her cat”) o felino costumava levar
pombos para alimentar sua patroa. No Brasil Erico Veríssimo e Nelson Rodrigues
os tiveram como personagens, e no Ceará, nosso maior contista, Moreira Campos.
Edouard Manet (1832 – 1883) retratou-os no
seu famoso “Olympia” (1,30m x 1,90m), exibido em 1865, e até setembro passado
exposto no Museu D’orsay, em
Paris. Fê-lo igualmente no retrato de Emile Zola. Auguste
Renoir (1841 – 1919) pintou um deles em “Julie Manet com gato”. E famosos
ficaram igualmente os gatos do nosso Aldenir Martins. No Brasil são
apreciadíssimos, tendo inclusive inspirado a Federação Brasileira de Gatos, em
1988. Quem não conhece Garfield, e o Gato de Botas, no cinema, na TV, e nos
quadrinhos?
Na nossa ginástica matinal é impossível
ignorar-lhes, e aos pombos. Estes, da família Columbidae (“Columba livia”)
foram domesticados pelos egípcios para alimentação e meio de comunicação há
mais ou menos 3.000 a.C.
Correio com pombos já existia em Bagdá, em 1150. Podem voar até 1.800 km, e voltar às
origens. Há pouco (28/x/2013) “The New York Times” reportou-se a pombos que
transportavam charutos Cohiba de Havana para a Flórida. Terminada a I Guerra
Mundial, o pombo “Cher Ami” foi mesmo condecorado com a “Croix (cruz) de
Guerre” por seus feitos heroicos! A exemplo dos gatos, transmitem doenças. De
outras procuramos fugir pelos exercícios aeróbicos, caminhando 2 horas 30
minutos semanais, a 9,7km/hora.
Tais práticas, já na Inglaterra do século
XVII, foram modernizadas pelo estadunidense Kenneth Cooper (1931 - ), no seu
livro “Aerobics” (1968). Assim procuramos evitar ou minorar a hipertensão, a
obesidade, a depressão. Enquanto isto, os gatos nos observam, e os pombos
arrulham sobre nossos passos.
(*) Médico. Ex-presidente e atual
secretário geral da Academia Cearense de Letras.
Fonte: O Povo,
Opinião, de 8/1/2014.
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