Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
O
preconceito é um agente que se aloja na mente das pessoas a partir da infância
e, tal qual um vírus de ação lenta e persistente, vai mostrando sua
agressividade nas diversas etapas da vida. O contaminado, na maioria dos casos,
desconhece ser portador-transmissor dessa patologia sócio biológica.
Não me
refiro aos preconceitos explícitos: violência física, psicossocial, xenofóbica,
antissemítica, homofóbica, contra índios, mestiços, negros ou ciganos. Esses
são mais fáceis de criminalizar ou domesticar. No Brasil existe preconceito,
negá-lo é como afirmar que a escravidão aqui foi branda, além de tantos outros
disparates com os quais a nossa História Oficial tenta dissimular erros e
horrores.
O mais
difícil é como abordar o que denomino de preconceito subliminar. Subliminar
neste caso refere-se a estímulos não suficientemente intensos para afetar o
inconsciente individual - em comparação com o inconsciente coletivo, que é
afetado. Sendo sentimento implantado desde a mais tenra idade, é muito difícil
de ser eliminado. Quase impossível.
Desejar
modificar a personalidade das pessoas é tarefa árdua, sendo essa uma das
características mais estáveis do Homo sapiens.
No caso do preconceito, seja explícito ou subliminar, encontra-se tão
profundamente inserido no aparelho mental que seria a mesma coisa que tentar
modificar o instinto de sobrevivência. Além do mais, o preconceito mobiliza a
aversão subconsciente, atávica, ao novo ou ao diferente.
A espécie
humana prefere a estabilidade desconfortável à incerteza do desconhecido. Mesmo
que as mudanças sejam para melhor, o ser humano prefere a garantia do
conhecido.
Os
preconceitos sempre existiram e continuarão a existir; nascem na cabeça dos
homens e das mulheres. É sentimento arraigado desde a vida embrionária.
É
impossível remover o preconceito através da conscientização, seja pela educação
ou por outro avanço psicopedagógico, após a mente já ter sido formada. Podemos,
no máximo, diminuí-lo.
“É mais fácil desintegrar
um átomo do que desfazer um preconceito”. Albert Einstein
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco.
Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE)
e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).
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