Maria Juraci Maia Cavalcante
(*)
“Duas das maiores e mais prestigiadas universidades do
País são estaduais: a USP e a Unicamp”
A política educacional e
científica no Brasil parece indicar preocupação com a formação inicial e
continuada de professores, sob a coordenação nacional da Capes, com vistas à
melhoria do ensino básico; e do CNPq, no que tange ao estímulo à pesquisa para
a formação superior e pós-graduada. Trata-se de empenho que poderá vir a
fortalecer a interiorização da graduação, da pesquisa e da pós-graduação, que
estiveram até hoje concentradas nas capitais e grandes centros urbanos.
Diante disso, deveríamos olhar
com mais carinho o complexo UFC-Uece-Urca-UVA. Trata-se de sistema de ensino
superior público formado, historicamente, pela ação política da igreja
católica, da iniciativa privada e do Estado republicano. São universidades que
resultaram de faculdades isoladas criadas na primeira metade do século XX.
Quando reunidas, puderam constituir nossas universidades, na segunda metade do
século passado. Pareciam impossíveis e hoje são patrimônio do Ceará.
Salientemos, que a rede de
universidades federais e estaduais que temos no Brasil hoje foi formada também
a partir de faculdades, colégios, seminários, exceto aquelas concebidas segundo
plano de fundação universitária: UNB, Unicamp e as 14 universidades federais
criadas na era Lula, em diferentes regiões do País. Existe hoje, portanto, uma
rede brasileira de ensino superior.
Já ouvimos defesas locais da
federalização do ensino superior. Estas omitem que duas das maiores e mais
prestigiadas universidades do País são estaduais: a USP e a Unicamp. Por que
não se vê governantes defendendo o fim destas duas instituições de ensino
superior? Perguntamos por que isso ocorreria no Ceará, depois de tanta luta
para tê-las, justo quando economistas credenciados o inserem otimistas, no
ambiente do Nordeste, a região que mais cresce no Brasil, embora isso não lhe
garanta, senão quem sabe no futuro, melhores indicadores sociais.
Na era da mobilidade espacial e
comunicacional, não há mais como restringir o acesso ao conhecimento científico
e à formação superior. Não haveria mais necessidade da juventude interiorana do
Ceará se deslocar para Fortaleza ou a outras cidades e regiões, com vistas a
ter acesso ao ensino superior. Resta à sociedade e governantes aquiescer que,
longe de se pensar em suprimir ou acuar nossas universidades estaduais,
deveríamos tratar de preservá-las. Nesse sentido, em meio a tantos transtornos,
é esperada a efetivação da promessa do governo do Estado em começar por
destinar mais verbas da Funcap para as estaduais, conforme comprometimento
público recente, no seminário havido na Uece.
(*) Professora
Titular da UFC
Fonte: O Povo, Opinião, de 18/3/14. p.7.
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