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terça-feira, 15 de outubro de 2024

FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO

Por Vladimir Spinelli Chagas (*)

A afirmação "fora da caridade não há salvação" - um dos pilares da Doutrina Espírita -, traz-nos muitos pontos para reflexão, nesses tempos de dificuldades de entendimento entre as pessoas.

A força dessa Doutrina se faz sentir ao remeter-nos ao sentimento mais nobre que nos foi legado - o Amor que deve ser espalhado entre todos e não apenas entre os que nos sejam mais próximos ou pelos quais devotemos mais simpatia.

Caridade não pode ser vista como uma ação pontual, mas como uma prática constante e dirigida a todos os que sofrem, independentemente de suas condições sociais, crenças, origens ou razão da dor.

Uma outra assertiva que também me acompanha há anos foi psicografada pelo médium Chico Xavier e casa perfeitamente com as questões do Amor. Diz ela: "cada um é responsável pelo mal que advenha do bem que não haja feito".

Aqui fica patente que é uma responsabilidade individual. Cada um de nós precisa exercer um papel ativo na prática do bem, redundando o conjunto de ações na construção de um mundo melhor para vivermos.

A mensagem enfatiza ainda, as consequências negativas de não se fazer o bem. De fato, o mal pode ocorrer por ação ou omissão. Já o bem, este exige uma ação, consciente ou inconsciente, para que seja praticado.

Ora, isso nos convida à proatividade na prática do bem. Não devemos nos manter passivos, como se tudo dependesse de si mesmo e não de nossa direta interferência naquilo em que podemos contribuir.

Ainda da assertiva, pode-se entender que a empatia deve ser cultivada, também no intuito de, compreendendo o sofrimento alheio, atuar de forma a poder atenuá-lo dentro das próprias limitações. Com isso, um outro pilar na construção de um mundo melhor, a Justiça, será praticada.

Quanto a esses pilares do Espiritismo, peço que sejam objeto de um momento de reflexão de cada um de nós, para darmos sentido ao Amor, celebrado em todas as religiões e doutrinas, por ser o elo que une todos os seres viventes.

Vamos agir pelo bem. Vamos praticar o verdadeiro Amor com o nosso próximo, sendo misericordiosos e caridosos como prática constante. Tudo assim ficará melhor.

(*) Professor aposentado da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do CRA-CE. Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 9/09/24. Opinião. p.18.


segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

VOLTANDO À SANTA CASA DA MISERICÓRDIA

Por Vladimir Spinelli Chagas (*)

Por uma recente entrevista do Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza, meu caro amigo Luiz Marques, resolvi "voltar à Santa Casa", já objeto de artigo anterior.

Vale recordar que a Santa Casa foi pioneira em vários setores na Saúde. Nela foi instalado o primeiro Pronto Socorro de Fortaleza, o primeiro Pavilhão para tratamento de pessoas acometidas de tuberculose, o primeiro aparelho de Raio X e foi o primeiro Hospital de apoio ao Curso de Medicina da UFC.

Atualmente, é referência em muitas áreas, como são exemplos as cirurgias de cabeça e pescoço, dispõe de 430 leitos, sendo 130 no Hospital São Vicente de Paulo, e deles pelo menos 415 são dedicados ao SUS.

A missão de atender a todos que a procuram, levam-na, muitas vezes, a receber pacientes de urgência, sem qualquer pagamento, em vista dos rigorosos trâmites burocráticos do poder público municipal, pelos quais a vida não pode esperar.

Além disso, enquanto atende a 70% das cirurgias de média complexidade do SUS, aquelas de menor retorno e, apesar de ser referência, a regulação municipal tem-lhe destinado número cada vez menor de cirurgias de alta complexidade.

De outro lado, decisão federal de abril de 2020, que permitia às Santas Casas receberem por cirurgias agendadas e não realizadas em razão da pandemia, ao ser reeditada em 2021, por uma redação inadequada, permitiu que o poder público municipal deixasse de fazer as transferências automáticas, mergulhando a Santa Casa em novas e desnecessárias dificuldades.

Para coroar, numa realidade que deveria constranger a todos nós, os recursos arrecadados pela Santa Casa por meio de doações espontâneas vêm sofrendo forte redução nesses últimos meses, sendo que aquelas feitas via conta de energia têm média unitária de R$ 4,00.

Portanto, este nosso retorno à Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza, fonte de orgulho de todos nós, é para atiçar nossos brios, seja do poder público, para definitivamente perceber que burocracia é diferente de burrocracia, seja de nós cidadãos, para percebermos quanto nós devemos a essa Instituição, exemplo de amor e respeito ao semelhante. 

(*) Professor da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do CRA-CE.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 8/11/21. Opinião, p.22.

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

MÉDICO DE HOMENS E ALMAS

Por Emmanuel Furtado (*)

Thomaz de Araújo Corrêa talvez haja sido quem mais tempo clinicou na história da Medicina do Ceará. Buscou o canudo na Bahia, em 1948, pois à época não havia a faculdade por aqui. Recebeu convites para ser professor no rincão baiano, mas seu propósito era voltar ao Ipu e ajudar seu pai, farmacêutico prático da cidade. E pelas terras de Iracema, de José de Alencar, iniciou carreira, constituiu família, e de lá não mais saiu. Chegou a fazer 30 mil partos, inclusive em municípios outros da região norte, cobrindo cidades circunvizinhas ao Ipu.

Para além das atividades com as parturientes, trabalhou a medicina sanitária e realizou expressivas curas do tracoma, doença oftalmológica que assolava a região na metade do século passado. Por muito tempo, atuou como único médico da cidade, desenvolvendo-se com total devotamento.

De uma cultura geral, exímio orador, e membro de academias médicas e literárias, era muito prazeroso ouvi-lo discursar. Doutor honoris causa pela UVA (Universidade Estadual Vale do Acaraú). Sua medicina foi prioritariamente filantrópica, reconhecida pela associação nacional das entidades filantrópicas do Brasil, da qual recebeu comenda em Porto Alegre, nunca tendo feito da atividade médica ato de mercância.

Homem honrado, pai exemplar e esposo dedicado, sua alegria contagiante afagava os corações das centenas de amigos conquistados em sua caminhada. Fiel a princípios religiosos, foi coerente até o fim com o que acreditou e pregou. De consciência reta e justa, não era dado a falar mal dos outros, ou se voltar a litígios, não se indispondo e sabendo respeitar as ideias e pensamentos diferentes.

Fincou sua vida no tripé da medicina, da família e da fé. Muitos trilharam os caminhos hipocráticos por conta de seu exemplo. Buscava conhecer os males da alma e depois cuidar dos achaques do corpo, enxergando o paciente no todo.

No último dia de agosto, meu sogro fez sua passagem para outro plano. A Igreja, a família e a Medicina perdem um grande membro, mas sua memória já está cravada no mais reluzente ouro. 

(*) Desembargador corregedor do TRT e professor da UFC.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 9/9/2020. Opinião. p.20.

segunda-feira, 4 de maio de 2020

Reflexão Pascal (AMOR)


Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)
O período da Páscoa representa o mais significativo para reflexões, vez que é a vitória da vida sobre a morte- ressurreição de Cristo-, ou seja, do bem sobre o mal. Dentro desta linha de pensamento, é básico reconhecermos a importância dos valores espirituais sobre os materiais. Aqueles são duradouros e nos conduzirão, sem dúvida, à vida eterna. Estes são efêmeros e nem sempre nos proporcionam, apesar do aparente conforto, a alegria permanente. Por sua vez, os sentimentos de solidariedade e amor objetivando alcançar a felicidade e o propósito da vida são fundamentais. O ódio, a falsidade a inveja, a ambição, o orgulho, dentre outros são comportamentos incompatíveis com uma existência saudável. Já o ecumenismo, o perdão, a tolerância, a amizade, a humildade e outros nos conduzem ao sentimento da generosidade. Ademais, é mediante a oração e a meditação que encontramos estados mentais positivos e nos afastamos dos negativos. O que somos é consequência do que pensamos. O que alcançamos decorre da busca das virtudes teologais (fé, esperança e caridade), consequentemente da nossa crença em Deus. Por outro lado, a violência em todas suas formas- desemprego, fome, corrupção, analfabetismo, etc. - leva a sociedade a um clima de perplexidade e apatia, motivando mais violência e mais injustiça. Assim, neste momento difícil de pandemia que vive a humanidade, em razão do problema do coronavirus (covid-19), não bastam as ações solidárias e arriscadas, reconhecidamente fundamentais e generosas desenvolvidas, com heroísmo e dedicação, por homens e mulheres. Precisamos expandir nossa força espiritual, pedindo a ajuda e proteção de Deus. Cremos na Sua fidelidade com fé e esperança, enfim com amor. “Com a força que Cristo me dá, posso enfrentar qualquer situação” (Bíblia Sagrada- Carta de Paulo aos Filipenses 4, 13).
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 17/4/2020.

terça-feira, 7 de abril de 2020

A FRATERNIDADE É SAMARITANA!


Por Pe. Patriky Samuel Batista (*)
O tempo quaresmal nos oferece uma oportunidade singular de conversão que tem como pressuposto o amor. Iluminados pela Palavra de Deus, fortalecidos pelos sacramentos e irmanados na vida comunitária percorremos um caminho de oração, partilha, intimidade e solidariedade fraterna. Um verdadeiro retiro espiritual que nos prepara para a Páscoa do Senhor oferecendo a Ele o melhor de nós: uma vida reconciliada e pacificada no amor.
Há mais de cinco décadas, a Campanha da Fraternidade apresenta-se como um modo de viver o período quaresmal na Igreja no Brasil prestando atenção uns aos outros e nos comprometendo com a edificação do amor que faz nascer as boas obras da fé. Em 2020, avançamos nesse caminho inspirados pelo tema: "Fraternidade e vida: dom e compromisso".
A vida é dom de Deus que devemos cultivar e também um compromisso que devemos assumir. Desde a concepção e passando por todas as etapas de existência, a vida deve ser promovida e protegida, buscando sempre o horizonte da eternidade sem tirar os pés do chão e ofertando coração fraterno ao irmão. E como trilhar esse caminho? Agindo como bom samaritano. Ele é a grande inspiração e modelo para vivermos a quaresma deste ano.
Na parábola do Samaritano, descobrimos que o meu próximo é aquele de quem eu me aproximo para cuidar, com amor e ternura, independente de quem seja a pessoa e em quais condições ela se encontra. Reconhecer o próximo é romper com a indiferença. É ter a capacidade de interromper a própria rotina para se fazer próximo com atitudes concretas. Amar com gestos, decisões, agilidade, presença e carinho.
Eis o belo caminho de conversão que temos pela frente: um coração interpelado pela Palavra que converte e convoca a traduzir em atitudes os bons sentimentos que brotam da fé, são alimentados pela vida de comunidade e nutridos pelos sacramentos da Igreja. Com olhos fixos em Jesus, a Campanha da Fraternidade 2020 nos convoca a romper com toda e qualquer atitude de indiferença, vencendo o pecado pela graça redentora que nos envia como missionários da vida plena para todos, sobretudo os mais pobres e excluídos, vítimas de uma sociedade marcada profundamente pelos traços de Caim.
Olhando ao nosso redor, percebemos cada vez mais que a vida se encontra ameaçada e um sinal claro de tal ameaça é o modo de vida da sociedade marcado pela indiferença.
Uma sociedade de Caim que traz situações, atitudes e estruturas que se alimentam da indiferença e nutrem o ódio e a aversão.
Que propaga e enaltece a cultura do descarte, da morte revelada em ações injustas e desumanas.
Que a Campanha da Fraternidade nos ajude a ver com os olhos de Deus a realidade que está ao nosso lado. Ver direcionando o nosso olhar para aquele a quem chamamos de irmão e devemos tratá-lo como tal. Que a fé nos ajude a julgar segundo os critérios da compaixão e da justiça condicionados pelo amor a fim de que sejamos promotores de uma nova sociedade na qual a globalização da ternura e do cuidado sejam reais e que comece em nós, em nossos corações convertidos, as mudanças que esperamos no mundo.
Que Santa Dulce dos Pobres interceda a Deus por nós a fim de que vivamos a fé cristã com o compromisso de ver, compadecer e cuidar, pois, a fraternidade é samaritana! 
(*) Secretário Executivo para Campanhas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Fonte: O Povo, 27 de fevereiro de 2020. Opinião. p.17.

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

VERDADE


Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)
Os sentimentos de solidariedade e amor com vista à busca da felicidade e ao propósito da vida são muito importantes. Por outro lado, o ódio, a falsidade, a inveja e a ambição, dentre outros, são comportamentos incompatíveis com uma existência saudável. Ademais, é mediante a oração e a meditação que se encontram estados mentais positivos e se afastam os negativos. O que alcançamos decorre de nossa fé em Deus e da força da esperança. Madre Teresa de Calcutá dizia: “O fruto do silêncio é a prece; o fruto da prece é a fé; o fruto da fé é o amor; o fruto do amor é o serviço e o fruto do serviço é a paz”. A verdade foi o princípio básico da vida exemplar de Madre Teresa, sem dúvida, abençoada por Deus. São Francisco de Assis é outro exemplo importante. Com certeza, Francisco analisou e debateu a religião, a civilização e a sociedade, observando os valores espirituais. Invariavelmente, valorizou o diálogo, mediante as palavras simples, o amor, a caridade, a cautela nos julgamentos, a firmeza nas resoluções, a fidelidade nas obrigações, a humildade e a sabedoria. Como seria bom se nos dias de hoje os líderes mundiais e as pessoas que decidem e formam opinião seguissem o pensamento de São Francisco. Sem dúvida, poderíamos afirmar que os direitos individuais se baseariam no princípio da liberdade, enquanto os direitos sociais seriam alicerçados na igualdade de oportunidades. A violência em todas suas formas - como o desemprego, a fome, o analfabetismo, a discriminação, a indiferença- leva a sociedade a um clima de perplexidade e apatia, motivando mais violência, mais injustiça e mais supervalorização dos bens materiais, o que conduz à constituição de famílias desajustadas nas quais a admiração e o respeito foram substituídos muitas vezes pela falta de amizade, de carinho e de compreensão.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 2/11/2018.

domingo, 27 de maio de 2018

FRANCISCO, A MISERICÓRDIA EM ATITUDES

Por Pe. Eugênio Pacelli (*)
Há cinco anos, a fumaça da chaminé anunciava no Vaticano um papa que veio do “fim do mundo”. Um dos mais significativos da longa história do papado. Até seus opositores compartilham dessa avaliação. O que faz de Francisco tão popular?
Ele surpreende em gesto de proximidade e humildade. Linguagem acessível, que sensibiliza o mundo, que não chega através de discursos ou verdades dogmáticas, mas da compaixão e misericórdia. Enfatiza a ação em detrimento à fala.
Essa porta dos gestos acolhedores torna-se pressuposto para o anúncio da alegria do Evangelho. Mostra, com ações, que não veio julgar nem condenar, mas ir ao encontro de todos com abraço misericordioso.
Francisco vem em contraponto ao mundo individualista e frio, revelando a proximidade de Deus junto a todos, sobretudo aqueles que sofrem ou são injustiçados.
Em cinco anos de pontificado, notam-se mudanças eclesiais importantes: de uma Igreja fria a uma Igreja simples, acolhedora, que promove a cultura do encontro; de uma Igreja moralista a uma Igreja que se centra em Cristo e na alegria do Evangelho; de uma Igreja centrada no pecado a uma Igreja centrada na misericórdia, onde os sacramentos são para todos os enfermos e não para os “perfeitos”; de uma Igreja centrada nela mesma, preocupada com o proselitismo a uma Igreja preocupada com o sofrimento humano, as guerras e a fome; de uma Igreja triste a uma Igreja jovem e alegre, fermento de uma sociedade transparente; de uma Igreja ONG, clerical, machista a uma Igreja casa do povo de Deus, “Igreja mãe”.
A maneira de Francisco pensar a fé e propô-la aos fieis vem dos exercícios espirituais de Santo Inácio de Loyola (1491 — 1556). A espiritualidade inaciana é apostólica e missionária. Nessa perspectiva, se entende o convite à “igreja em saída”, aos “hospitais de campanha” etc. Nas pegadas de Inácio, Francisco nos propõe ir às periferias geográficas e existenciais e perceber lá o coração pulsante e vivo do Evangelho. Aqui está sua virada profética.
(*) Sacerdote; diretor pastoral do Colégio Santo Inácio.
Fonte: O Povo, de 5/5/2018. Opinião. p.18.

sábado, 5 de maio de 2018

PAPA FRANCISCO E OS MISSIONÁRIOS DA MISERICÓRDIA


Por Padre Rafhael Silva Maciel (*)
No Jubileu da Misericórdia, papa Francisco nomeou alguns sacerdotes como missionários da misericórdia, para que, em seu nome, anunciassem e promovessem o sacramento da reconciliação naquela ocasião jubilar, inclusive com prerrogativas de absolver validamente pecados reservados à sua autoridade.
Terminado aquele jubileu, o papa quis estender algumas de suas iniciativas pastorais, e prorrogou o mandato dos missionários da misericórdia. Disse o Pontífice: “Refletindo sobre o grande serviço que prestastes à Igreja, e sobre todo o bem que fizestes e oferecestes a tantos crentes com a vossa pregação e, acima de tudo, com a celebração do sacramento da reconciliação, julguei oportuno que o vosso mandato pudesse ser prolongado por mais um pouco de tempo”.
Assim, os missionários da misericórdia, nascidos do coração pastoral de Francisco, são na Igreja um legado do Ano Jubilar da Misericórdia. Desta forma, o Santo Padre deseja que a “Porta Santa” da reconciliação esteja aberta a quantos a procurem de modo sincero e com autêntico espírito de arrependimento. Na verdade, o apostolado dos missionários, ensina o papa, “é um apelo a procurar e receber o perdão do Pai. Como se vê, Deus tem necessidade de homens que levem ao mundo o seu perdão e a sua misericórdia”.
Em tempos de guerra, seja entre povos, seja entre pessoas, guerras de vaidade e de orgulho, é preciso levar adiante a obra da reconciliação “para que a unidade desejada por Deus em Cristo prevaleça sobre a ação negativa do maligno que se aproveita de tantos meios atuais (...), mas que se forem mal-usados, em vez de unir separam”.
Sem dúvida, todos os sacerdotes devem ser homens misericordiosos; mas, referente aos missionários por ele instituídos, o Santo Padre reforça: “Queridos irmãos, recomeçai a partir deste encontro com a alegria de ser confirmados no ministério da misericórdia. Confirmados antes de tudo na grata confiança de serdes vós em primeiro lugar chamados a renascer sempre de novo ‘do alto’, do amor de Deus. E, ao mesmo tempo, confirmados na missão de oferecer a todos o sinal de Jesus ‘elevado’ da terra, para que a comunidade seja sinal e instrumento de unidade no meio do mundo”.
(*) Presbítero da Arquidiocese de Fortaleza; Missionário da Misericórdia.
Fonte: O Povo, de 20/4/2018. Opinião. p.27.

segunda-feira, 5 de março de 2018

EVOLUÇÃO

Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)
Um dos temas mais debatidos e objeto de reflexão, ao longo do tempo, diz respeito à “evolução espiritual”. Envolve, é claro, conceitos inerentes à fé e à razão. Estudiosos (filósofos, teólogos, cientistas, etc.) analisam o comportamento das pessoas à luz do “crer ou não crer” em uma proposta. Um desafio significativo para todos nós é o de conceber valores sem destruir os outros. A polarização vem aumentando com o passar do tempo. São Bento, por exemplo, foi um grande pensador e um homem alheio a qualquer forma negativa de polêmica, preocupando-se muito com o ser humano. Atualmente, em razão do progresso tecnológico e também do processo de globalização, as pessoas reagem mais aos objetivos diferentes dos seus. Nesta linha de raciocínio, as manifestações ecumênicas, respeitando-se a liberdade de pensamento, são fundamentais para se conseguir um mundo melhor. Particularmente, sou católico praticante, creio na palavra de Deus, externando o amor a Ele e ao próximo. Todavia, acredito que todos de bom senso e de boa vontade, quer sejam crentes, agnósticos ou ateus devem buscar a solidariedade, ou seja, o amor ao próximo. Ademais, para Cristo é preferível um ateu justo e sincero do que um falso cristão. A paz exterior, decorre da paz interior, isto é, da “evolução espiritual”. As virtudes teologais (fé, esperança e caridade), assim como as virtudes cardeais ou centrais (prudência, temperança, fortaleza e justiça) podem ser comuns a todos, independentemente, do posicionamento religioso, pois são concedidas pela bondade de Deus. “Tudo neste mundo tem o seu tempo; cada coisa tem a sua ocasião” (Ec 3,1).
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 2/3/2018.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

GOTAS DE AMOR

Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)
Todos devemos ter a consciência de que hoje é o primeiro dia do final de nossas vidas terrestre. Ela é finita. Portanto, sempre convém pensar na vida eterna, ou seja, aquela alcançada mediante a adoração e o respeito a Deus. Assim, encontramos o caminho, a verdade e a vida. Lembremos da grandeza e da bondade do Senhor, dos sentimentos de fé, esperança e caridade (virtudes teologais) e não esqueçamos da citação Bíblica de Moisés (Dt 11, 26): “Hoje vou deixar que vocês escolham se querem a benção ou a maldição”. Obedecendo às Leis de Deus, conseguiremos a benção, rejeitando-as, receberemos a maldição. O amor, ao invés do ódio e da indiferença, deve ser a base do nosso comportamento. No detalhe, busquemos os sentimentos da humildade, da compaixão, da ternura, da misericórdia, da generosidade, da solidariedade e jamais abracemos e aceitemos o orgulho, a ganância, a mentira, a inveja, a truculência, a vaidade, dentre outros. Por sua vez, é importante ter em mente que o bem e o mal praticados por nós, de algum modo, deverão voltar. Como diz o adágio popular: “quem faz o bem, recebe o bem; quem faz o mal, recebe o mal”. É fundamental saber que as sementes de amor e paz atiradas no solo fértil do nosso coração sejam regadas com a palavra de Deus, pois o bom amigo e professor a ensina na escola da vida. A vitória sempre acontece quando as pessoas procuram uma travessia justa e verdadeira. Ademais, felizes são aqueles que se unem pelo coração e buscam alcançar Deus por meio de Jesus Cristo. “O Senhor é o meu Pastor: nada me faltará” (Sl 23,1).
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 2/2/2018.

domingo, 10 de dezembro de 2017

VOCÊ SABIA ISTO SOBRE A IGREJA CATÓLICA?


Muitas pessoas não sabem que a Igreja Católica é a maior Instituição caritativa do planeta. Se a Igreja Católica saísse da África 60% das escolas e hospitais seriam fechados. Quando a epidemia de AIDS estourou nos EUA e as autoridades não sabiam o que fazer eles chamaram as freiras da Igreja para cuidar dos doentes porque ninguém mais queria fazê-lo.
No Brasil, até 1950, quando não existia nenhuma política de saúde pública eram as casas de caridade da Igreja que cuidavam das pessoas que não tinham condições de pagar um hospital.
A Igreja Católica mantém na Ásia: 1.076 hospitais; 3.400 dispensários; 330 leprosários; 1.685 asilos; 3.900 orfanatos; 2.960 jardins de infância.  Na África: 964 hospitais; 5.000 dispensários; 260 leprosários; 650 asilos; 800 orfanatos; 2.000 jardins de infância.  Na América: 1.900 hospitais; 5.400 dispensários; 50 leprosários; 3.700 asilos; 2.500 orfanatos; 4.200 jardins de infância. Na Oceania: 170 hospitais; 180 dispensários; 1 leprosário; 360 asilos;60 orfanatos; 90 jardins de infância. Na Europa: 1.230 hospitais; 2.450 dispensários; 4 Leprosários; 7.970 asilos; 2.370 jardins de infância.
Ainda falam que a *IGREJA CATÓLICA* não faz nada para o povo independente de religião.
Fonte: Internet (circulando por e-mails e i-phones sem autoria definida).

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

CARIDADE

Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)
Os sentimentos de solidariedade e amor com vista à busca da felicidade e ao propósito da vida são muito importantes. Por outro lado, o ódio, a falsidade, a inveja e a ambição, dentre outros, são comportamentos incompatíveis com uma existência saudável. Ademais, é mediante a oração e a meditação que se encontram estados mentais positivos e se afastam os negativos. O que somos é consequência do que pensamos. O que alcançamos decorre de nossa fé em Cristo e da força da esperança. Como seria bom se nos dias de hoje os líderes mundiais e as pessoas que decidem e formam opinião, seguissem o pensamento de São Francisco(mensageiro da paz e da humildade). Sem dúvida, poderíamos afirmar que os direitos individuais se baseariam no princípio da liberdade, enquanto os direitos sociais seriam alicerçados na igualdade de oportunidades. A violência em todas suas formas – como o desemprego, a fome, a corrupção, o analfabetismo, a discriminação, a indiferença – leva a sociedade a um clima de perplexidade e apatia, motivando mais violência, mais injustiça e mais supervalorização dos bens materiais, o que conduz à constituição de famílias desajustadas, onde a admiração e o respeito foram substituídos muitas vezes pela falta de amizade, de carinho e de compreensão. “É nos momentos de infortúnio que se pode confiar nos pais. Nossos pais nos amam porque somos seus filhos, e este é um fato inalterável”, assim disse Bertrand Russel(1872-1970). Acreditamos, ainda, ser a caridade a mais significativa das três virtudes teologais (fé, esperança e caridade), pois nela está implícito o amor a Deus e ao próximo.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 6/10/2017.

terça-feira, 10 de outubro de 2017

QUATROCENTOS ANOS DO CARISMA VICENTINO

Por Vasco Arruda (*)
Numa preleção de São Vicente de Paulo às Filhas da Caridade, após relatar a conversão de um camponês ocorrida depois de ouvir uma pregação sua, diz ele: “Isso aconteceu no dia 25 de janeiro de 1617, dia da conversão de São Paulo. Essa senhora me pediu que fizesse uma pregação na igreja de Follevile, para exortar os habitantes a uma confissão geral; eu o fiz. Mostrei-lhes a importância e a utilidade dela. Ensinei-lhes depois o modo de bem fazê-la. E Deus levou tanto em conta a confiança e a boa fé dessa senhora (pois o grande número e a enormidade de meus pecados teriam impedido o fruto dessa ação!) que abençoou a minha pregação. Todo aquele bom povo ficou de tal modo tocado por Deus, que vinham todos fazer a sua confissão geral” (Obras Completas São Vicente de Paulo: correspondência, colóquios, documentos, tomo XI. – Belo Horizonte: O Lutador, p. 4).
Esse episódio, que se tornaria conhecido como a conversão do camponês de Gannes, assinala o momento fundador de uma obra iniciada há exatamente quatro séculos, cujas ramificações estão hoje presentes em quase 150 países. Nascido em Pouy, na França, em 24 de abril de 1581, Vicente de Paulo foi um homem extraordinário que, no dizer de uma de suas biógrafas, Marie-Joëlle Guillaume, “viria a mudar a prática da caridade” (São Vicente de Paulo: Uma biografia. – Rio de Janeiro: Record, 2017, p. 478.). Em 1925 fundou a Congregação dos Sacerdotes da Missão, também conhecida como padres lazaristas. Instituiu, ainda, a Congregação das Filhas da Caridade, tendo contado para a realização desse intento com a inestimável colaboração de Santa Luísa de Marillac, e as Damas da Caridade, essa última constituída por mulheres leigas, a maioria oriunda das classes nobres francesas.
Desde 2014 vêm sendo publicadas no Brasil as Obras Completas de São Vicente de Paulo, num total de 14 volumes. A edição original francesa soma 8.000 páginas. Calculam seus biógrafos que, somente cartas, ele tenha escrito em torno de 30.000, das quais apenas 3.000 foram preservadas. Também chegaram até nós muitos dos colóquios que ele fazia tanto às Filhas da Caridade quanto aos padres da congregação por ele fundada. Nos últimos meses tenho me dedicado à leitura de ambos, cartas e colóquios. Desses escritos emerge a figura de um homem apaixonante, profundamente sensível ao sofrimento humano, especialmente os pobres, aos quais dedicou toda sua vida, o que levou o papa Leão XIII a proclamá-lo “patrono universal de todas as instituições católicas de caridade que nele têm sua origem”.
O sustentáculo maior de seu incansável trabalho em prol da pobreza ia ele buscar na oração, da qual jamais abria mão. A propósito, decidi conhecer em profundidade sua vida e obra no dia em que li pela primeira vez uma frase tirada de um de seus colóquios: “Dai-me um homem de oração e ele será apto para tudo”.
(*) Psicólogo.
Fonte: O Povo, de 1/10/2017. Opinião. p.13.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

A IGREJA SERVIDORA DE DOM HELDER


Por Pe. Geovane Saraiva (*)
Por onde passou, Dom Helder Câmara, deixou uma marca indelével, mesmo no ostracismo, no isolamento e excluído dos meios de comunicação social, durante o regime militar, que via nele um risco e um perigo à democracia, permaneceu forte e corajoso, sem nunca se abalar.

Sua força imaginadora, sua criatividade e, sobretudo, sua capacidade de produzir e realizar as coisas, foram extraordinárias, surgindo uma nova Igreja, uma Igreja marcada profundamente pela esperança, com ele afirmava: “Esperança é crer na aventura do amor, jogar nos homens, pular no escuro, confiando em Deus”. Ele se antecipou, em ideias e vestes, ao aggiornamento que o Papa João XXIII promoveu e com o qual iria revolucionar, não apenas a Igreja, mas o nosso mundo hodierno.
Dom Helder foi um articulador, na melhor expressão da palavra, um conspirador, pensando no bem, com suas iniciativas, compartilhadas por muita gente da Igreja, desejando fazer com que a Igreja-Instituição se comprometesse e se engajasse na causa dos empobrecidos, identificando-se com seu Fundador e Mestre, Nosso senhor Jesus Cristo. Pensava e deseja ele uma Igreja pobre e mais servidora.

Daí o “Pacto das Catacumbas”, de 16 de novembro de 1965, que foi uma excelente oportunidade para os bispos, pensarem e refletirem sobre eles mesmos, no sentido de fazer uma experiência devida na simplicidade e na pobreza, numa Igreja encarnada na realidade, comprometida com o povo, renunciando as aparências de riqueza, dizendo não as vaidades, consciente da justiça e da caridade, através desse documento desafiador.
Logo que chegou ao Rio de Janeiro, numa hora santa do clero, onde o Cardeal Sebastião Leme criara os turnos de Adoração ao Santíssimo Sacramento, o jovem Padre Helder subiu ao púlpito para o seu primeiro sermão junto aos colegas de sua nova Diocese. A figura magra, pálida, de olhos fechados, mãos trêmulas e exaltadas, pronunciou uma oração que até bem pouco era recordada pelos os padres daquela Arquidiocese do Rio. Foi quase um escândalo: Dom Helder cobrou dos sacerdotes aquele fervor e aquele entusiasmo que no dia-a-dia ia pouco a pouco se esfriando. Parecia em transe, alçada sobre a cabeça de todos os padres da cidade do Rio de Janeiro, enumerando as tibiezas de todos e de cada um, no desamor ao trabalho pastoral, bem como a falta de garra no apostolado...

Ao assumir a Arquidiocese de Olinda e Recife, na sua mensagem, na tomada de posse, disse com firmeza: “Quem estiver sofrendo, no corpo ou na alma; quem, pobre ou rico, estiver desesperado, terá lugar especial no coração do bispo”. A pregação do Evangelho foi para ele, ao mesmo tempo, candente e misericordiosa, apaixonada sensata.
O pastor dos empobrecidos, dos “sem voz e sem vez”, dizia bem alto: “Ninguém se escandalize quando me vir frequentado criaturas tidas como indignas e pecadoras. Ninguém se espante me vendo com criaturas tidas como envolventes e perigosas”.

Que o Peregrino da Paz e o Irmão dos Pobres, no seu centenário de nascimento, lá do céu, lembre-se de nós.
(*) Padre Geovane é pároco da Paróquia Santo Afonso, em Fortaleza.
Publicado In: O Povo, 8 de agosto de 2009.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

O CUIDADO ESPIRITUAL DE ENFERMAGEM



Por Michell Ângelo Marques Araújo (*)
Constitui um desafio para profissionais de enfermagem atender o ser humano nas suas diversas necessidades, contemplando as dimensões humanas. Em outras palavras, é necessário tomar o cuidado de Enfermagem em sua dimensão ampliada, qualificando a escuta sobre os padecimentos do paciente com o intuito de ir além do diagnóstico de sinais e sintomas, auscultando as subjetividades produzidas na condição do adoecimento.
Devido à formação naturalista dos profissionais de saúde, quase sempre se dá maior ênfase à dimensão físico-biológica, relegando-se a segundo plano – e até mesmo negando – as demais dimensões, particularmente a espiritual. Tal conduta configura um paradoxo, considerando-se a tão propagada abordagem holística na saúde, a qual percebe o ser humano não somente como a soma das partes, mas como a inter-relação e a influência de cada uma sobre as demais, ou seja, como um todo.
As instituições de ensino ainda persistem em um modelo centrado no biológico, privilegiando a doença e não o homem como a finalidade de sua ação, apesar de o discurso ser diferente. Esse fato, alvo de muitas críticas, tem sido exposto como inadequado, principalmente ao se propor uma humanização do cuidado em saúde. Isso mostra o distanciamento das práticas de saúde com aquilo que é realmente a integralidade do cuidado, o respeito e a dignidade da pessoa humana.
Faz-se mister compreender este homem, suas necessidades e seus desejos, de forma que contemple toda a sua complexidade dimensional. Compreender as dimensões humanas constitui o primeiro passo para um cuidar integral, tendo em vista que há uma multidimensionalidade ontológica e uma unidade antropológica que precisam ser contempladas.
Dentre todas as dimensões humanas, a espiritual tem destaque para a área da saúde: primeiro, porque é ela que diferencia o homem dos demais seres, pois integra a capacidade de ser livre, de ser responsável e de buscar, constantemente, um sentido para a vida; segundo, por ser uma dimensão pouco valorizada, devido à ênfase dada às dimensões psicofísicas e ao distanciamento histórico da ciência tradicional, que desvaloriza tudo aquilo que não poderia ser comprovado por seus métodos experimentais, quantificáveis e replicáveis. Nesse ínterim, somente a filosofia e a religião são responsáveis por explicar e estudar os fenômenos que fogem dos objetos estabelecidos da ciência tradicional.
Os enfermeiros vivenciam constantemente momentos de crise, tanto seus quanto das pessoas submetidas aos seus cuidados, envolvendo-se num emaranhado de sentimentos e pensamentos, nos quais elementos subjetivos emergem. Em meio a tudo isso, precisam atender às demandas desses pacientes de forma que consigam alcançar os objetivos de seu cuidado..
Nos serviços de saúde, esses profissionais deparam-se rotineiramente com problemas tão complexos que não conseguem visualizar outro caminho a não ser se fechar e criar uma couraça de insensibilidade, reforçada, inclusive, na formação exigida pelos mestres. Para quebrar esse paradigma, é imperativo o desenvolvimento de forma integral das dimensões, racional, sensitiva, afetiva e intuitiva. Do contrário, o sofrimento dos pacientes, intensos e constantes, tornar-se-ão insuportáveis para os cuidadores.
É a partir da espiritualidade que conseguirão superar essa tendência de afastamento. Nessa perspectiva, a espiritualidade mostra-nos o poder do homem de, pela transcendência, criar, transformar e decidir mesmo em situações extremas de comprometimento. Vislumbra-se a possibilidade de, mesmo no sofrimento, emergir criatividade, crescimento e superação.
(*) Michell Ângelo Marques Araújo é professor doutor em Enfermagem na Faculdade Católica Rainha do Sertão
Publicado In: O Povo, de 8/09/13. Cad. Espiritualidade.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

ALGUNS PENSAMENTOS DE ZILDA ARNS



“O futuro da paz depende de nós cuidarmos agora do bem-estar de todos.”
“Amar é acolher, é compreender, é fazer o outro crescer.”
“O trabalho social precisa de mobilização das forças. Cada um colabora com aquilo que sabe fazer ou com o que tem para oferecer. Deste modo, fortalece-se o tecido que sustenta a ação e cada um sente que é uma célula de transformação do país.”
“Indispensável relacionar saúde com educação.”
“O fato de ela [a mulher] ser gestante de um embrião não lhe possibilita qualquer ação que possa prejudicar a vida dele.”
“Nunca se deve complicar o que pode ser feito de maneira simples.”
“Eu tinha certeza que seria um trabalho fantástico ensinar as mães, as famílias a cuidarem bem dos filhos.”
Fonte: Boa Notícia / Pastoral da Comunicação. Sexta-Feira, 13/2/2012.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

SÃO MAXIMILIANO KOLBE: patrono da imprensa e mártir da caridade




Rajmund Kolbe nasceu em 8 de janeiro de 1894, em Zdunska Wola, perto de Lodz, na Polônia, sendo o segundo filho de Juul Kolbe e Maria Dubrowska, um casal de operários profundamente religiosos, em um lar parco em conforto material, porém compensado na plenitude da fé e acolhedor da vontade divina.
Em 1907, quando contava 13 anos, Rajmund Kolbe entrou no seminário dos Frades Menores Conventuais, denunciando forte vocação religiosa. Ao fazer a sua profissão de fé, em setembro de 1910, recebeu o nome de Maximiliano Maria.
Concluídos os seus estudos preliminares, foi ele enviado a Roma para obter doutorado em Filosofia e em Teologia. Na Cidade Eterna, estudou Filosofia, no Colégio Gregoriano, de 1912 a 1915, e cursou Teologia, no Colégio Seráfico, entre 1915 e 1919.
Em 1917, motivado por um amor incondicional à Mãe de Jesus, fundou o movimento de apostolado mariano “Milícia da Imaculada”, uma ferramenta, sem dúvida, colocada nas mãos da Medianeira Imaculada, para a conversão e santificação de inúmeros fiéis.
Aos 24 anos, em 1918, foi ordenado sacerdote e, já no ano seguinte, em 1919, voltou à sua pátria, para lecionar no Seminário Franciscano, em Cracóvia, quando, então, organizou o primeiro grupo da milícia fora da Itália.
Com a devida permissão de seus superiores, Maximiliano passou a se dedicar mais à promoção da milícia, movido pelo desejo de que muitas almas conhecessem a Deus com profundidade e devotassem maior amor à Nossa Senhora, daí começando a evangelizar, através da imprensa escrita. Em 1922, mesmo sem dispor de recursos financeiros, fundou a revista mensal “Cavaleiro da Imaculada”, com larga aceitação, ao ponto de, em poucos anos, alcançar uma tiragem de um milhão de exemplares. Após a veiculação dessa revista, outras iniciativas editoriais vieram no seu encalço, como: uma revista para crianças, sob o título “Pequeno Cavaleiro da Imaculada”; uma revista latina para sacerdotes, a Miles Immaculatae, e um diário que chamou de “Pequeno Jornal”, com 200 mil exemplares. O apostolado da imprensa era, assim, o seu carisma.
No ano de 1927, ele implantou um centro de evangelização, próximo à Varsóvia, denominado Niepokalanow, a “Cidade da Imaculada”. O local era um verdadeiro recanto de oração, funcionando, também, como um animado entreposto de serviços, para aqueles franciscanos comprometidos com a evangelização, por meio da imprensa.
A esse tempo, o Santo Padre solicitou dos religiosos que auxiliassem os esforços missionários da Igreja. Atendendo ao pedido do Sumo Pontífice, Maximiliano e quatro irmãos de ordem partiram, em 1930, para o Japão, fundando, em 1931, o mosteiro de Nagasaki, comparável ao Niepokalanow. Em meados de 1932, ele saiu do Japão para Malabar, na Índia, instalando ali uma terceira casa Niepokalanow, a qual não subsistiu, dada à falta de pessoal, para colaborar com a obra. Era seu desejo rumar para os países árabes, com a intenção, também, de fundar revistas e jornais que propagassem a devoção à Imaculada, como instrumento de divulgação cristã. A falta de saúde, no entanto, obrigou-o a reduzir seu trabalho missionário, retornando à Polônia, em 1936, como diretor espiritual de Niepokalanow.
No período que vai de 1936 a 1939, início da II Grande Guerra, Maximiliano Kolbe redobrou seu zelo no apostolado da imprensa, enquanto se ocupava também da direção do convento e da formação de duzentos jovens. Em 8 de dezembro de 1938, dia de Nossa Senhora da Conceição, o mosteiro pôs no ar sua estação de radiofônica. Em 1939, o mosteiro albergava uma comunidade religiosa com cerca de 800 homens, tida como a maior do mundo em sua época, sendo ela completamente auto-suficiente.
Em 1º de setembro de 1939, as tropas nazistas, de surpresa, invadiram a Polônia, dizimando qualquer resistência. Os frades foram dispersos e Niepokalanow foi saqueada pelos invasores. Frei Maximiliano e cerca de 40 outros frades foram aprisionados em campos de concentração, dos quais foram liberados na celebração da Imaculada Conceição do mesmo ano.
S. Maximiliano Kolbe
Em pleno desenrolar da II Guerra Mundial, Niepokalanow abrigou considerável número de refugiados, incluindo cerca de dois mil judeus. A Gestapo acabou por prender Frei Maximiliano, em 17 de fevereiro de 1941, transferindo-o para Auschwitz, em 25 de maio, como o prisioneiro de nº 16.670.
Em julho de 1941, um homem, da mesma seção de Kolbe, fugiu e, em represália, os nazistas decidiram mandar dez outros prisioneiros para uma cela isolada, onde deveriam morrer de fome e de sede. Francis Gajowniczek, um dos dez marcados para morrer, lamentou-se, então, pela família que deixava, queixando-se que tinha mulher e filhos, pelo que Kolbe pediu para assumir o seu lugar, sendo o pedido aceito, sem mais delongas.
Na verdade, o frade Kolbe acatava o martírio para praticar, heroicamente, seu múnus sacerdotal, prestando assistência espiritual e auxiliando a morrer, na graça de Deus, aqueles infelizes condenados. Decorridas duas semanas, apenas quatro dos dez homens havia sobrevido, incluindo o próprio Kolbe. Os nazistas decidiram então executá-los, aplicando-lhes uma injeção de ácido carbólico. O calendário marcava o dia 14 de agosto de 1941, como o da entrada de Maximiliano no céu.
O corpo de Maximiliano Kolbe foi cremado e suas cinzas lançadas ao vento. Em uma carta que escrevera, tempos antes, em tom de profecia, quase prevendo seu fim: “Quero ser reduzido a pó pela Imaculada e espalhado pelo vento do mundo”. Tal como pensou, assim aconteceu.
Ao final da Segunda Guerra, teve início um movimento pró-beatificação do Frei Maximiliano Maria Kolbe. Em 17 de outubro de 1971, ele foi beatificado pelo Papa Paulo VI. Assim como o Mestre Jesus Cristo, ele amava seus semelhantes ao ponto de sacrificar sua vida por eles. Nas palavras de abertura do decreto papal, originado do processo de beatificação, Sua Santidade desse modo se pronunciou: “Não há amor maior do que dar a própria vida pelos seus amigos ...”.
Passados onze anos, em 1982, na presença de Franciszek Gajowniczek, o homem pinçado para morrer, e de quem Kolbe tomara o lugar, e que lograra sobreviver aos horrores de Auschwitz, São Maximiliano foi canonizado pelo Papa João Paulo II, como mártir da caridade. Por seu intenso apostolado, é igualmente referendado como o “Patrono da Imprensa”.
Desde julho de 1998, em frente à Abadia de Westminster, em Londres, ergue-se uma estátua de Kolbe, colocada ali sob as bênçãos da Igreja Anglicana da Inglaterra, integrando um conjunto monumental que reverencia à memória de dez mártires do século XX; dentre esses, inclui-se, meritoriamente, o polaco Rajmund Kolbe, canonizado como São Maximiliano, para honra e glória dos altares da Santa Madre Igreja, em todo o mundo cristão.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Integrante da SMSL
* Publicado In: Boletim Informativo da Sociedade Médica São Lucas, 9(71): 4-5, junho de 2013.
 

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