Lauro
Chaves Neto (*)
O
crescimento da economia brasileira foi de 1,1% do PIB em 2018. Em décadas, essa
é a mais lenta saída de uma recessão no Brasil. Existe o agravante de que a
economia terminou o ano em um ritmo mais lento do que havia começado, tanto
pelo lado da demanda (consumo, investimentos e exportações) como pelo lado da
oferta (setores da economia).
O Brasil,
desde 1980, tem uma produtividade de aproximadamente US$ 30 mil por
trabalhador, patamar que nos coloca como país de renda média. No mesmo período,
o Chile elevou em 78% a sua produtividade e a Coréia do Sul quadruplicou a sua.
Melhorar a produtividade é condição para se elevar a qualidade de vida de uma
sociedade. É preciso buscar as causas desse fracasso.
O ambiente
para os negócios, no Brasil, é terrível! Tem-se que vencer uma teia de aranha
de alvarás, licenças e certidões, que oneram os custos e tiram o foco na
inovação. Além desses gargalos regulatórios existem três grandes problemas a
serem enfrentados.
O elevado
nível de desigualdade e injustiça existente, mesmo com a recente redução da
pobreza e da extrema pobreza, faz do Brasil uma das nações mais desiguais do
mundo. A previdência, no setor privado e, principalmente, no setor público,
transformou-se em um mecanismo concentrador de riqueza. Gasta-se a fortuna de
4,5% do PIB para proteger e subsidiar empresas.
O baixo
nível de instrução é assustador. Apenas no final do século XX, conseguiu-se
universalizar o ensino fundamental; já o ensino médio nem isso. A formação
técnica e universitária, apesar do crescimento recente, ainda apresenta padrões
reduzidos. Os indicadores de qualidade educacional são péssimos em todos os
níveis.
Os índices
de violência são estarrecedores. Estatísticas oficiais mostram que há cerca de
60 mil assassinatos por ano, essencialmente de jovens, e 40 mil mortes no
trânsito.
Superar
tantos obstáculos e elevar o nível dos investimentos será tarefa para mais de
uma geração. A boa notícia é que parcela cada vez maior da sociedade tem
rejeitado políticos vendedores de ilusão e solução mágica, tanto à esquerda
como à direita.
(*)
Consultor, professor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia
Fonte:
O Povo,
de 25/03/19. Opinião. p.18.
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