Por Carlile
Lavor (*)
À Miria - Linda jovem, surge num lampejo,
simpatia esfuziante na manhã, Dois anos cortejando, felicidade: infindo amor
então compartilhamos!
Foi
muito importante a ação do Dr. Cabeto, secretário de Saúde do Ceará, e do
governador Camilo Santana na preparação dos hospitais e dos profissionais de
saúde para receber os casos graves de quem se contaminou com o coronavírus. A
imprensa revela como nunca o sofrimento dos doentes, das suas famílias e dos
profissionais que os atendem. A possibilidade de não alcançar o atendimento,
ainda que possuindo recursos financeiros espalhou o pavor.
A
doença atinge os povos de forma muito diferenciada. A Ásia, com a sua população
muito adensada, vive uma sucessão de epidemias em sua longa história. A
experiência lhe permitiu enfrentar mais rapidamente a Covid-19. O sucesso da
China foi seguido pelos seus vizinhos, Taiwan e Coreia, e chegou à distante
Nova Zelândia. Na Europa, é possível identificar formas diferentes de
enfrentamento, mesmo nos povos de culturas muito semelhantes como os
escandinavos; enquanto a Finlândia tem poucas baixas, sua irmã, a Suécia,
sofreu pesadas perdas.
O
Dr. Antônio Silva Lima Neto, o Tanta, documenta muito bem o desenrolar da
pandemia em Fortaleza. Os cearenses que viajam e os turistas trouxeram a doença
para os bairros de Meireles e da Aldeota. Os hospitais particulares receberam
os primeiros doentes, anunciando a sua gravidade. O nível educacional e
econômico da população dos dois bairros facilitou o controle da transmissão. O
vírus se espalhou para a vizinhança com a população mais pobre e para toda a
periferia de Fortaleza onde as condições sociais são mais difíceis.
Nestas
novas áreas, a transmissão perdura por mais tempo, atinge um número bem maior
de pessoas e a mortalidade atinge o seu auge. A pouca escolaridade dificulta a
concepção do que é um micróbio e como se transmite. Fica difícil a compreensão
da necessidade de lavar as mãos ou usar a máscara. Louis Pasteur, que
identificou a relação entre micróbio e doença, foi expulso de Paris pelos
médicos franceses, em pleno século XIX, porque fazia uma campanha para que esses
profissionais lavassem as mãos antes de atenderem a um parto.
É
grande a distância entre os que completaram os seus estudos e aqueles que não
tiveram esta oportunidade. Lauro Oliveira Lima traduziu muito bem na sua
Dinâmica de Grupo, a ideia de Piaget da construção da inteligência e da
formação dos conceitos. As suas lições foram importantes para a formação dos
Agentes Comunitários de Saúde, que ensinaram às mães a importância das vacinas,
da higiene e da prevenção das doenças das crianças.
A
educação ainda nos parece um dos caminhos mais rápidos para alcançarmos a saúde
e o desenvolvimento. Muitas crianças estão fora da escola, saíram muito cedo,
ou talvez nem entraram. Muitos pais conviveram pouco tempo ou nenhum, na sala
de aula, e necessitam receber os conhecimentos essenciais para uma vida mais
saudável.
A
nossa capacidade de identificar as pessoas infectadas e de levarmos a
compreensão da transmissão da doença e da sua prevenção aos que mais necessitam
definirá o futuro da Covid-19 entre nós.
(*) Médico-sanitarista. Coordenador da Fiocruz
Ceará. Membro titular da Academia Cearense de Medicina.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 2/7/2020. Opinião. p.17.
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