Por Márcio Catunda,
Rio de Janeiro, 7 de julho de 2020.
Perde-se na noite dos tempos a
origem da palavra abracadabra. Ganha-se, no entanto, em constatar que o termo
atravessou diferentes civilizações antigas, como sói acontecer com as culturas
essenciais que fluem ao sabor da transumância das sociedades através do tempo.
Segundo a enciclopédia americana
da Scholastic Library, edição de 2005, volume 3, página 569, o termo provém do
idioma bébere. Outras fontes atestam que poderia provir das línguas hebraica,
aramaica, celta ou copta.
Na primeira hipótese, fora gerada
pela conjunção sintagmática de Ab (Pai), Ruach (Filho) e Daba (Espírito Santo)
ou pela sentença exorcizante Abrai seda brai (significando “Fora, mau espírito,
fora!”) ou ainda pelo enunciado mágico Aberah KeDabar (“Irei criando conforme
falo”). Outra possibilidade aventa sua gênese dos vocábulos Habrachah, que
significa benção, e Davar, que quer dizer palavra.
A segunda hipótese supõe que o
termo seria oriundo da expressão aramaica Avrah Kahdabra, isto é, “Eu crio
enquano falo”.
A terceira opção aponta para o
seu surgimento pela união das palavras celtas Abra (Deus) e Cad (santo).
A quarta possibildiade de sua
origem é a palavra gnóstica Abraxas que na língua copta evoca a fórmula
mágica “não me firas”.
Os historiadores relatam que o
médico romano Quintus Serenus Sammonicus teria curado o imperador Caracala de
malária, usando a palavra abracadabra numa receita mágica, quando tal
enfermidade afetou a população de Roma no ano 450.
Serenus era discípulo de
Basílides, fundador da seita dos Basilides, de sincretismo cristão-pitagórico,
em Alexandria. Com seu mestre teria aprendido a cultuar o deus ABRAX e, por seu
intermédio, invocar a ajuda de espíritos benéficos contra doenças e
infortúnios. O procedimento consistia em usar a palavra como um talismã, ou
seja: escrevê-la num papiro, em forma triangular, e usar esse objeto como
escudo, em contato com o próprio corpo, durante nove dias. Esse método livraria
as pessoas do “mau ar” da malária e de suas subsequentes febres.
Vem das remotas tradições do
Oriente místico a narrativa das Mil e uma noites, pela qual a sábia mulher
Shéhérazade entrete, todas as noites, seu rancoroso esposo Shâriyar, sultão da
Índia. Ouvindo todas as noites os maravilhosos contos de sua esposa, Shâriyar
desiste, cada noite, do propósito de matar as mulheres com as quais se casasse.
Uma das fábulas narradas por
Shéhérazade a seu marido é a aventura de Aladim, o jovem que encontra numa
caverna uma lâmpada mágica, da qual emerge um gênio, que lhe pode proporcionar
coisas quase impossíveis, como uma imensa riqueza e um casamento com a filha do
imperador da China. A palavra abracadabra estaria ligada a esse fenômeno
sobrenatural.
A ideia de que abracadabras é uma
palavra de encantamento místico, capaz de oferecer soluções para problemas
aparentemente insolúveis, nos remete à tese do poder da palavra como veículo de
trazer à tona a coisa enunciada. Qualquer que seja a sua origem, o certo é que
ela esteve presente em diferentes momentos da história humana e as tradições
antigas dão conta de sua satisfatória utilização em benefício da humanidade.
Fonte: Internet (circulando
por e-mail e iPhones).
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