Por
Profa. Dra. Maria Lúcia Duarte Pereira
(*)
Estudar
a dinâmica das doenças infecciosas e de surtos de novas doenças é fundamental.
Para isto, a modelagem matemático-epidemiológica é um recurso que permite
avaliar como estas doenças irão se comportar e permite a elaboração de
políticas públicas a fim de minimizar o número de casos e suas consequências.
No
âmbito da doença causada pelo novo coronavirus (SARS-CoV-2), o artigo
intitulado “Estimação e predição dos casos de Covid-19 nas metrópoles
brasileiras” (SOUSA et al., 2020), publicado na Revista Latino-Americana de
Enfermagem, teve como objetivo estimar a taxa de transmissão, o pico
epidemiológico e os óbitos pelo novo coronavirus.
O
modelo utilizado chama-se SIR, pois considera três grupos para os surtos, os
suscetíveis, os infectados e os recuperados. Cada curva epidêmica desses grupos
é representada por uma equação diferencial e os termos de transição entre
grupos possibilitam estimar a taxa de transmissão da doença, ou seja, quantas
pessoas sadias uma pessoa doente pode infectar.
Assim,
ao utilizar este método com os dados da Covid-19 das nove capitais brasileiras
que apresentavam o maior número de casos nas duas primeiras semanas de infecção
comunitária no Brasil, identificaram-se taxas de transmissão da doença, número
de casos e possíveis óbitos até o octogésimo dia de infecção.
A
pesquisa em epígrafe trata-se de um estudo preditivo e os resultados mostraram
a rápida disseminação do vírus e a sua alta mortalidade. Mas também constatou
que vidas foram poupadas com o isolamento social, as medidas de prevenção e
combate ao SARS-Cov-2. Gestores de saúde organizaram os serviços a partir de
políticas públicas, como a criação de leitos hospitalares, a compra de
equipamentos médicos e a implementação de educação em saúde, para assegurar a
quarentena e distanciamento social.
Constata-se
portanto que, a pesquisa e comunicação científica têm um papel fundamental no
desenvolvimento e na prática da saúde. A formulação de políticas públicas e as
tomadas de decisão em níveis nacional, regional e global necessitam das
melhores evidências para fazer recomendações e traçar estratégias e metas para
a saúde.
(*) Docente do Curso de graduação em Enfermagem.
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Cuidados Clínicos em Enfermagem e
Saúde da Universidade Estadual do Ceará (UECE). Coordenadora do GT de enfrentamento
à pandemia do novo coronavírus da UECE.
* Publicado In: Jornal do médico
digital, 1(3): 86-7, julho de 2020. (Revista Médica
Independente do Ceará).
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