segunda-feira, 7 de março de 2022

PARA ONDE VAMOS?

Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)

No momento atual, sem querermos ser pessimistas, fatores como a globalização perversa; a busca do poder pelo poder, não respeitando princípios éticos; o fundamentalismo religioso; o corporativismo não solidário e autoritário; o capitalismo selvagem, priorizando os compromissos financeiros especulativos em relação aos gastos nos setores sociais básicos; os estelionatos eleitorais e administrativos motivados por alguns mecanismos de marketing e da falsa mídia, dentre outros elementos, estão conduzindo nações ricas, emergentes e pobres para uma crise que abrange aspectos morais, socioeconômicos, de desesperança, de irresponsabilidade, de justiça, de violência, políticos etc. Para aonde vamos? O que queremos? Eis as grandes questões do século XXI. Se o avanço científico e tecnológico, apoiado quase sempre num propósito egoísta, para certos segmentos da humanidade proporcionou melhores condições de vida, para outros não aconteceu o mesmo. Não somos contra o progresso, todavia não concordamos quando, em consequência, ocorre uma expansão no número de pessoas excluídas e oprimidas. Tais inquietações fazem nos lembrar de Gandhi: “A força de um homem e de um povo está na não violência”, bem como de Santo Tomás de Aquino: “Há homens cuja fraqueza de inteligência não lhes permite ir além das coisas corpóreas”. Precisamos, estrategicamente, pensar o futuro. Para tanto, sem preconceitos, é fundamental a leitura de filósofos e cientistas como Aristóteles, Santo Agostinho, Kant, Hegel, Engels, Ricardo, Weber e tantos outros. Cremos que a grande crise mundial é consequência do aumento do pragmatismo tático e da redução das correntes de pensamento filosófico. Assim disse Confúcio: “Se você quiser prever o futuro, olhe o passado”. Qual o modelo? Não obstante as diferenças culturais dos povos, existem características básicas que devem ser comuns: a justiça; o fim da impunidade; a perspectiva de mobilidade social; a soberania popular, evidenciada por convicções democráticas e não por forças autoritárias; também a busca permanente da paz. Nunca procuremos a subserviência para alcançarmos uma pseudofelicidade, mas sim a inquietação sincera como forma de chegar à liberdade.

(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do Ceará.

Fonte: Diário do Nordeste, Ideias.11/02/2022.

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