Brendan Coleman Mc Donald (*)
Ontem, 4 de outubro, o mundo celebrou a festa do grande
São Francisco de Assis. Francisco que nasceu na cidade de Assis no centro da
Itália, em 1182, é, sem dúvida, um dos mais atraentes santos da história da
Igreja Católica e uma das personalidades mais admiradas por outras igrejas e
até por pessoas sem religião. Com 24 anos de idade, tinha se despojado de tudo:
riquezas, ambições, orgulho, e até a roupa que usava, para pregar o ideal
evangélico de humildade, pobreza e castidade.
Quando jovem, sonhou com as glórias militares e até
participou numa guerra entre sua cidade de Assis e a vizinha cidade de Perusa.
Porém, Deus o chamava não às vaidades do mundo nem a glória militar, mas à imitação
radical da pobreza de Cristo. Enquanto meditava extasiado na igrejinha de São
Damião, pareceu-lhe ter ouvido uma voz saída do crucifixo dizendo: “Vá escorar
a minha Igreja, que está desabando”.
Com a renúncia definitiva aos bens paternos, aos 25 anos
de idade, Francisco deu início à sua vida religiosa. Vestiu um grosso hábito,
cingiu-se de áspero cordão, e tomou a resolução de viver em pobreza apostólica.
Inicialmente olhado com desconfiança, aos poucos ganhou a simpatia e a
admiração da população de sua cidade. Com doze companheiros, morando numa velha
capelinha chamada “Porciúncula” ele iniciou o extraordinário movimento
franciscano que evoluiu mais tarde em três Ordens Religiosas: A Ordem dos
Franciscanos Menores; a Segunda Ordem das Clarissas; e a Terceira Ordem para
leigos querendo viver no mundo a espiritualidade de Francisco.
Na “Oração de São Francisco”, de origem anônima,
aparecendo inicialmente em Paris, França, em 1912, e que costume ser atribuída
popularmente a São Francisco, encontramos uma estrofe dizendo: “Onde houver
dúvida, que eu leve a fé”. Foi justamente isso que São Francisco e seus
companheiros fizeram. A vida do santo é caracterizada por uma intensa pregação
e incessantes viagens missionárias, para levar às pessoas a mensagem evangélica
de “paz e bem”. Ele pregou a mensagem evangélica a todas as classes sociais e
isso foi à tarefa principal dos “irmãos menores”. Francisco disse aos seus
irmãos “Não vos incomodeis com o conceito dos homens que vos desprezam. Pregai
a penitência com toda simplicidade, confiando naquele que venceu o mundo pela
humildade”.
O santo, por humildade, nunca quis ser sacerdote. Com o
lema “paz e bem” partiu para o Oriente em 1221 sonhando com o martírio. Tentou
pregar em Marrocos, Egito e Palestina. Nesses lugares foi ouvido com respeito
pelos muçulmanos embora as conversões não fossem muitas.
É interessante notar que em 1223, Francisco celebrou o
Natal em Greccio com um presépio vivo, cantando o evangelho como diácono e
pregando animadamente. Já debilitado fisicamente pelas duras penitências,
entrou na última etapa de sua vida, que assinalou a sua perfeita configuração a
Cristo, até fisicamente, através dos estigmas: Isto é, a reprodução no seu
corpo dos sinais da paixão e morte de Cristo, recebidos sobre o monte Alverne
em 14 de setembro de 1224. Seus últimos anos de vida foram atormentados por
várias doenças que culminaram na quase total cegueira. Francisco faleceu na
tarde do dia 3 de outubro de 1226, com 44 anos de idade, e foi canonizado dois
anos depois de sua morte em 1228. Em 1939, o Papa Pio Xll, proclamando São
Francisco o padroeiro principal da Itália, disse que ele “foi o mais italiano
dos santos e o mais santo dos italianos”.
Quais são as lições que a vida de São Francisco nos
ensina? São várias, entre as quais podemos citar: humildade, a necessidade de
fazer penitência, a importância da conversão, a obrigação de pregar o
evangelho, a importância da castidade, amor e dedicação aos pobres e mais
abandonados, modéstia, a importância relativa de riquezas, a simplicidade de
vida, nossa obrigação de levar a fé onde não existe ou onde está fraco, o valor
da pobreza evangélica e a reconciliação etc. Hoje os restos mortais de São
Francisco descansam na Basílica de Assis, na Itália, decorada com os afrescos
do famoso artista e pintor Giotto di Bondone, que contam no teto da Basílica a
vida de Francisco.
(Fontes: O Santo
do Dia, Conti, Vozes, 1990; Dicionário dos Santos,Santidrián & Astruga,
Santuário, 2004; e Breve Biografia dos Santos, Org. Silva Lima, Paulus, 2012)
(*) Brendan Coleman Mc Donald é padre redentorista e assessor da CNBB Reg. NE1.
Fonte: O Povo,
Espiritualidade, de 5/10/2014. p.14.
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