Em uma cidade do
interior cearense, nos anos setenta, o médico foi despertado em casa, às três
horas da madrugada, para ir ao hospital, a fim de fazer um atendimento de
urgência. Era uma curetagem uterina pós-abortamento.
Ainda sonolento, o
médico generalista, do tipo “interiorologista”, porque fazia de tudo para
prover serviços de saúde aos cidadãos necessitados, mesmo com a limitação dos
recursos locais, levantou-se prontamente, para atender ao chamado.
Durante o
procedimento, acompanhado por uma freira e enfermeira da ordem mantenedora do
hospital, o dito médico, talvez sob o efeito do sono, deixou cair no chão a
cureta que usava. Como não havia outra esterilizada, naquele momento, o médico
apanhou-a, passou na sua bata, para seguir com a intervenção.
Nesse instante, ele
foi interrompido pela freira, que o advertiu:
– Doutor! E os
micróbios, Doutor!?
Ao que o médico
justificou:
– Irmã, numa hora
dessas, não tem micróbio acordado, não! Só os bestas, como a gente.
Por sorte, ou por
ajuda divina, a paciente teve alta no dia seguinte, bem e livre de
complicações.
* Publicado, originalmente,
In: SILVA, M.G.C. da. Medicina, meu humor! Fortaleza: Edição do
Autor, 2012; e republicado In: SOBRAMES-CEARÁ. Digno de nota. Fortaleza: Sobrames-CE/Expressão,
2014. 304p. p.210.
Nenhum comentário:
Postar um comentário