Continuando o
tema fundamental de meu último artigo neste jornal, destaco a necessidade que
temos de mudar a valorização dos nossos condicionantes políticos. E, como
acontece todos os anos, nos meses de novembro e dezembro, costumo fazer uma
análise da minha vida e de nosso país.
Tenho já dito
para vocês, em vários de meus artigos, que uma das maiores dimensões da vida é
a memória. Temos de guardar os acontecimentos, fatos, situações, sentimentos
etc., em documentos, escritos, fotos, pinturas, gravações, vídeos, DVD´s, HDs
etc., para configurar e demonstrar que existiram. Até mesmo guardando nas
nuvens, está o avanço tecnológico da computação oferecendo esta possibilidade.
Caso contrário, eles continuam a existir na nossa própria memória que, com o
aumento da idade, vão sendo esquecidos. Daí, a enorme importância das
bibliotecas, museus, centros de informações e dos órgãos de comunicação em
geral, que guardam e publicam seus dados.
Há poucos dias,
revendo meus artigos e documentos escritos em 1982, quando iniciei a escrever
neste jornal, encontrei várias declarações da situação do Brasil, falando da
nossa inquietação política, das dúvidas, da situação do país e, destacando,
principalmente, a nossa falta de liberdade. Num artigo, escrito com palavras
simples, dizia:
“O clamor do
despertar, assola a nação. Liberdade de ser, democracia de estar, na imaginação
do homem ao amanhecer. Para onde vamos agora? Quais os rumos traçados por ai
afora? Os exemplos passados explicam essa inquietação. Quem somos que não
tivemos a força devida, no momento preciso, quando toda a dúvida, iniciou tudo
confuso? Que seremos nós, se não seguirmos essa ideia de começar nova onda de
despertar, a liberdade da comunidade?”
Em outro: “O
slogan repetido mundialmente, Saúde para Todos no Ano 2000, e originário da
Conferência Internacional de Alma-Alta, será, provavelmente, uma grande falácia
em nosso país. Mais uma vez, como já aconteceu antes, iremos desmoralizar o
slogan”.
E, em mais um:
“Fala-se, novamente que o ministério da Educação prepara uma modificação da
estrutura administrativa da educação brasileira e isto me preocupa. Não que
mudanças devam causar-me medo. Mudar é a própria essência de uma sociedade
dinâmica. Tem de mudar. Mas fico preocupado, fundamentalmente, pela época,
circunstâncias pelas quais essas modificações estão sendo preconizadas e pela
própria essência delas.”
Com o passar
dos anos e vivendo experiência de muitos outros países, como representante da
OPS/OMS para educação e promoção da saúde, e com a prática desses anos
passados, fica a angustiante certeza de que estamos ainda mais carentes de uma
educação e uma saúde dignas e merecidas para os brasileiros, como já aconteceu
em vários outros países do mundo.
Necessitamos,
mais uma vez, de uma nova “liberdade” para poder pensar, escolher o mais
adequado, responder à onda de deficiências, violências, anular o vício da
corrupção, melhorar as classes sociais, na tentativa de conseguir a nossa saúde
e educação, princípios fundamentais da vida humana.
E, ao concluir,
lembro também o que tenho escrito em outras oportunidades: O universo tem nos
ensinado o valor do equilíbrio, o valor do centro, nem para a direita e nem
para a esquerda.
(*) Médico, professor e ex-presidente da Academia Cearense de
Medicina.
Fonte: O Povo,
Opinião, de 30/11/2014. p.13.
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