O jovem governador se lançou afoitamente no plano nacional remando contra a maré
A imprensa do
Sudeste noticiou, dias atrás, que os governadores petistas recém-eleitos do
Ceará, Piauí e Bahia se articularam para propor a criação de novo imposto, nos
moldes da antiga CPMF, para reforçar o caixa da saúde. Proposta nada original,
surrada. No O POVO de 5 de dezembro, a coluna política dissecou o tema, e
mostrou que o maior entusiasta da proposta é o futuro governador do Ceará.
Tão canhestra
ideia, imagino, não nasceu desses três jovens políticos. Provavelmente alguém
muito forte no Planalto – dá para imaginar quem teria sido? – lhes entregou o
balão de ensaio pronto, na surdina, e pediu que o soltassem. Gratos pela ajuda
na eleição, sem opção, aceitaram o sacrifício de confrontar a opinião pública.
Isso parece muito claro.
A estratégia não é
nova. Anos atrás, querendo reativar a CPMF extinta, Lula da Silva usou um
deputado amestrado para pendurar emenda num projeto de lei que tratava de
recursos para saúde, e mobilizou seus fantoches. Instado pela imprensa a se
pronunciar, Lula respondia invariavelmente que a proposta nasceu na Câmara, e o
problema era do Congresso.
Lamento por nosso
futuro governador. Tomando pé nos problemas do Estado, tentando ainda montar um
plano de governo... e já querendo descascar abacaxis da “presidenta”... O jovem
governador se lançou afoitamente no plano nacional remando contra a maré.
Criação de imposto novo... que ideia mais infeliz! Melhor faria se chamasse
seus pares a administrar bem os bilhões que já recebem sem esforço.
Em 2007, quando se
discutia a prorrogação da moribunda CPMF até 2011, uma pesquisa de opinião
divulgada pela Rede Globo mostrou que 95% do povo brasileiro eram contrários à
medida. No entanto, a mão mais que visível de Lula da Silva no Congresso quase
fez aprovar a aberração, não fosse a resistência heróica de alguns senadores da
oposição.
Sejamos realistas.
Não existe essa história de imposto exclusivo para saúde. Não há dinheiro
carimbado. Os impostos vão para vala comum do caixa da União, e são incluídos
no Orçamento. O dinheiro supostamente pintado com as cores da saúde não vai
necessariamente se adicionar à dotação que já estava prevista, pode simplesmente
deslocar estes recursos ou parte deles para outras paragens. Foi assim nas
outras vezes. O doutor Adib Jatene, homem sério, quando ministro da saúde fez
tal proposta. Comprou a opinião pública com sua imensa credibilidade e teve seu
desejo satisfeito. Decepcionou-se quando viu a realidade.
O povo brasileiro
está exausto, não aguenta mais impostos, além dos que já lhe sangram os ombros.
Diante da malversação desavergonhada do dinheiro público, da roubalheira geral,
falar em criação de um novo imposto, ou aumento dos já existentes, para cobrir
rombos criminosos, é uma afronta aos contribuintes sofridos. E a salvação da
saúde não era o bilionário pré-sal? Para quê CPMF?
(*)
Membro dos
conselhos de assuntos legislativos da FIEC e da CNI.
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