“Em geral não há responsabilização daqueles que
comentem falhas no exercer de suas funções”
A Organização
Mundial da Saúde (OMS) define saúde como: um estado de completo bem-estar
físico, mental e social e não a mera ausência de doença. No Brasil, estamos
muito distantes desta condição definida pela OMS, pois a luta no dia a dia das
pessoas é para conseguir pelo menos tratamento para os seus males físicos.
Ficam em segundo
plano, saúde mental, laser, moradia… , porque há falhas por parte dos governos
e também das pessoas em cuidar da saúde.
Temos que
reconhecer que houve melhorias importantes, mas mesmo assim, temos de admitir
que o nosso sistema de atenção à saúde é em muitos momentos e lugares,
deficiente, de baixa qualidade e desumano. Falta a real integração entre os
três níveis de governo.
Os níveis de
atenção (primário, secundário e terciário) não funcionam de modo integrado e
apresentam uma resolutividade abaixo do que poderiam oferecer. Observa-se déficit
de planejamento, de vigilância sanitária, de vigilância epidemiológica, de
avaliação, de controle e de treinamento e por isto há um déficit de
qualificação. Em geral, não há responsabilização daqueles que comentem falhas
no exercer de suas funções. Vivemos um momento de grande carência de pessoal
qualificado em quase todas as instituições. No sistema de saúde, as ações têm
sido, via de regra, reativas e pouco proativas.
A não priorização
do mérito e a falta de investimento em áreas prioritárias, dentro de uma
análise técnica qualificada, torna muito difícil melhorar a resolutividade do
sistema de saúde. Associado a todos os problemas mencionados, vivemos uma
epidemia de violências multifatoriais, que sobrecarregam as instituições
assistências de modo crescente. Precisamos avaliar de modo detalhado os
problemas, para que possamos propor soluções.
A alocação de mais
recursos para a saúde deve ser prioridade, em virtude de uma multiplicidade de
fatores que tornam a inflação na área da saúde bem mais alta que a inflação
financeira. Somente teremos uma saúde pública de qualidade quando cada
governante priorizar a saúde das pessoas, do mesmo modo que priorizam a sua
saúde e a de sua família.
(*) Médico
infectologista e professor Faculdade de Medicina da Universidade Federal do
Ceará. Membro da Academia Cearense de Medicina.
Fonte: Publicado In: O Povo, Opinião, de 30/5/2015. p.11.
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