segunda-feira, 23 de agosto de 2021

CEARENSIDADE

Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)

Tempos atrás, estava assistindo a um programa de televisão quando um dos participantes, com convicção, citou que as maiores expressões da intelectualidade brasileira tinham nascido em São Paulo ou em Minas Gerais. Tomei um susto e fiquei perplexo: puxa, será que a “política café com leite” está voltando! Nada contra, pelo contrário, tenho o maior respeito, admiração e reconhecimento aos irmãos paulistas e mineiros. Não há dúvida de que grandes intelectuais e estudiosos, em várias áreas, nasceram naqueles Estados da Federação. Todavia, não se deve esquecer dos outros Estados e do Distrito Federal. Creio que aquela afirmação açodada e apaixonada fez tremer no túmulo gigantes como Machado de Assis, Rui Barbosa, Graciliano Ramos, Érico Veríssimo, Cora Coralina, Humberto de Campos, Manuel Bandeira e tantos outros nascidos no norte e no sul, no leste e no oeste do nosso querido Brasil, que muito influenciaram várias gerações em nosso país. Já que nasci no Ceará, Terra da Luz, senti-me na obrigação de citar alguns nomes, dentre outros, que se destacaram no campo intelectual e social do Brasil; José de Alencar, o maior romancista do Brasil; Clóvis Bevilácqua, o maior jurista; Capistrano de Abreu, o maior historiador; Farias Brito, o maior filósofo; Rachel de Queiroz, a maior escritora; Edson Queiroz, o empresário que mostrou ser a educação a sua maior obra; Alberto Nepomuceno e Eleazar de Carvalho, dois dos maiores maestros brasileiros; Fagner e Belchior, dois dos maiores cantores e compositores; Martins Filho, o melhor reitor; Padre Cícero, símbolo de fé e esperança do povo cearense, nordestino e brasileiro. Estas personalidades, sem dúvida, marcaram de forma ímpar a formação e o espírito altivo de nossa sociedade, com ações nas áreas jurídicas, musical, filosófica, cultural, espiritual e política. Não estou rebatendo as declarações do analista “café com leite”, mas ressaltando alguns dos valores que formam a cearensidade. Anseio, com fervor, que a força, a criatividade e a solidariedade dos cearenses permaneçam, cada vez mais, voltadas para o bem e o progresso da coletividade, formando gerações que nos conduzem à paz e à justiça.

(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do Ceará.

Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 13/8/2021.

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