quarta-feira, 4 de agosto de 2021

AS MENTIRAS QUE CONTAM POR AÍ SOBRE AS VACINAS

Por André Costa (*)

Na última terça-feira, acordei cedo e na companhia de um irmão, fui ao posto de saúde Dr. Eduardo Regis Jucá, conhecido como UAPS Regis Jucá, localizada no bairro Mondubim.

Nessa unidade de saúde da Prefeitura de Fortaleza, depois de aguardar numa pequena fila, recebi a primeira dose da vacina contra o coronavírus, a Fiocruz/AstraZeneca.

Fui atendido por um competente trio de enfermeiras/servidoras públicas diligentes e bem humoradas. Para os(as) profissionais da área da saúde o que pode trazer mais satisfação que salvar vidas?

Mais que uma alegria individual e uma felicidade familiar, a vacinação contra a Covid-19 é uma vitória de quem acredita na ciência, na universalização e democratização do acesso à saúde e defende mais investimentos públicos para que a população brasileira, sem qualquer distinção de classe ou de raça, tenha o seu direito constitucional sanitário concretizado diariamente via o SUS.

É também um ato político não partidário e uma atitude de resistência individual, com repercussão coletiva, que vão de encontro às mentiras e ao negacionismo que tomaram conta de parcela de brasileiros(as), fomentados pela disseminação de notícias falsas e de notícias fraudulentas sobre diversos assuntos, dentre os quais, vacinas, urna eletrônica/voto impresso, resultados eleitorais, comportamentos/orientações sexuais, armas etc.

É o "novo" modo de exercício de poder com o objetivo de desviar nossa atenção dos temas realmente relevantes para o desenvolvimento do país.

Desconheço que a linha de frente dos(as) negacionistas ou de quem defende o tratamento precoce tenha recusado a vacinação. Quem não tem medo de morrer?

A desinformação serve para a ralé, porém, para si próprio, o melhor é seguir a ciência, inclusive, se possível, no exterior, juntando o útil ao agradável, ou via a defesa árdua do estabelecimento de grupos prioritários para serem vacinados ou da compra privada para determinados segmentos econômicos.

Esses comportamentos contraditórios demonstram o grau de coerência de quem ataca as evidências científicas.

Não bastassem as tentativas de desqualificação de quem defende a aplicação de vacinas universalmente e o distanciamento social como ações eficazes para diminuir o número de casos, as internações e as mortes - nos aproximamos de 500 mil mortos e não tem "relatório do TCU" que esconda essa necropolítica -, a novidade do momento é reestimular o desprezo ao uso de máscaras em público e aos cuidados básicos necessários para combater a "terceira onda".

É fato que a OMS já admitiu a possibilidade relaxar as medidas de precaução, mas tão somente nas localidades onde a transmissão viral é extremamente baixa, o que não é o caso do Brasil. Observe como uma informação séria é manipulada a fim de encorajar uma claque reacionária.

Contudo, não se deixe levar pelas mentiras que contam por aí. Vacinação, higienização das mãos, uso adequado de máscara e o distanciamento entre as pessoas, por mais que nos causem incômodos, é que temos, no momento, para defender nossas vidas. O resto é política da morte.

(*) Advogado. Conselheiro federal da OAB e presidente do Instituto Cearense de Direito Eleitoral.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 17/6/21. Opinião, p.21.

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