segunda-feira, 21 de julho de 2025

ESPIÃ DO MOSSAD QUE ALEIJOU O IRÃ POR DENTRO

A saga arrepiante de espionagem de Catherine Perez-Shakdam

Guisheft News via Organizer

Catherine Perez-Shakdam, uma jornalista francesa que virou espiã do Mossad, se infiltrou nos círculos de poder interno do Irã sob o disfarce de uma convertida xiita. Sua missão secreta destruiu o aparato de segurança do Irã por dentro, permitindo ataques israelenses pontuais e vazamentos de inteligência sem precedentes.

Um conto mais estranho do que a ficção está atualmente sacudindo as manchetes em todo o mundo, a história de Catherine Perez-Shakdam, uma espiã israelense do Mossad que se infiltrou no coração do Irã e ajudou a orquestrar um dos golpes mais devastadores para o regime de Khomeini na história recente.

Dois anos atrás, Catherine chegou ao Irã sob o disfarce perfeito: uma curiosa jornalista ocidental ansiosa para explorar e abraçar o Islã xiita. O que se desenrola a seguir está sendo descrito pelos círculos de inteligência como uma das operações de espionagem mais ousadas e sofisticadas do século XXI.

Sedução, Fé e Espionagem: uma masterclass em engano

Inteligente, ousada e extremamente treinada, Catherine desempenhou seu papel com perfeição. Ao entrar no Irã, ela se converteu publicamente ao Islã xiita e começou a cultivar uma personalidade de profunda devoção e curiosidade intelectual. Seu interesse no Islã parecia genuíno. Tanto que ela começou a escrever blogs para ninguém menos que Khamenei.ir, o site oficial do Líder Supremo do Irã, Aiatolá Ali Khamenei.

Mas por trás dessa fachada de fervor religioso e escrita acadêmica estava uma mulher em uma missão. Ela se infiltrou em círculos de elite, ganhando a confiança dos principais leais ao regime. Sua arma mais eficaz? Charme. Catherine fez amizade com as esposas do governo de alto escalão e dos oficiais militares do Irã, trabalhando lentamente para entrar em suas casas e vidas. De visitas sociais a conversas íntimas, ela ganhou acesso a espaços onde discussões confidenciais aconteciam livremente, assumindo que ela era uma delas.

Mapeando Alvos, Entregando a Morte: espionagem no coração do poder

Apesar da vigilância rigorosa, verificações de visitantes e monitoramento telefônico, Catherine operou em silêncio. Com nervos de aço, ela tirou fotografias, gravou conversas e mapeou as veias ocultas dos segredos de estado mais sensíveis do Irã, desde instalações nucleares e pessoal científico até os movimentos secretos dos comandantes da Guarda Revolucionária.

O Irã acreditava que estava jogando um jogo de xadrez de alto risco com Israel, constantemente movendo comandantes-chave para proteção. Mas toda vez, Israel atacava com precisão cirúrgica, como se fosse guiado por um insider. Cada ataque bem-sucedido, cada assassinato, foi assustadoramente preciso. A liderança iraniana começou a suspeitar que algo mais sombrio estava se desenrolando: alguém os havia vendido. E aquele alguém era Catherine.

O Momento da Verdade: identidade revelada, trilha fria

Quando a contra-inteligência iraniana lançou uma investigação, peças chocantes começaram a se encaixar. Fotos surgiram, imagens de Catherine com comandantes de elite, políticos e até mesmo o próprio Líder Supremo. Sua presença outrora confiante se tornou um símbolo de traição. Mas quando sua identidade foi confirmada, Catherine havia desaparecido sem deixar vestígios. Ela tinha vindo. Ela havia conquistado. Ela tinha desaparecido.

A espiã por trás do sorriso: quem realmente era ela?

Catherine Perez-Shakdam não é qualquer jornalista. Nascida em uma família judia na França, ela estudou psicologia na Universidade de Londres antes de concluir seus estudos de pós-graduação em Finanças e Comunicações. Enquanto estava em Londres, ela se apaixonou por um homem muçulmano sunita do Iêmen e se converteu ao Islã para se casar com ele. O casamento terminou em 2014.

Em 2017, Catherine ressurgiu no Irã, agora se identificando como muçulmana xiita. Seus escritos e comentários políticos sobre os assuntos do Oriente Médio logo encontraram favor com publicações baseadas em Teerã, como The Times, Yemen Post, The Guardian e, finalmente, Khamenei.ir. Sua profunda compreensão do Islã e prosa eloquente abriram portas que até mesmo jornalistas russos e chineses não conseguiram violar.

Seu charme lhe rendeu encontros com figuras poderosas, incluindo o Líder Supremo Khamenei, o ex-presidente Ebrahim Raisi e o comandante da Força Quds, Qassem Soleimani. Poucos suspeitavam que por trás desse jornalista cortês e articulado estava um agente de alto nível do Mossad. Algumas fontes iranianas até afirmam que ela escreveu conteúdo para o próprio Khamenei. Mas agora, todos os vestígios de sua presença on-line ligados ao Khamenei.ir foram limpos. Seu passado está sendo apagado, enquanto o dano que ela infligiu continua a se desfazer.

Como a Agente Fantasma do Mossad Violou o Núcleo do Irã

As ligações de Catherine com o Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica lhe deram acesso aos segredos mais íntimos do Irã. Como ex-consultora do Conselho de Segurança das Nações Unidas no Iêmen, ela já havia construído um perfil impressionante. Seus escritos sobre radicalização, antissemitismo e extremismo islâmico foram aclamados internacionalmente. Mas por trás da imagem intelectual, ela estava lançando as bases para a operação mais mortal do Mossad no Irã.

Agora, ela se foi. O Irã lançou uma caçada em todo o país. Seus pôsteres estão espalhados pelas cidades. Agências de segurança estão interrogando dezenas e executando suspeitos de colaboradores. Três homens já foram enforcados. Os cidadãos são instados a denunciar qualquer atividade suspeita. No entanto, Catherine continua sendo um fantasma.

Alguns funcionários da inteligência temem que ela já tenha alterado sua aparência e assumido uma nova identidade em outra parte do mundo, talvez continuando seu trabalho para Mossad sob um rosto diferente, um nome diferente e uma nova missão.

A arma mais indescritível de Israel: uma caneta, um sorriso, uma lista de mortes

Catherine Perez Shakdam agora ganhou uma reputação arrepiante: a espiã mais aventureira e perigosa da história de Israel. A história dela não é apenas sobre espionagem. É sobre o engano tão magistral que um regime inteiro foi levado a confiar nela, apenas para ser desmontado por dentro.

Enquanto o mundo observa, uma verdade permanece: o Irã não foi atacado de fora. Foi desfeito por dentro, por uma mulher cuja caneta escreveu para o poder e cuja mão entregou a destruição.

Fonte: Circulando em grupos de WhatsApp em 28/6/25.


O ARCO SEM FLECHA

Por Saraiva Junior (*)

O arco da aliança política liderado pelo Partido dos Trabalhadores (PT) no Ceará visa as eleições de 2026 para presidente da República, senadores, deputados federais e estaduais. Em nome desse arco de aliança inclui-se até a turma da extrema direita na vã ilusão de que os batizados de neoliberais estejam com o PT. Quem acredita que esses políticos direitistas estarão com o PT na próxima eleição?

Para o atual arco de aliança, o que importa é a permanência no poder, embora careça de um projeto estrutural que aponte mudanças significativas. Para tanto, entender a política exige a leitura das pesquisas. Por exemplo, se a questão do meio ambiente, antes defendida com garra pelo PT, não é uma preocupação do povo, especialmente das classes pobres, e não se traduz em votos, não tem por que o arco da aliança se preocupar tanto com o meio ambiente.

Ora, se as pessoas não têm a (devida) informação de que o ano de 2024 foi o mais quente já registrado, com temperatura média global de 1,55°C, também não vai acreditar em possíveis condições climáticas extremas e devastadoras com o derretimento do gelo e o aumento do nível do mar. A discussão de níveis recordes de gases de efeito estufa devido às atividades humanas talvez seja conversa fiada. Já que a maioria das pessoas é desinformada mesmo, é melhor calar a boca de alguns ambientalistas, dando-lhes cargos de confiança.

Doutra, o arco da aliança parece não perceber que a proliferação das igrejas neopentecostais nos bairros pobres beneficia a extrema direita. E o que os políticos do arco da aliança fazem? Visitam os bairros apenas no período eleitoral. E o que fazem os diretórios municipais do PT? Absolutamente nada! Sem militância organizada e sem discussões sobre moradia, trabalho, saúde, segurança, dentre outras questões, deixa a população à mercê do fanatismo religioso.

Os políticos incrustados no arco da aliança acreditam na entrega assistencialista de suas administrações como moeda de troca pelo voto. Não se preocupam sequer com a eleição de deputados federais ou estaduais, bastam os atuais, é o suficiente para manter acesa a chama da democracia. A esquerda quer que o povão salve a democracia muito mais pelo emocional do que pela consciência. Falta flecha para atingir um alvo crível.

(*) Escritor e ex-conselheiro do Conselho de Leitores de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 17/06/25. Opinião. p.16.

domingo, 20 de julho de 2025

ELIZABETH DAHER: referência estelar da nefrologia brasileira na ACM

 

Elizabeth De Francesco Daher nasceu em Fortaleza -Ceará, em 15/10/1958, filha de Salim Kamal Hanna Daher, empresário, e Maria Angelina De Francesco Daher com formação de normalista, optando por ser gestora do lar e mantenedora da capela de São Francisco de Paola (capela construída pela família em 1862, como promessa, após surto de cólera).

Elizabeth De Francesco Daher estudou a maior parte da sua formação escolar (ensino infantil, fundamental e médio) no Colégio da Imaculada Conceição, um tradicional estabelecimento de ensino confessional, mantido pelas irmãs vicentinas, em Fortaleza, nos anos de 1963 a 1976. Na adolescência foi campeã de tênis, e teve oportunidade de, aos 15 anos de idade, participar de intercâmbio estudantil no estado de Michigan, nos EUA por 6 meses.

Ingressou no Curso de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC) em janeiro de 1977, concluindo-o em 1982. Durante a graduação, estagiou como bolsista concursada, no Hospital São José de Doenças Infecciosas e participou como voluntária da monitoria da disciplina de Clínica Médica e bolsista do Programa de Iniciação Científica sobre Imunidade Celular na Produção das Glomerulonefrites. Em 1982, enfrentou o desafio de fazer seu Internato Médico no Hospital Jackson Memorial da Universidade de Miami, oportunidade propiciada pelo Programa latino-americano desta instituição norte-americana.

Dra. Elizabeth De Francesco Daher cumpriu Residência Médica em Clínica Médica e em Nefrologia no Hospital das Clínicas de São Paulo (1984-1987).

Estendeu a sua permanência em São Paulo-SP, para cursar o Mestrado em Medicina Clínica, área de concentração Nefrologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo-USP) (1987-1992), concluído com a defesa da dissertação “Estudo prospectivo da função renal no tétano em humanos, orientada pelo Prof. Dr. Emmanuel de Almeida Burdmann.

A esse tempo, na capital paulista, foi médica assistente, como plantonista, do Hospital Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (1987-1991), do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (1989-1991) e do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo (1989-1991).

Retornou a Fortaleza, em 1992, ao ser aprovada em concurso de médico da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (SESA), sendo lotada no Hospital Geral de Fortaleza, onde trabalhou como preceptora do Serviço de Nefrologia até a sua aposentadoria funcional em 2016.

Ingressou, em 1993, mediante concurso público de Professor Assistente do Departamento de Medicina Clínica da Faculdade de Medicina (FAMED) da UFC, galgando os passos da carreira acadêmica de Professora Adjunta e de Associada, culminando, com a progressão a Professora Titular, aprovada em 2017. Atualmente, é Professora Titular de Clínica Médica, Nefrologia e Semiologia, em regime de dedicação exclusiva, lotada no Departamento de Medicina Clínica e professora orientadora do programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas (CAPES nota 6) do Departamento de Medicina Clínica da Faculdade de Medicina da UFC. Desde 2003, coordena a disciplina opcional “Temas de Atualização em Nefrologia”.

Voltou a São Paulo-SP, em 1996, para cursar o Doutorado em Medicina Clínica, área de concentração Nefrologia, da Universidade de São Paulo (USP), concluso em 1999, com a defesa e aprovação da tese “Avaliação da função renal a longo prazo em pacientes com insuficiência renal aguda associada à leptospirose”, tendo por orientadora: a Profa. Dra. Regina Célia Rodrigues de Moraes Abdulkader.

No seu vínculo funcional com a UFC, iniciado em 1993, assumiu os seguintes encargos: Vice-coordenadora do mestrado em Clínica Médica da Faculdade de Medicina (1999 a 2001); Subchefe do Departamento de Medicina Clínica (2001-2003); Membro efetivo do Comitê de Ética em Pesquisa do HUWC (2009-2011); Membro do Conselho Curador da (2009-2018); Coordenadora da Medicina I - Pró Reitoria de Pós-Graduação- PIBIC (2009-2018); Membro do Comitê Interno, na área de Medicina I, do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica, do PIBIC/CNPq/FUNCAP/UFC (2009 a 2018); Chefe clínica do Serviço de Nefrologia do HUWC (2006-2010); Vice-coordenadora da Faculdade de Medicina (2010-2018); Coordenadora do Internato da Faculdade de Medicina (2010-2018); Coordenadora do Pró-Ensino da Pós-graduação da Ciências Médicas (2011-2016); e Pró-Reitora de Extensão (2019-2023).

Médica concursada do Hospital Geral de Fortaleza desde 1993, participou da criação da Residência Médica em Nefrologia em 2007, atuando como preceptora até o final de 2015 e contribuindo de forma significativa para a formação de diversos médicos nefrologistas.

Em 2000, a Profa. Elizabeth Daher participou do processo de implantação do novo currículo da FAMED/UFC, trabalho que culminou com a elaboração das Diretrizes Nacionais Curriculares para os Cursos de Medicina em 2001.

É professora voluntária assistente (Voluntary Assistance Professor) do Programa Latino-americano da Universidade de Miami (University of Miami), desde 1999. Até 2018, entrevistou e encaminhou mais de 200 alunos da FAMED/UFC para a realização desse intercâmbio internacional. É tutora da UFC do programa International Federation of Medical Students (IFMSA), iniciado 2015.

Em 2014, a Profa. Elizabeth Daher teve a oportunidade de participar também da revisão do Regimento do Internato e organização da primeira e segunda edição do “Teste do Progresso” para os alunos da FAMED/UFC.

Como parecerista ou consultora institucional, exibe a seguintes participações: Membro da comissão de análise e julgamento da área de Medicina I do Prêmio Capes de tese Edição 2012; Membro da comissão de avaliação do Prêmio CAPES 2010 e 2012; Membro da comissão de avaliação trienal da proposta de novos cursos CAPES-2011; Membro da comissão de análise e julgamento da área de Medicina I do Prêmio Capes de Tese Edição 2015; Membro da comissão de análise de itens (CAI) do Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos expedidos por Instituições de Educação Superior Estrangeiras-REVALIDA-2012, INEP; Parecerista “ad hoc” do Programa Pesquisa para o SUS: saúde-PPSUS na UF do Piauí-2013; Consultora “ad-hoc” da FACEPE - Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco 2013 e 2022; Parecerista “ad-hoc” da FUNCAP Câmara de Avaliação do edital INOVAFIT 2016 e 2017.Edital Universal 2016.

A Profa. Elizabeth Daher é bolsista pesquisadora do CNPq Nível 1 D, desde 2008, e líder de grupo de pesquisas inserido do Diretório do CNPq. De 1995 a 2023, constam 47 projetos de pesquisa cadastrados. Desenvolve pesquisa na área de Medicina I com ênfase em Nefrologia, principalmente relacionada ao tema Nefropatia nas Doenças Tropicais (leptospirose, leishmaniose visceral, dengue. chikungunya, hanseníase, esquistossomose) com foco na avaliação de mecanismos de lesão renal e análise da performance de novos biomarcadores renais, endoteliais e inflamatórios no diagnóstico e prognóstico em diversos contextos clínicos, sobretudo em doenças tropicais.

Entre 1988 e 2024, publicou um total de 259 artigos, com uma média de sete artigos publicados por ano, e destes, 241 estavam indexados à base de dados internacionais com 5.280 citações. De 2008 a 2024 seu grupo de pesquisa publicou em anais e suplementos mais de 479 trabalhos sobre Nefrologia Tropical apresentados em congresso nacional e internacional.

Em seu currículo da Plataforma Lattes, atualizado em 6/04/2025, a Profa. Dra. Elizabeth De Francesco Daher contabiliza as cifras seguintes: artigos publicados em periódicos indexados de circulação internacional (268), publicações em anais de congressos (484), capítulos de livros (63) e livros publicados (4). Possui 55 (cinquenta e cinco) resumos publicados em anais de congressos e apresentou 282 (duzentos e oitenta e dois) trabalhos em eventos científicos. Organizou seis congressos e teve participação em mais de 200• eventos científicos. Proferiu 272 conferências e palestras, com apresentação de trabalhos, em eventos nacionais e internacionais. De seus trabalhos, resultaram muitas citações em: Web of Science (2.593), SciELO (4.330), SCOPUS (4.330) e ResearchGate (5.861).

É referência a nível internacional em pesquisa clínica com um total de mais de cem artigos publicados relacionados às doenças tropicais. Em 2018 publicou um livro de intitulado e em 2020 a versão atualizada em inglês Tropical Nephrology”.

É membro de corpo editorial da Revista Eletrônica Pesquisa Médica, do Jornal Brasileiro de Nefrologia e da Revista Extensão em Ação, além de parecerista ad-hoc de 32 (trinta e duas) outras revistas científicas.

A sua participação em bancas examinadoras se expressa com as seguintes cifras: concursos públicos para professor (20, sendo uma em comissão julgadora para Professor Titular), qualificação e conclusão de doutorado (52), qualificação e conclusão de mestrado (74) e trabalhos de conclusão curso (27).

Respondeu por quase uma centena de orientações, a saber: iniciação científica (51), monografia de conclusão de curso de especialização (9), dissertações de mestrado (25), tese de doutorado (12) e supervisão de Pós-doutorado (2).

Também é bem expressiva a atuação da Profa. Elizabeth Daher em atividades de extensão. Em 2003, fundada a liga de Nefrologia, em 2009 foi criada a liga de prevenção da doença renal, e em 2016 formado o grupo de prevenção da doença renal pelo uso de anabolizantes, excesso de vitamina ADE e sobrecarga proteica nas academias. Ela coordena duas ligas de extensão que já receberam dez premiações, quase todas em 1º lugar, no “Liga sem Fronteiras”, nos Congressos Brasileiros de Nefrologia, com Título de Menção Honrosa.

De 1997 a 2017, foi professora homenageada por 27 (vinte e sete) turmas de médicos concludentes da FAMED/UFC, tendo sido a patrona em três delas (2011, 2015 e 2017), a paraninfa em 2014 e deu seu nome à turma de 2013. Foi a oradora docente oficial de quatro solenidades de Colação de Grau dessas turmas.

A Profa. Dra. Elizabeth De Francesco Daher foi aquinhoada com as seguintes honrarias: 3° Prêmio Inovação Medical Service - Novos caminhos em Saúde Pública-categoria Medicina Tropical, Medical Services - Sanofi (2013); Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o SUS (2015); agraciada com a Medalha de Honra ao Mérito do Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará (2017); Prêmio Jabuti 2021 - Livro Brasileiro Publicado no Exterior, Câmara Brasileira de Livro (2021); Top 10.000 Scientists BRICS, AD Scientific Index (2021); Prêmio Oswaldo Ramos, a maior homenagem da Nefrologia nacional, concedido pela Sociedade Brasileira de Nefrologia no XXXI Congresso Brasileiro de Nefrologia (2022); PPGCM-UFC - 18 pesquisadores da UFC que despontam na lista dos mais influentes do mundo, Elaborada pela Universidade de Stanford (USA), revista Plos Biology do grupo Elsevier ano 2022 (2023); UFC: 15 pesquisadores são mencionados na lista de mais influentes da Universidade de Stanford, matéria do O POVO de 3/10/2024 também no portal da UFC, https://www.ufc.br/. Ao todo, coleciona mais de meia centena de reconhecimentos e premiações, tendo auferido cinco vezes o prêmio de melhor trabalho científico apresentado.

Tem experiência na área de Medicina, com ênfase em Nefrologia, atuando principalmente nos seguintes temas: lesão renal aguda, doença renal crônica, glomerulopatias, doenças tropicais e infecciosas.

Dentre as entidades associativas que ela se vincula, comporta assinalar: Título de Especialista em Nefrologia, Sociedade Brasileira de Nefrologia (1992); Presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia - Regional Ceará (2009-2014); Vice-presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia (2013-2015); Presidente do XXX Congresso Brasileiro de Nefrologia (2020). Atualmente, é membro do Departamento de Ensino e Titulação da Sociedade Brasileira de Nefrologia, desde 2010, e do International Society of Nephrology.

Casada com o major engenheiro militar e professor da UFC José Ademar Gondim Vasconcelos, o casal tem um filho Paulo Salim Daher Vasconcelos, engenheiro eletricista, mestre pelo ITA e UFC, e doutorando do Centro de Tecnologia da UFC.

Eleita em 20/02/2024, sob o número acadêmico 145, tomou posse na Academia Cearense de Medicina (ACM) em 17/05/2024, assumindo a Cadeira 7, patroneada por Virgílio de Aguiar, e anteriormente ocupada por Alberto Lima de Sousa, que passou para a categoria de membro titular resignatário, sendo recepcionada pelo Acad. José Glauco Lobo Filho.

Cons. Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Membro Titular da ACM – Cad. 18

* Publicado In: Jornal do médico digital, 21(192): 24-30, junho de 2025. (Revista Médica Independente do Ceará).

O Sagrado Coração de Jesus: um refúgio de amor e misericórdia

Por Pe. Reginaldo Manzotti (*)

O Sagrado Coração de Jesus é, sem dúvida, um dos símbolos mais poderosos e reconfortantes da tradição cristã. Quando pensamos no coração de Jesus, não estamos apenas imaginando um órgão físico, mas sim um símbolo profundo que representa o amor incondicional e a misericórdia divina que se derrama sobre toda a humanidade. Essa devoção, que tem raízes nas Escrituras e nos ensinamentos da Igreja Católica, convoca-nos a uma reflexão serena sobre a natureza do amor divino e sobre como podemos ser receptores desse amor em nossas vidas.

O Sagrado Coração de Jesus, com sua chama viva, é um reflexo do amor de Deus que arde por todos nós. Ele é um convite ao perdão e ao entendimento. Não importa o que tenhamos feito ou deixado de fazer; o Coração de Jesus continua a nos chamar, oferecendo-nos consolo e acolhimento, como um abraço caloroso e eterno.

Quando Jesus disse: "Vinde a mim, vós que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei" (Mt 11,28), Ele estava falando diretamente para cada coração abatido. O Sagrado Coração é, na essência, esse alívio prometido.

O Coração de Jesus, que arde de amor e foi transpassado por nossa culpa, nos chama a viver a misericórdia. Ele nos convida a perdoar os outros assim como fomos perdoados. Não é um perdão fácil, mas é um perdão que cura, que liberta e que traz paz ao coração.

Quando as dificuldades da vida nos ameaçam, o Sagrado Coração de Jesus nos convida a confiar plenamente na providência de Deus. Ele nos lembra que o amor de Deus nunca nos abandona, mesmo nos momentos mais desafiadores.

O exemplo de Cristo é claro: o verdadeiro amor exige sacrifício. E, Seu Coração nos ensina a generosidade, a doação de nós mesmos em prol dos outros, seja em nossos laços familiares, em nosso trabalho ou nas nossas interações cotidianas.

O Sagrado Coração de Jesus carrega consigo um simbolismo muito rico e profundo. Cada elemento que o acompanha tem um significado espiritual que nos convida à reflexão e ao crescimento interior.

A chama do Coração de Jesus simboliza o amor ardente de Deus por nós. Este fogo nunca se apaga, nunca esfria, sempre está vivo, brilhando intensamente. Ele nos convida a deixar que esse amor ilumine nossas vidas, dissipando as sombras da dúvida, do medo e da desesperança.

A coroa de espinhos que envolve o Coração de Jesus representa o sofrimento que Ele experimentou por nós. Não é um símbolo de dor sem sentido, mas uma lembrança de que o amor verdadeiro muitas vezes exige sacrifício. Esse sacrifício é uma expressão máxima do amor que Jesus tem pela humanidade, um amor que vai até as últimas consequências, até a cruz.

A ferida no lado do Coração de Jesus é também significativa. Ela é um lembrete de Sua morte na cruz, quando um soldado, ao perfurar Seu lado, fez com que do Coração de Jesus jorrassem sangue e água. Para os cristãos, isso é um símbolo da purificação e da graça que fluem do Coração de Jesus, como fonte que nunca se esgota, sempre disposto a renovar e purificar.

Em nossa caminhada de fé, que possamos sempre voltar ao Coração de Jesus, buscando refúgio e força, e permitindo que Seu amor transforme nossas vidas. E, ao acolhermos esse amor, que possamos espalhá-lo pelo mundo, tornando-o mais acolhedor, mais generoso e mais cheio de misericórdia.

(*) Fundador e presidente da Associação Evangelizar é Preciso e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe, em Curitiba (PR).

Fonte: O Povo, de 14/06/2025. Opinião. p.18.


sábado, 19 de julho de 2025

Leão XIV chega para renovar caminhos

Por Roberto Macedo (*)

No meu artigo mais recente (12/05), expressei a expectativa de que o Papa Francisco fosse substituído por alguém capaz de seguir o tempo da sua fé; uma fé renovadora da Igreja pela convocação de católicos e cristãos em geral para estarem mais próximos e atuarem fundamentados no amor, o primado de Cristo na sua vida terrena.

Em uma eleição, que foi a mais rápida no último século, tivemos a atuação direta do Espírito Santo na escolha do cardeal Robert Prevost para dirigir a Igreja nos próximos anos.

A rapidez com que ele se definiu como Leão XIV, revela também o quanto estava inspirado e pronto para a nova função, expressando o que já era e fundamentado na Encíclica Rerum Novarum (Das Coisas Novas) do papa Leão XIII, que aborda questões econômicas e defende justiça social, dignidade do trabalhador e a necessidade de salários justos.

Originário dos Estados Unidos, nas últimas duas décadas Prevost dedicou-se a um país latino-americano, o Peru. Nasceu com o coração voltado para a difusão do amor de Deus a todos os humanos, independentemente de religião. Com palavras simples, o novo papa vem buscando, desde o primeiro instante em que assumiu, se fazer entender nos seus pensamentos, argumentos e ações.

Resumiria suas qualidades em uma palavra: Renovador. Leão XIV é essencialmente renovador. Pela profundidade do conhecimento que tem da complexa estrutura da Igreja, ele já iniciou o aprimoramento da sua governança, colocando responsáveis em áreas de grande importância para fazerem a renovação juntamente com ele.

A difícil situação do mundo contemporâneo requer mesmo um líder espiritual que seja respeitado o suficiente para influenciar os dirigentes mundiais, bem como a toda a humanidade, de maneira que cada um possa respeitar o outro e se fazer respeitar na construção de uma vida em harmonia, com menos egoísmo e mais sensibilidade para entender e lidar com as diferenças humanas.

Graças ao amor de Deus pela humanidade, estamos felizes com a chegada do papa Leão XIV. Com ele, podemos alimentar nossas esperanças pela renovação dos caminhos ue nos levem a um mundo melhor.

(*) Empresário.

Fonte: O Povo, de 9/06/2025. Opinião. p.18.

Camilo dá outro 'tapa' no Centro-Sul cearense

Por Honório Bezerra Barbosa (*)

O ex-governador e atual ministro da Educação, Camilo Santana, anunciou, recentemente, em Barbalha, a liberação de R$ 69,8 milhões para construção e implantação de um campus da Universidade Federal do Cariri (UFCA) a partir da instalação de mais de uma dezena de cursos superiores nos próximos três anos.

Já frisamos neste espaço, em artigo anterior, que desde a redemocratização brasileira, a partir da Constituição Cidadã de 1988, os sucessivos governos estaduais têm priorizados as regiões Norte (Sobral) e o Cariri cearense (Crato, Juazeiro e Barbalha) como receptáculo de investimentos vultosos, tornando-se, portanto, dois polos de desenvolvimento do interior.

A cidade de Iguatu é polo da região Centro-Sul do Ceará e nas últimas quatro décadas, com raras exceções, tem ficado à margem de investimentos do governo estadual. Na verdade, a região como um todo, que integra a macrorregião do Cariri, isto é, o Sul cearense.

De acordo com o Ministério da Educação, o novo campus será vinculado à Faculdade de Medicina e vai ofertar inicialmente três cursos (em fase de regulamentação) - Psicologia, Farmácia e Terapia Ocupacional.

Ainda segundo a pasta, mais 11 cursos serão integrados no decorrer dos próximos três, quatro anos, na área de saúde: gestão hospitalar; fonoaudiologia; fisioterapia; educação física; biomedicina; nutrição; enfermagem; engenharia biomédica; tecnólogo em histotecnologia; e tecnólogo em vigilância em saúde.

Aqui cabe a indagação: por que não ocorrer a descentralização desses cursos a partir da implantação de um segundo campus na região Centro-Sul cearense? Fica, dessa forma, a sugestão, por entendermos que cabe à Universidade Federal do Cariri expandir a oferta de cursos além do perímetro Crajubar (Crato, Juazeiro e Barbalha), como é conhecida junção dessas três cidades em uma verdadeira área conurbada.

Para reforçar os nossos argumentos lembramos que no final do seu governo, Camilo Santana autorizou ampliação de cursos da Universidade Estadual do Ceará (Uece) no interior, mas esqueceu de Iguatu, onde há 40 anos funciona a Faculdade de Educação, Ciências e Letras (Fecli), unidade da Uece, que não recebeu nada.

A educação tem papel fundamental no desenvolvimento regional. A história nos aponta como bons exemplos as mesmas cidades aqui já referidas: Sobral, Crato e Juazeiro do Norte. Daí a importância de outras regiões serem atendidas, rompendo com uma postura antiga centralizadora.

(*) Jornalista e bacharel em Direito. Colunista de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 14/06/25. Opinião. p.18.

sexta-feira, 18 de julho de 2025

UMA SANTA CASA SEMPRE ATUANTE

Por Vladimir Spinelli Chagas (*)

Os que fazem a Santa Casa assumem uma missão de vida: a de se dedicar, com afinco, independentemente de dificuldades, a atender da melhor maneira possível àqueles que ali buscam mitigar suas dores.

São vários os exemplos que repercutem no meio da Medicina, como o destaque no Bundle de Controle de Infecção do Trato Gênito-urinário, pela sua equipe técnica do Projeto Saúde em Nossas Mãos, em parceria com o Hospital da Beneficência Portuguesa.

Com preocupação também com meio ambiente, a Santa Casa de Fortaleza recebeu certificação da redução da emissão de gases de efeito estufa (GEE), concedido pela Comerc Energia e Sinerconsult.

A atenção superior que é dada a cada paciente, por parte de todo o seu corpo de servidores, rendeu-lhe a Certificação pela Avaliação Nacional das Práticas de Segurança do Paciente, concedido pela Anvisa e Núcleo de Segurança Sanitária,

A demonstração do seu compromisso com a implementação de ações e estratégias para a promoção da segurança e a transfusão segura no Estado do Ceará, foi reconhecida quando da participação no Patient Blood Management (PMB), promovido pelo Hemoce.

Ainda mais, foi oficialmente credenciada no programa Capacita Brasil/C-Jovem, que selecionou 350 empresas em todo o país para receber 1.100 jovens talentos da área de tecnologia. A participação se dá em dois projetos inovadores, voltados para a captação de recursos e melhorias de processos, sempre com foco no cuidado à população.

Para isto, a Santa Casa de Fortaleza zela por continuar sendo uma instituição que se moderniza e se preocupa com a qualificação dos seus profissionais de saúde. Exemplo recente foi a inauguração do Laboratório de Habilidades Clínicas e Cirúrgicas, voltado para aprimorar a formação prática de acadêmicos de medicina, estagiários e residentes médicos, além de seus próprios profissionais, mais uma vez visando a segurança e a qualidade no atendimento aos pacientes.

Assim, ano após ano desses seus 164 anos de existência, a Santa Casa de Fortaleza nunca deixou de inovar e ousar, com pioneirismo, enriquecer a Medicina cearense, da qual é o berço.

(*) Professor aposentado da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do CRA-CE. Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 16/06/25. Opinião. p.20.


Crônica: “O homem que consertava tudo, tirante elas...” ... e outros causos

O homem que consertava tudo, tirante elas...

Elas são formidáveis, mas, devassar-lhes as engrenagens da alma e as válvulas do coração, não é pra qualquer buchudo. Zé Alonso, gênio da raça, desses que apenas um surge em dois milhões, que o diga. Jamais conseguiu entendê-las, tiquinho assim. E olha que foi barbeiro afamado, vendeu carvão na lata feito Abílio Diniz, fazia bem feito tudo que lhe entregassem aos cuidados. Com mulher, no entanto...

A categoria inigualável fez de Zé Alonso técnico das coisas reconhecido até fora do Planeta. Botou oficina mecânica e fez dinheiro no rodo, reparando motor de carro, ignição e tabelier. Com mulher, todavia...

Sete casamentos, sete chifres levou. Sete filhos teve, sete sogras peitou. Em sete décadas de vida, a certeza de que, exímio técnico de tudo enquanto, Zé Alonso sequer uma vez errou. Sobre esse mecânico e técnico e gênio símbolo de São Gerardo, é Leda Sete Lapadas que dá o veredicto:

- Máquina quengada era com ele. Só não consertava muié!

A força do nome Antônio

Alegria reencontrar seu Bezerra. Quase cinco anos sem a gente se ver, e eu ainda lembrava que ele tinha três filhos de nomes diferentes. Perguntei pelos pivetes, que acreditava já contassem mais de dez anos. E ele, natural de Baturité...

- O mais velho, Ivanzim (de batismo se chama Van Damme), tá um poldo! O do mêi tá uma graça. Nêgo (Schwarzenegger) é um menino de ouro!

Emendando o bodejado, contou do terceiro, que acabara de inteirar oito anos:

- O Stalone é uma bola de gordo. Mas agora tem o novim, que nasceu ontonte...

- De vera?

- De vera! A mulher, depois dos 40, se invocô-se e pariu esse derradeiro!

Vieram-me à mente, de imediato, diversos famosos briguentos de Hollywood. Esperei seu Bezerra falar Chuck Norris, Steven Seagal, Bruce Lee... Qual nada! Olhe o que ele disse:

- É Ontonho...

Antõe Carlo, pense num caba fêi!

Agora, multiplique por 8! Um cascabui véi excomungado, o Antõe Carlo. E aí, a nova vizinha dele, dona Coli, meio cega, chega perto, crendo conhecê-lo dalgum lugar. Olha o sujeito de riba abaixo, dá uma voltinha em torno e fala:

- Você parece uma pessoa...

- Mas eu sou uma pessoa!!!

Nos tempos do glorioso Cearazinho (era o meia-esquerda do time), teve por treinador, por um jogo apenas, o Joman, fino ladrão de galinha do Campo do Pio. Joman era conhecido. Um dia, na falta absoluta de um técnico de futebol de responsa nas redondezas, o elemento se aventurou, malgrado a grita geral, e ganhou o posto. Logo no primeiro jogo, o Cearazinho perdeu de acachapantes 12 a 0 prum time só de meninos de 13 anos pra baixo. Foi quando, ao final da partida, o Antõe, do alto da moral que também não tinha, detonou:

- Professor Joman, o senhor pode até ser um grande ladrão de galinha, mas, como treinador, é caldo de bila!!!

Fonte: O POVO, de 20/06/2025. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.

quinta-feira, 17 de julho de 2025

NOVOS CORTES NA EDUCAÇÃO?

Por Sofia Lerche Vieira (*)

No debate sobre como elevar a arrecadação em meio à crise suscitada pelo aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), estão cortes nas despesas federais em saúde e educação. Este é um tema recorrente - sempre que parece faltar dinheiro público é para estas áreas que a mira de burocratas e políticos se direciona.

Na educação, há cerca de 30 anos - primeiro com a criação do Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério) e, depois, do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) - se assegurou recursos para a educação básica e, neste contexto, a valorização de seus profissionais. Em 2020, com a aprovação de um Fundeb de caráter permanente, criou-se um mecanismo o VAAR (Valor Aluno Ano Resultado) que, em tese, visa assegurar a eficiência do gasto público neste setor.

O Brasil tem dado largos passos desde a implementação de políticas que aumentaram a capacidade financeira de estados e municípios para investimentos na educação básica. A melhoria da qualidade dos sistemas tem sido associada a bons resultados em avaliações de larga escala e mensurada através do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Este, por certo, não é o único instrumento de aferição de qualidade dos sistemas educacionais, mas, por outro lado, permite compreender e comparar o desempenho de estados, municípios e escolas.

Foi nesse cenário que o Ceará passou a atenção nacional e internacional pela experiência de alfabetização na idade certa, iniciada em Sobral e espraiada para os demais municípios, 78,8% dos quais cumprem e/ou ultrapassam as metas do Ideb. Alguns deles, conquistaram as primeiras posições no Ideb nacional de 2023, a exemplo de Pires Ferreira, Jijoca de Jericoacora, Independência, Coreaú Mucambo, Novo Oriente, Deputado Irapuan Pinheiro, Ararendá e Catunda, dentre outros. Tais resultados, relacionados a políticas consistentes, demandam novos olhares sobre a relação entre economia, educação e a dinâmica das desigualdades. Cortes resolvem?

(*) Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 16/06/25. Opinião. p.20.


AS FLORES

Por Patrícia Soares de Sá Cavalcante (*)

Tinha o hábito de, ao sair da escola com meus meninos e minha sobrinha, parar em um canteiro para pegar florzinhas. Eles enchiam os bolsos da farda e chegavam em casa tão alegres, distribuindo ternura para quem estivesse por perto, que o meu conflito sobre se era um erro diminuir as flores do canteiro amenizava.

Certa vez, estava apressada e não fizemos o que era de costume. A Marina logo disse:

- Mamãe, e as florzinhas?

- Minha filha, hoje não vai dar tempo.

Um pranto inconsolável começou. No carro, fui tentando acalmá-la. No começo, achei que podia ser birra, mas era um choro tão sofrido, daqueles que apertam o coração de qualquer mãe. Com os olhinhos vermelhos e marejados, ela disparou:

- Eu quero a Sara!

A Sara, prima-irmã, tinha ido recentemente morar em São Paulo. Meu Deus, como é que logo naquele dia não parei para pegar as flores? Já estava na Padre Antônio Tomás quando avistei as mesmas flores no canteiro central. Sem pensar, no sinal vermelho, rapidamente abri a porta e colhi às pressas, sem culpa, um ramalhete enorme.

- Pronto, meu amor, aqui estão.

Pois bem, lembrei esse episódio ao ler, há poucos dias, um texto do Freud. Ele descreve sua surpresa diante de um amigo poeta que não conseguia extrair alegria da beleza das flores. "Tudo aquilo que, em outra circunstância, ele teria amado ou admirado, pareceu-lhe despojado de valor por estar fadado à extinção. A questão é que, diante da efemeridade do que é belo, o valor de toda essa perfeição é determinado somente por sua significação para nossa própria vida emocional, não precisa sobreviver a nós; independe, portanto, da duração absoluta."

Aos meus olhos, as flores são belas, delicadas e, mesmo que durem poucos dias, não deixo de me surpreender e me encantar com o desabrochar de uma delas. Em uma quadra singela e profunda, Fernando Pessoa escreveu: "Dizem que as flores são todas palavras que a terra diz." Para mim, uma dessas palavras que a natureza nos oferece é saudade. E, quando vejo a felicidade das meninas em cada reencontro, eu me emociono e lembro que, mesmo em sua transitoriedade, as flores têm uma capacidade enorme de renascer, muitas vezes, em um solo mais fértil.

(*) Médica psiquiatra.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 17/06/2025. Opinião. p.16.

quarta-feira, 16 de julho de 2025

Instituto do Câncer começa atendimentos de radioterapia em unidade da Santa Casa

Por Gabriela Monteiro, jornalista de O Povo

Serão 70 atendimentos por dia no equipamento anexo à Unidade Especializada São Vicente de Paulo, na Parangaba

Com a oferta de 70 tratamentos diários, o Instituto do Câncer do Ceará, da Rede ICC Saúde, começou os atendimentos de radioterapia na Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza. O serviço é disponibilizado em unidade anexa à Unidade de Saúde Especializada São Vicente de Paulo, na Parangaba.

O novo formato de atendimentos é resultado de uma parceria da Santa Casa com a Rede ICC Saúde, que garante a integralidade do atendimento oncológico, com o atendimento realizado por uma equipe multidisciplinar.

Conforme o provedor da Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza, Vladimir Spinelli, os encaminhamentos para o serviço de radioterapia começarão agora, mas reforçou que a Santa Casa ainda não está recebendo novos pacientes.

"Nós fizemos um convênio com o ICC para que ele fizesse a gestão do equipamento. Eles têm seis equipamentos e nós tínhamos um, então caso viesse a ter um problema com o maquinário para nós era mais difícil porque não tínhamos como mandar o paciente para outro lugar. Então buscamos essa parceria com o ICC e tem sido uma parceria tranquila", comentou o provedor.

Desde 2024, a gestão do serviço de Radioterapia da Santa Casa é gerida pelo Instituto do Câncer do Ceará. Ao O POVO, o diretor de estratégia da Rede ICC, Pedro Meneleu, detalhou que longo destes últimos meses, o ICC se dedicou em preparar a montagem do Acelerador Linear, maquinário que será usado nos tratamentos de radioterapia — o que aconteceu logo após a liberação do Comissão Nacional de Energia Nuclear, órgão responsável pela liberação do uso das máquinas.

"O maior benefício que os pacientes terão com esse acesso ao equipamento gerido pelo ICC é a garantia do tratamento integral e integrado. Então ao longo de todo o tratamento, o paciente terá assegurado todos os cuidados que ele precisar, desde a radioterapia, até os outros serviços que ele venha a precisar, já que trabalhamos com uma equipe multidisciplinar", detalha.

Meneleu diz ainda que a capacidade operacional de um acelerador linear é de 70 a 80 tratamentos diários, atingindo sua eficiência operacional plena. "A ideia é que toda a eficiência operacional seja transformada em cuidado e que o paciente tenha de fato um bom tratamento".

Ao assumirmos o serviço na Santa Casa, reafirmamos nosso compromisso de oferecer tratamentos oncológicos de alta qualidade e integralidade para todos os pacientes, conectados a uma linha de cuidado que contempla tudo o que for necessário — do diagnóstico à cirurgia, quimioterapia e radioterapia com tecnologia avançada, proporcionando tratamentos mais precisos, com menos efeitos colaterais e maior qualidade de vida, especialmente para os que mais necessitam”, destaca o presidente da Rede ICC e cirurgião oncológico Dr. Sérgio Juaçaba.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 16/07/2025. Cidades. p.15..


Os resultados do Programa Ceará Mais Digital

Por Alexandre Sobreira Cialdini (*)

A palavra startup, originária da língua inglesa, combina os termos: start (começar) e up (para cima). Assim, são compreendidas como empresas que já nascem em ascensão, baseadas em inovação, disrupção e escalabilidade — ou seja, com alto potencial de crescimento e alcance.

Historicamente, a busca por soluções tecnológicas tem impulsionado avanços econômicos e sociais. De acordo com uma pesquisa recente da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) - disponível em https://www.oecd.org/en/publications/oecd-science-technology-and-innovation-outlook_25186167.html-, há forte presença das universidades na gestação e incubação de startups. O estudo revela que, a cada dez iniciativas do tipo nos países da OCDE, sete são fundadas por acadêmicos.

Essas startups acadêmicas representam uma oportunidade única de transformar descobertas científicas em soluções de mercado, com amplo impacto social. Conforme os dados divulgados, entre 2010 e 2021, essas empresas tiveram 70% mais chance de obter financiamento e apoio por meio de programas de assistência, como aceleradoras e incubadoras. O valor gerado por essas empresas equivale quase ao Produto Interno Bruto (PIB) de uma economia do G7 – grupo formado por Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos.

Em 2021, os investimentos em startups superaram US$ 600 bilhões. O número de “unicórnios” — startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão — já ultrapassa mil e segue crescendo. Nesse cenário, o Estado busca protagonismo com o Programa Ceará Mais Digital. A Secretaria do Planejamento e Gestão (Seplag-CE), em parceria com a Fundação Demócrito Rocha e a Casa Azul, realizou concurso para premiar startups que tivessem como foco a governança interfederativa e a inteligência artificial.

O objetivo era selecionar soluções práticas para adoção e compartilhamento com os municípios cearenses. Das nove startups selecionadas, três foram premiadas. A campeã, Sued – Ficha Técnica, criou uma plataforma digital para o processo de produção e consumo de alimentos, aplicada ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que beneficiou, em 2024, cerca de 150 mil escolas e 40 milhões de estudantes.

A segunda colocada, Acqualog, desenvolveu sensores para monitorar a qualidade da água. O terceiro lugar ficou com a 4Eduaction, que criou jogos educativos e desafios para o ensino médio.

As três soluções têm alto potencial de aplicação prática e estão sendo preparadas para um processo de aceleração e escala, com acompanhamento de desempenho e avaliação de impacto nas políticas públicas.

(*) Mestre em Economia e doutor em Administração Pública e Secretário de Finanças e Planejamento do Eusébio-Ceará.

Fonte: O Povo, de 12/06/25. Opinião. p.17.

terça-feira, 15 de julho de 2025

O HOMEM DETESTÁVEL

Por Romeu Duarte Junior (*)

Ninguém gostava dele. Desde criança as pessoas lhe viravam as costas. Seus pais nunca lhe tiveram a menor consideração. Deles só recebeu carões, violências diversas e desprezo. Jamais conheceu sentimentos tais como amor, respeito, carinho e cuidado. Nunca uma mulher o acolhera com ardor. Até as prostitutas, que ele amiúde comprava, lhe tinham asco. Não que fosse feio, imundo ou canalha: o problema é que não havia uma alma que simpatizasse com ele. Quando tentava ser agradável, aí é que as coisas pioravam. Falso era o adjetivo mais brando que lhe devotavam. Nas muitas noites passadas em claro, no quarto do pequeno apartamento onde morava, uma pergunta ressoava em sua mente: "Por quê?". A primeira luz de cada dia era mais uma rude chicotada.

No trabalho, mesmo sendo assíduo, correto e honesto, era invisível. Ninguém reconhecia o que fazia, ninguém lhe dava qualquer mérito. Como um para-raios, as reclamações e admoestações choviam-lhe sobre a cabeça cada vez mais calva. O cafezinho chegava-lhe sempre frio, sinal do seu desprestígio. No ônibus, no supermercado, no cinema, nos lugares onde procurava aplacar sua dor em troca de dinheiro, era frequentemente humilhado: "Ainda usa grana, mané?", "O senhor não tem cartão nem pix? A fila está aumentando por sua causa!", "Vai embora, coroa, vai atazanar o cão!". Na Cidade da Criança, onde brincara sem amigos na infância, os pombos lhe evitavam, mesmo ele jogando pipocas para eles. Ao chegar em casa, só boletos e nenhuma mensagem de alguém. O vazio.

Imaginando que a sua droga de vida tivesse como causa um pecado que ele mesmo desconhecia, foi à igreja se confessar. Em quase uma hora, contou toda a sua triste existência, o rosto contrito de olhos fechados pregado à grade de madeira. Por fim, perguntou ao padre qual seria a sua penitência. Repetiu a pergunta mais duas vezes. Súbito, descobriu que o seu confessor dormia a sono solto no confessionário. "Nem Deus quer conversa comigo", pensou de si para consigo. Levantou-se do genuflexório e foi se sentar em um dos bancos da nave principal. O Cristo pregado na cruz, os santos e santas em seus pedestais não tinham para si o ar compassivo e amoroso de quem se espera algum socorro, mas o aspecto duro e austero de quem escolhe alguém para ir ao inferno. Amém.

Como não fazia falta a ninguém, não havendo quem se importasse com ele, no caminho de volta ao seu humilde lar, teve uma ideia: poria um desfecho aos seus dias. "Cansado de ser tratado como um cão, de comer diariamente o pão que o diabo amassou, de não merecer um olhar, uma palavra, um gesto a não ser o desapreço, o que me resta senão isso?", ruminou. Em casa, preparou a carta de despedida, carregada de lamentações, e catou o revólver no fundo da prateleira alta do armário embutido. Nunca o usara, nem esportivamente. "Este é o meu passaporte para a felicidade", pensou, "Sei que a minha morte não será chorada por ninguém e esta será a minha vingança". Encostou o cano da arma contra a têmpora. Apertou o gatilho. Bateu catolé. "Lai vai, nem a morte gosta de mim...".

(*) Arquiteto e professor da UFC. Sócio do Instituto do Ceará. Colunista de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 9/06/25. Vida & Arte. p.2.

O INIMIGO É OUTRO

Por Marcos Holanda (*)

Em recente editorial, este jornal fez a seguinte declaração: "Parece claro haver uma contradição insanável na teoria de que o crescimento e o aumento do emprego, ao invés de ser boa é uma má notícia". Nada mais equivocado. Não existe tal teoria nem contradição.

Crescimento econômico e emprego sempre foram e sempre serão os objetivos principais de qualquer política pública.

No entanto, a teoria e as inúmeras evidências empíricas afirmam, de forma categórica, que esses só são alcançados de forma sustentável em ambiente de inflação baixa.

A "mágica" de um pouquinho mais de inflação para gerar mais crescimento e emprego não existe. A perigosa receita é o governo baixar juros e gastar mais, pois isso gera mais crescimento, mais emprego e mais oferta e no final menos inflação. O Brasil tentou isso várias vezes.

Na década de 1980, com Delfin contra Simonsen, tentou com o Plano Cruzado, tentou com a Dilma e em todas as vezes o resultado foi menos crescimento, mais inflação e mais desemprego.

Mais recentemente, na Turquia, o presidente anunciou que os juros altos causavam inflação e os reduziu na marra. Resultado: a inflação dobrou.

A realidade é que a economia tem um limite máximo de crescimento e mínimo de desemprego no curto prazo em função de fatores estruturais como estoque de capital, infraestrutura e produtividade. Querer superar tais limites gera pressão de inflação que rapidamente aborta qualquer crescimento imediato. É o famoso voo de galinha.

Precisamos entender e focar nos verdadeiros inimigos do crescimento e emprego. Nosso inimigo não é o Banco Central. Nossos inimigos são os elevados déficit e dívida pública, baixa poupança, baixo investimento, baixa produtividade, alta e desigual carga tributária.

Se não identificarmos o inimigo de forma correta jamais venceremos a guerra. Seremos sempre um país derrotado pelo baixo crescimento.

(*) Economista.

Fonte: O Povo, de 11/06/25. Opinião. p.17.

 

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