Por Lauro Chaves Neto (*)
O Brasil tem
enormes vantagens no esforço global de descarbonizar a economia quando
comparado a outros países. Água abundante, custo baixo e alta participação da
energia renovável na matriz energética, bem como as reservas nacionais de
lítio, cobre, níquel e ferro. Assim, os custos de transição energética são
menores aqui.
O problema é que
esses diferenciais competitivos não se converterão realidade sem que o
país modernize o seu sistema tributário e a sua infraestrutura, construindo
novas linhas de transmissão e modernizando portos, entre algumas das
prioridades. Isso feito, biocombustíveis, como etanol e hidrogênio verde vão
ganhar mais destaque.
Até o mercado de
carbono brasileiro ser regulamentado, o Brasil conta apenas com o mercado voluntário,
no qual empresas buscam compensar emissões de poluentes comprando créditos de
carbono mesmo quando não são obrigadas. Um crédito representa a retirada de uma
tonelada de dióxido de carbono equivalente (tCO2e) -ou seja, uma tonelada de
GEE- da atmosfera.
No Brasil,
aproximadamente 500 empresas relatam voluntariamente as suas emissões de
carbono, estima-se que o mercado a ser regulado envolva 5.000 empresas. Segundo
a lei, empresas cuja operação emita mais de 25 mil tCO2e por ano deverão manter
as emissões anuais dentro da quantidade de cotas concedidas pelo plano
nacional de alocação. Sendo que o foco deve ser o de descarbonizar cadeias de
valor, e não apenas empresas.
A proteção das
florestas e o potencial de restauração das áreas já destruídas são duas
atividades que podem gerar créditos de carbono, uma porque evita emissões e
outra sequestra CO2 da atmosfera. A demanda global por minerais para aplicação
em energia limpa dobrará até 2040, segundo estimativa da Agência Internacional
de Energia, entidade ligada à OCDE.
A Lei do
Combustível do Futuro já prevê maior participação do etanol e do biometano nas
misturas na gasolina e no gás natural, respectivamente. O hidrogênio verde
ganhou destaque e, deve ser ressaltada a oportunidade com a atração de
datacenters, aproveitando o excesso de oferta de energia renovável no Brasil.
(*) Consultor,
professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.
Fonte: O Povo, de 23/06/25. Opinião. p.20.
Nenhum comentário:
Postar um comentário