quarta-feira, 23 de julho de 2025

DESCARBONIZAÇÃO DA ECONOMIA BRASILEIRA

Por Lauro Chaves Neto (*)

O Brasil tem enormes vantagens no esforço global de descarbonizar a economia quando comparado a outros países. Água abundante, custo baixo e alta participação da energia renovável na matriz energética, bem como as reservas nacionais de lítio, cobre, níquel e ferro. Assim, os custos de transição energética são menores aqui.

O problema é que esses diferenciais competitivos não se converterão realidade sem que o país modernize o seu sistema tributário e a sua infraestrutura, construindo novas linhas de transmissão e modernizando portos, entre algumas das prioridades. Isso feito, biocombustíveis, como etanol e hidrogênio verde vão ganhar mais destaque.

Até o mercado de carbono brasileiro ser regulamentado, o Brasil conta apenas com o mercado voluntário, no qual empresas buscam compensar emissões de poluentes comprando créditos de carbono mesmo quando não são obrigadas. Um crédito representa a retirada de uma tonelada de dióxido de carbono equivalente (tCO2e) -ou seja, uma tonelada de GEE- da atmosfera.

No Brasil, aproximadamente 500 empresas relatam voluntariamente as suas emissões de carbono, estima-se que o mercado a ser regulado envolva 5.000 empresas. Segundo a lei, empresas cuja operação emita mais de 25 mil tCO2e por ano deverão manter as emissões anuais dentro da quantidade de cotas concedidas pelo plano nacional de alocação. Sendo que o foco deve ser o de descarbonizar cadeias de valor, e não apenas empresas.

A proteção das florestas e o potencial de restauração das áreas já destruídas são duas atividades que podem gerar créditos de carbono, uma porque evita emissões e outra sequestra CO2 da atmosfera. A demanda global por minerais para aplicação em energia limpa dobrará até 2040, segundo estimativa da Agência Internacional de Energia, entidade ligada à OCDE.

A Lei do Combustível do Futuro já prevê maior participação do etanol e do biometano nas misturas na gasolina e no gás natural, respectivamente. O hidrogênio verde ganhou destaque e, deve ser ressaltada a oportunidade com a atração de datacenters, aproveitando o excesso de oferta de energia renovável no Brasil.

(*) Consultor, professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.

Fonte: O Povo, de 23/06/25. Opinião. p.20.

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