Por Ricardo
Alcântara (*)
Somente com dez dias de propaganda na televisão é que se
poderá ter um cenário mais definido dos rumos que tomará a sucessão. “Cenário
definido”, em termos: nele, nada haverá que não possa mudar nos últimos dez
dias de campanha.
Logo, pesquisas de opinião de hoje só existem para este
fim: serem solenemente desmentidas mais adiante. É o que chamo (se não lhe
incomoda uma metáfora futebolística mesmo após aquele vexame) de “pesquisa de
bola parada”.
“Pesquisa de bola
parada” é como esquema tático em prancheta de técnico: em menos de dez minutos
de jogo tudo aquilo já pode ter ido por água abaixo. Ela afirma o resultado que
a eleição teria... se não houvesse eleição alguma!
No entanto, eleição haverá e ela será precedida por uma
intensa campanha onde o mais conhecido haverá de convencer e o desconhecido
pode surpreender. Cante seu hino à capela, mas lembre-se dos alemães.
Eles sabem: o jogo é jogado.
No quadro da disputa ao governo do Estado, há duas
seguras constatações a partir da mais recente pesquisa Ibope: com 44% das
indicações, Eunício Oliveira inicia a campanha pelo seu teto para primeiro
turno e Camilo, com 14%, pelo seu piso.
Pensar que Eunício possa ganhar a campanha contra um
candidato governista já no primeiro turno é uma aposta de risco. Logo, difícil
ultrapassar esses abençoados 44% que a pesquisa lhe confere, resultado de um recall
longamente perseguido.
Já os 14% que o Ibope confere a Camilo Santana é um
índice ínfimo, compatível com candidaturas alternativas, vinculadas a nichos
urbanos mais esclarecidos e comprometidas com vestígios de utopia. 14% de
votos, o Benfica garante, ora.
Logo, a próxima rodada de pesquisas, datada para a
primeira semana de Agosto, só trará boas notícias para a campanha de
Camilo-Izolda, indicando o crescimento natural de uma candidatura que partiu do
patamar mínimo de seu potencial.
Tão logo uma parcela maior da sociedade saiba que eles
são indicados pelo atual governador e, ainda mais importante, vinculados ao
partido de Lula e Dilma – PT, o próprio, e não o genérico PMDB – eles deverão,
até lá, crescer bastante.
Se alguém pretende retirar da pesquisa Ibope de agora
algo mais substancial, a boa técnica recomenda tomar como totalidade a relação
percentual entre o número de eleitores que afirmam conhecer o candidato e
aqueles que nele declaram seu voto.
Somente a observação comparada da proporção entre nível
de conhecimento e intenção de voto em cada candidato pode dar aos índices
pesquisados agora uma visão em perspectiva, que aponte a tendência – para onde
as coisas estão indo.
(*) Jornalista e
escritor. Publicado In: Pauta Livre.
Pauta Livre
é cão
sem dono. Se gostou, passe adiante.
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