O Santo Padre, o Papa Francisco, no Natal de 2013, diante
do presépio na Basílica de São Pedro, assim se expressou: “Rezemos de modo
especial por aqueles que sofrem perseguição por causa da Fé”. Em 19/10/2013
também disse que: “Seguir a Jesus quer dizer dar-Lhe o primeiro lugar,
despojando-nos das muitas coisas que sufocam o nosso coração”. A incomensurável
grandeza de alma do Papa Francisco faz-me lembrar do menino Léo Arlindo, o qual
por medo do inferno, lugar pra onde, segundo sua convicção, não iriam as almas
dos sacerdotes. Isso o levou a fortalecer a sua vocação religiosa e sacerdotal.
Em 1942 entra no noviciado dos Franciscanos em Taquari, na Província do Rio
Grande do Sul e lá iniciou o curso de Filosofia. Já em 1944 foi transferido
para o convento Santo Antônio, em Divinópolis-MG, onde concluiu Filosofia e
cursou Teologia.
O Senhor Deus colocou na mente e no coração do menino Léo
Arlindo uma vida santa e divina e a fez de relevantes planos. Estamos falando
de Dom Aloísio Cardeal Lorscheider. Doçura em pessoa, alegria constante. De
posições corajosas e determinadas, ao mesmo tempo que pregava e anunciava o
Evangelho com sabedoria. Carregou sempre no seu grande coração, as alegrias, as
esperanças, as tristezas, as angústias e os sofrimentos de sua querida gente
(cf. GS, 200). Além de travar, sem jamais se cansar, uma luta pela
redemocratização, pela liberdade de expressão, pela dignidade da pessoa humana
e pelo fim da tortura em nosso querido Brasil. Com o mesmo sentimento e a
coerência do Cardeal Lorscheider, Francisco rezou assim: “Senhor, dai-nos a
graça de chorarmos pela nossa indiferença, pela crueldade que existe no mundo e
em nós”.
O Papa Francisco, embora jesuíta, profundamente marcado
pelo espírito de Santo Inácio de Loyola, ao assumir o comando da Igreja
Católica aos 13 de março de 2013, tornou-se por opção em um rigoroso projeto de
vida, um filho de Francisco de Assis, a exemplo daquele que quase ficou papa, o
Cardeal Lorscheider, que sobre o Pobrezinho de Assis assim se expressou:
“Sempre fiquei muito impressionado e atraído pelo amor quente e apaixonado que
São Francisco dedicava a Deus. Parece que no beijo do leproso ele entendeu,
como Saulo no caminho de Damasco, a doação total de Deus a nós em seu Filho Jesus Cristo.
Custou a Francisco não só descer do cavalo fogoso que no momento montava, mas
muito mais descer do cavalo do orgulho e da vaidade com que ele queria conquistar
o título de grande e nobre” (Grande Sinal, 1982).
Com enorme sensibilidade e ternura, mas sem esquecer a
profecia, soube levantar sua voz em nome de Deus para denunciar as injustiças
gritantes, presentes na vida dos brasileiros, frente a uma sociedade que, tendo
se acostumado com a miséria como algo natural, se tornava insensível aos
sofrimentos humanos (cf. Manfredo Oliveira). Foi o Cardeal que mais se destacou
em todos os
Conclaves e Sínodos, dos quais participou, gerando sempre
para o mundo inteiro e, especialmente para a imprensa, uma grande expectativa,
com sua palavra corajosa e profética, a qual era acolhida por todos como uma
boa notícia, como uma dádiva que descia do céu!
As opções e raízes da espiritualidade franciscana, comuns
entre o falecido Cardeal e nosso bom Papa Francisco são muito notáveis, como
por exemplo nesta súplica do Papa Francisco por uma Igreja que cuida da
Criação: “Nós somos guardiões da Criação, do projeto de Deus inscrito na
natureza, guardiões do outro, do meio ambiente. A pessoa humana está em perigo:
eis aqui a urgência da ecologia humana!”.
Concluo com as próprias palavras do Cardeal Lorscheider e
de Francisco: “São Francisco ajuda-nos a redescobrir a verdadeira imagem de
Deus e a graça salvadora de Deus que se manifestou a todos os homens” (cf. Tt
2,11). É nesta imagem bíblica de Deus, assimilada por São Francisco, que se
deve procurar a sua devoção à Encarnação do Verbo (presépio), ao Santíssimo
Sacramento, à Palavra de Deus, aos Sacerdotes e à Cruz do Senhor”. Jamais podemos
prescindir do milagre da fé e da esperança de um Deus que “sonha comigo, pensa em mim! Eu estou na mente e
coração dele, que o Senhor é capaz de mudar a minha vida e comigo faz
relevantes planos”. Amém!
* Geovani Saraiva é escritor, blogueiro, colunista, vice-presidente
da Previdência Sacerdotal e Pároco de Santo Afonso, Parquelândia.
Fonte: O Povo, de 29/3/2015. Espiritualidade. p.9.
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