Fortaleza adquiriu um ar evoluído e prazenteiro com
as ciclovias. Uma oportunidade saudável para se trafegar à vontade a qualquer
hora do dia, sobretudo pela manhã ou final da tarde, quando as temperaturas são
mais amenas. No entanto, as ciclovias foram arranjos criados em ruas estreitas
de uma cidade não planejada e com um trânsito convulso. Além disso, destaque-se
a indiferença ou o desconhecimento em relação às normas do trânsito que acomete
a maioria da população. Assim, todo cuidado é pouco para que não ocorram
acidentes.
Por força das circunstâncias, algumas ciclovias
ainda possibilitam o vai e vem de bicicletas. Assim, elas circulam no fluxo e
no contrafluxo, o que pode acarretar atropelamentos de pedestres não
acostumados com a possibilidade de se deparar com uma bicicleta no sentido
contrário ao permitido, além de colocar em risco o próprio ciclista. Sem contar
que, alguns motociclistas se sentem à vontade para usufruir da nova via. Outro
dia observei um indivíduo correndo a pé na ciclovia e um motociclista
utilizando-a para poder se deslocar com mais rapidez.
Um dia desses, uma senhora atravessava na faixa de
pedestres enquanto os carros parados aguardavam o sinal verde. Uma ciclista,
indiferente às normas de trânsito, simplesmente não parou, entrou obliquamente
e por pouco não atropelou a mulher que, felizmente, foi bastante ágil para
evitar um acidente. Ciclistas necessitam estar cientes não apenas de seus
direitos, mas também de seus deveres como cidadãos conscientes. As normas de
trânsito não foram feitas apenas para alguns, mas para todos!
A liberação de ciclistas na contramão também
favorece os acidentes. Motoristas, acostumados a olhar em direção ao fluxo de
veículos, por vezes intenso, não se dão conta da possibilidade de ciclistas no
sentido contrário. Estes, por sua vez, usufruem dos direitos que a lei lhes
confere e não empregam para si a direção defensiva. Talvez a maioria nem saiba
o que é isso! Invadem a pista na contramão dos veículos e não se dão conta de
que o motorista pode atingi-los inadvertidamente. Ciclistas também precisam se
prevenir e não circular como se as ciclovias provessem segurança total.
Não basta, pois, construir ciclovias, pensando-se
que no dia seguinte, todos serão exímios ciclistas ou que os demais motoristas
tornar-se-ão conscientes, cautelosos e gentis. Há necessidade de educação
continuada para o trânsito a fim de se reduzir os riscos a que todos nos
encontramos sujeitos no cotidiano.
(*) Médica ortopedista e traumatologista.
Presidentes da Sobrames/CE.
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