Meraldo
Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Informar sem alarmar é uma ação muito
complexa e, em determinados casos, impossível. Basta que se use a palavra epidemia para
gerar como retorno o maior medo humano, o sentimento de doença e morte. E,
quando se trata de algo que mexa com a perpetuação da espécie... a notícia
desanda. E o que é pior, geralmente distorcida e atemorizante.
A Medicina não foge à regra, ao utilizar,
cada vez mais, a análise de dados para cruzar informação sobre doenças,
epidemias e demais acontecimentos a elas relacionados. Refiro-me aqui, em
especial, ao surto dos casos de nascimentos de bebês portadores de
microcefalia, atribuído ao vírus da Zika (hipótese ainda não comprovada).
Esse vírus foi isolado, pela primeira vez em
1947, num macaco Rhesus utilizado para pesquisas na Floresta de Zika, em
Uganda, no continente africano. Duas décadas depois, ele foi diagnosticado em
seres humanos na Nigéria. Dali, ele se espalhou por diversas regiões da África
e da Ásia e alcançou a Oceania. O vírus Zika utiliza o mosquito transmissor do gênero Aedes (Aedes albopictus, africanus, apicoargenteus, furcifer, luteocephalus, etc.) como vetor para sua transmissão. Esses
mosquitos também transmitem a dengue, a febre chicungunha e a febre amarela.
Seres humanos e macacos costumam ser os hospedeiros das doenças.
Insisto em chamar a atenção tanto dos
profissionais da saúde quanto aos da mídia. Não importa sua motivação, seja
pelo furo jornalístico ou pela busca de brilho profissional, é fundamental -
para quem não deseja ferir a ética - e, sobretudo quando divulga notícias para
um público não especializado, possuir um prévio e bom conhecimento do que
realmente importa ao grupo que pretende alcançar.
Lembrar sempre, quando acontece alguma
notícia inesperada, que o açodamento pode desviar a atenção da população para
longe dos seus verdadeiros problemas.
VOLTAREI
AO ASSUNTO.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco.
Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE)
e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).
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