Médico-Psicoterapeuta
Por que os machos humanos
estão se matando mais do que as mulheres? Em países ricos, o número de homens
(sexo masculino) que tiram a própria vida é três vezes maior do que o de
mulheres e os homens com mais de 50 anos são particularmente vulneráveis. Em
países mais pobres ou em desenvolvimento, pessoas jovens e mulheres mais velhas
têm taxas mais altas de suicídio. Será que até o suicídio é questão de nível de
renda, sexo, gênero ou opção sexual?
O relatório mais atual da
Organização Mundial da Saúde mostra que, em geral, os homens cometem mais
suicídio do que as mulheres. E isso é intrigante, pois são elas que apresentam
taxas mais altas de distúrbios mentais, como a depressão e patologias
assemelhadas. A maneira como os homens são ensinados a se comportar e os
papéis, atributos e comportamentos que a sociedade espera deles talvez não
possam ser aferidos por cálculos estatísticos.
Abrindo parêntese, as
ciências da estatística e da genética passaram ser a astrologia da
contemporaneidade. Já na infância os homens são impregnados com a noção de que
ser macho é análogo a não demonstrar emoções (homem não chora!). Os homens são
mais dependentes de suas parceiras do que essas deles. Sofrem mais com
infidelidade ou o abandono. Por isso mesmo, não é surpresa que sofram a
separação de forma mais intensa.
A honra também faz parte da
masculinidade, pois ser “desrespeitado” perante seus pares pelas ações da
parceira “emancipada” (infidelidade ou abandono), pode levar à vergonha ou a
reações impulsivas de retaliação. Lembro: depois do divórcio, os homens
geralmente são separados de seus filhos, e isto tem um papel significativo em
alguns casos de suicídio. As mulheres podem ajudar os homens a reconhecer suas
próprias aflições, dar a eles carinho e principalmente estímulo para buscar
ajuda. Ou será que estão desejando uma sociedade sem homens? Depois não digam
que não avisei.
As mulheres esqueceram que
são mães e hoje preferem ficar discutindo a vida nos programas do tipo ‘saia
justa’. Em pleno
século XXI , quando a emancipação das mulheres se tornou o
motivo principal da globalização, muito embora lentamente, vênia para lembrar
fragmento de uma entrevista, concedida por Marcel Proust (1871-1922), escritor
conhecido por sua obra literária ‘Em Busca do Tempo Perdido ’,
à sua amiga Antoniette Faure.
Antoinette Faure (AF) Marcel Proust (MP)
AF: -
Suas virtudes favoritas?
MP: -
Todas as que não são particulares a uma seita, as universais.
AF: - Suas
qualidades favoritas num homem?
MP: - A inteligência, o senso moral.
AF: - Suas
qualidades favoritas numa mulher?
MP: - A doçura, a naturalidade, a
inteligência.
AF: - Suas
mulheres favoritas na vida real?
MP: - Uma mulher “de genié” que leve
uma existência comum.
A Humanidade seria muito
beneficiada caso as mulheres de hoje voltassem a se considerar amigas,
conselheiras, mães e se treinassem para oferecer carinho aos seus parceiros,
mesmo que isso exija um certo (pequeno) sacrifício.
(*) Professor Titular da Pediatria
da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União
Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos
(ABRAMES).
Nenhum comentário:
Postar um comentário