segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

MACHO & FÊMEA


Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Não devemos esquecer que a cada nova geração os modelos vigorantes são questionados, quebrados, modificados ou até esquecidos. No século XXI as profecias não passam de meras conjecturas. Por outro lado, os clichês quanto aos homens e às mulheres passaram a compreender as peculiaridades de cada sexo e creio que, com isso, abrem-se novos caminhos.
Gostemos ou não da pílula anticoncepcional, de trabalhar fora de casa, da independência financeira, sem eles não haveria o aceite da emancipação dos mais diferentes gêneros. O diálogo tem levado a menos tabus, repreensões e hipocrisias. Como na maioria desses modelos binários cridos imutáveis, devemos procurar nas crenças, e agora também na ciência, as raízes da dicotomia homem/mulher. Aqui e agora.
Pressupostos que impedem o aceite psicossocial do modelo binário da espécie autodenominada Homo Sapiens têm sido repensados; dentre eles, o processo de emancipação da mulher e da sexualidade humana.  Apesar desses propalados avanços, curioso é como se culpa as religiões como repressoras dos movimentos feministas ou assemelhados.
No Ocidente, a tradição judaico-cristã é baseada na Bíblia. Jeová criou primeiro o macho (Adão) e depois criou Eva da sua costela. Foi o primeiro transplante registrado na literatura de que tenho notícia. As feministas poderiam dizer que sendo Deus masculino o mortal, o homem criado à sua imagem e semelhança teria sido causador dos preconceitos contra as mulheres. Na cultura chinesa a divindade Criadora é feminina, que inventou duas criaturas, ambas sem genitálias. Como assim não poderia haver a perpetuação da espécie, acrescentou à sua criação, posteriormente, órgãos genitais: feminino & masculino.
O fato de o Deus ter sido masculino e a mulher considerada um pedaço da costela do macho, no Ocidente, onde as mulheres estão mais emancipadas, faz com que essa situação seja - no mínimo – curiosa. Já na China elas passaram milênios sem terem o direito ao crescimento nem dos próprios pés. Determinados pressupostos devem ser analisados para entender a causa. O óbvio não é cientifico e o científico aceita modificações. E, falando ainda dessas rivalidades entre feministas e machistas, posso terminar esta “croniqueta” de duas maneiras: para quê tanto barulho e discussões, se para a mulher, amor é toda a sua existência e para o homem é uma coisa à parte de sua vida.
Devemos tratar a natureza da melhor maneira possível, mas não esperemos ser por ela retribuídos. Cuidado meus companheiros: qualquer homem é filho de uma mulher... o gaúcho diz: “Tchê, lá no Rio Grande todo mundo é macho”. Contesta o cearense “Pois sim, lá no meu Ceará é metade homem e metade mulher; e é.... tão bom!"
Mas é melhor que fiquemos com minha crença, baseada no grito erótico dos franceses: ‘Vive la différence!’
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).

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