terça-feira, 13 de junho de 2017

ACADEMIA CEARENSE DE MEDICINA

Pedro Henrique Saraiva Leão (*)
Esta quase quarentona sociedade (12/5/1978) encontra-se atualmente a braços com a organização do seu XVII congresso anual. Aludidas reuniões bianuais vêm se repetindo desde 1983, sempre versando temas de interesse médico, sobremaneira da nossa população. Sendo o conhecimento do passado, a compreensão do presente e a premonição do futuro exercícios constantes da mente, esses encontros recordam procedimentos antigos, e auscultam o porvir, analisando os progressos tecnológicos no diagnóstico e no tratamento de velhas e novas moléstias.
Embora algo desatenta da necessidade de divulgação de seus eventos, cumpre ressaltar, desde aquela época, algumas significativas intervenções suas na Medicina cearense. Entre vários de seus mais relevantes cometimentos, destacam-se competentes abordagens, por especialistas, das infecções, da tripanossomíase americana (doença de Chagas), da esquistossomose mansônica e das epidemias de cólera entre nós. Atenção especial amiúde despertaram as contribuições históricas de especialidades como a Clínica Médica (base de todas), a Patologia, a Microbiologia, a Imunologia, a Neurologia, a Otorrinolaringologia e a Dermatologia. Como chamativo percentual de seus membros são professores, responsáveis pela formação de novos facultativos, a Academia Cearense de Medicina dedica singular cuidado ao Ensino Médico, neste valorizando as inalienáveis implicações deontológicas (éticas) na prática profissional, e nas pesquisas. Embora formadas por saldados defensores e propugnadores da vida, a morte é ali um tema vivo, e dissecada em profundidade nos seus aspectos existenciais, e particularmente tanatológicos.
Na bienal promovida há dois anos, priorizou-se o estudo acurado das prescrições médicas, da respectiva mas insuficiente e muita vez omissa vigilância sanitária, e da indiscriminada mercantilização dos remédios no Brasil. Esse concorrido simpósio – coordenado pelos acadêmicos drs. Iran Rabelo e Eduilton Girão, e prestigiado por conferencistas de outros Estados – culminou com a redação de um documento oficial (“Carta de Fortaleza”) acerca da real e pouco ortodoxa situação dos produtos terapêuticos disponíveis no País.
Antenada em preocupações da nossa comunidade, para maio vindouro, essa quadragésima instituição programou sua XVII Bienal – a realizar-se no Hotel Sonata de Iracema – motivada pela discussão das arboviroses no Brasil de hoje, notadamente dengue, chikungunya e zika; tais são aquelas viroses transmitidas por mosquitos.
A esperada promoção será presidida pelo professor Manassés Claudino, coordenada pelo professor Djacir Figueiredo, atual vice-presidente – daquele grêmio científico. Homenagens especiais serão prestadas aos mestres Joaquim Eduardo Alencar e Gilmário Mourão Teixeira, este nos seus pujantes 98 anos. Destarte, o colegiado reverencia seus componentes, reverdecendo sua memória.
A conferência de abertura será sobre “Arboviroses no Brasil” (dr. Eurico Arruda Neto, de São Paulo) e as demais sessões terão como relatores os doutores infectologistas Adriana Oliveira, de João Pessoa (Paraíba), e os cearenses Fernanda Araújo, Márcia Medeiros, Luciano Pamplona, Ivo Castelo Branco, Anastácio Queiroz, André Pessoa e Antônio Afonso Bezerra. Para maior brilho desse fórum, a alocução (discurso) final, às 10h30min do dia 19 de maio próximo, será proferida pelo eminente professor Jorge Kalil, da Universidade de São Paulo, internacionalmente reconhecido como figura solar da Imunologia. Com tão eruditos participantes fica, portanto, garantido o êxito do evento.
(*) Professor Emérito da UFC. Titular das Academias Cearense de Letras, de Medicina e de Médicos Escritores.
Fonte: O Povo, 19/04/2017. Opinião, p.10.

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