Por Alexandre Sobreira Cialdini (*)
A capacidade de
ver os desafios como oportunidades sempre fará a diferença. A balança comercial
do Ceará revela forte concentração em poucos mercados de destino e variedade
restrita de produtos exportados. Em 2024, o Estado exportou US$ 1,47 bilhão,
confirmando a trajetória de queda iniciada após o pico de 2021 (US$ 2,74
bilhões).
Os Estados Unidos
se consolidaram como principal destino, com 45% do total exportado em 2024 (US$
660 milhões). A Holanda foi a segunda colocada, com 4,3%, seguida por China,
França e Argentina, todos abaixo de 4%. Essa configuração evidencia a
dependência do Ceará em relação ao mercado norte-americano.
A experiência com
as tarifas americanas oferece lições valiosas sobre a necessidade de monitoramento
contínuo, adaptação rápida e diversificação. Com posição geográfica
privilegiada e base industrial consolidada, o Ceará reúne condições de
atravessar o período de turbulência comercial.
O governador
Elmano de Freitas foi ágil ao adotar incentivos e subsídios imediatos,
fortalecendo a ação coletiva institucional e planejada. O Ceará tem potencial
para ampliar o mercado interno e abrir novas fronteiras de exportação.
A Transnordestina
e o Porto Seco de Quixeramobim podem transformar o Interior em um entorno
geoeconômico estratégico, conectando-o ao Porto do Pecém. Com a Zona de
Processamento de Exportação (ZPE) e uma política
de industrialização no Interior, o Estado pode gerar mercado para
empregos qualificados.
O Governo do
Ceará atua como indutor desse processo, a exemplo dos principais dry ports
(portos secos) do mundo. Nesse sentido, a Seplag criou um mapa dinâmico (https://mapa.up.railway.app/mapa), a partir de recursos de inteligência artificial,
integrando Arranjos Produtivos Locais (APL’s), data centers, cabos submarinos e
produtos Halal (permitidos pelas leis islâmicas), todos georreferenciados nas
14 regiões de planejamento.
Para viabilizar
essa oportunidade, a Seplag uniu esforços com a Secretaria de
Desenvolvimento Econômico, o Centec, a Universidade Federal do Ceará (UFC), a
Funcap, a empresa Value Global Group, o empresário Amarílio Macedo e a
Prefeitura de Quixeramobim na elaboração de um masterplan – plano diretor para
guiar investimentos e diversificar a economia.
Com apoio dos
pesquisadores do Programa Cientista Chefe – Raimundo Nogueira (Funcap),
Gildemir da Silva (UFC), Fausto Nilo (arquiteto urbanista) e Elda Tahim
(Centec) –, a Seplag está desenvolvendo um modelo de otimização da produção e
da logística. Nesse contexto, Fausto Nilo redesenhou Quixeramobim para
integrá-la ao Porto, inspirando-se em experiências internacionais de dry ports.
O futuro da
economia cearense depende da capacidade de implementar efetivamente as
estratégias recomendadas, mantendo a flexibilidade necessária para se adaptar
às mudanças contínuas no cenário global.
(*) Mestre em
Economia e doutor em Administração Pública e Secretário de Finanças e
Planejamento do Eusébio-Ceará.
Fonte: O Povo, de 18/09/25. Opinião. p.15.
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