sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

FAMÍLIA E MAL-ESTAR PSICOSSOCIAL

Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
(NÃO BASTA SABER OU QUERER É PRECISO SABER AGIR)
A vida nunca foi tão fácil como é hoje, em nenhuma época da civilização. Não tenho a intenção, nestes artigos, de repetir a história das famílias e suas transformações. Elas ocorrem, ocorreram e vão ocorrer em determinadas circunstâncias.
Sem tirar a importância dos fatores socioeconômicos ou culturais, paradoxos ou contradições do mundo contemporâneo, acredito que não deva abordar mais do que o necessário sobre tais aspectos. Creio serem esses aspectos assuntos suficientemente discutidos em um Mundo que está intoxicado pela Informação e por especuladores do futuro.
Permanecer alardeando que existe um vácuo na liderança da família ou discutindo sobre quem deveria ser o chefe, que não necessariamente precisa ser o pai. Que a expectativa de vida aumentou. Que a emancipação feminina é uma realidade. Que a religião fracassou. Que há casamentos homossexuais. Que o número de divórcios está aumentando. Que os lares comandados por mulheres estão aumentando. Que as doenças e distúrbios psicopatológicos encontram-se em ascensão ou que a organização mental torna-se fraca, incerta, instável devido a um sistema de organização familiar deficiente ou disfuncional. Do bullyng à internet, crise mundial, refugiados e terrorismo. São fatos muito importantes, sem dúvida, porém repetitivos nos noticiários e parece que disso, todos não sabem, nem querem saber como esses acontecimentos influenciarão as gerações seguintes e a atual, os jovens.
Poucos sabem que a ascendência, quando incapaz de fornecer um suporte satisfatório aos seus participes, propícia a desorganização ao não aceitar nem resguardar as diversidades culturais e outras questões básicas para a sobrevivência das pessoas.
Venho, durante os últimos 10 anos, destacando a importância da organização e da dinâmica familiares, da disciplina doméstica, do tratar diferentemente um irmão do outro; essas variáveis estão fortemente associadas à eclosão de neuroses que hoje são por alguns denominadas de transtornos de internalização traumática.
A falta da presença, no sistema familiar, de elementos adequados de segurança durante a infância acaba por formar indivíduos de personalidade desacorde. Não poucas vezes são pessoas inseguras, agressivas, tímidas, violentas, indo além dessas atitudes antissociais: perdem a capacidade de elaboração onírica ou de fantasiar diante das adversidades da vida e passam a ter uma propensão aos diferentes distúrbios psíquicos e somáticos, principalmente na classe média urbana no Brasil. Relações marcadas pela descontinuidade (mãe-filho), principalmente no primeiro ano de vida, estão presentes, com frequência no atual mal-estar social generalizado. (VOLTAREI AO ASSUNTO)
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES). Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Foi um dos primeiros neonatologistas brasileiros.

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