terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

APELO À MÍDIA: Que fazer a respeito do despreparo dos nossos médicos?

Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Exame reprova 54% dos futuros médicos de São Paulo. Mandatória pela primeira vez, prova do Cremesp avaliou alunos que se formaram neste ano. A avaliação é do Conselho Paulista de Médicos, que reprovou 54,5% dos alunos no exame deste ano da entidade, o primeiro obrigatório para tirar o registro profissional.
É considerado reprovado quem acerta menos de 60% da prova, de 120 questões, noticia a Folha de São Paulo (07.12.12). Em saúde mental e pediatria a média de acerto não atingiu 56%. Em suma, mais da metade dos quase 2.500 estudantes de medicina que se formaram neste ano no Estado de São Paulo não possuem condições mínimas para atender a população. Imaginem em outros estados da Federação!
Aqueles que adoram ser considerados politicamente corretos sabem que cálculos estatísticos, informáticos, científicos, qualquer que seja o nome que se use para designá-los, tem antes de ser pesquisados, para saber qual a hipótese que se deseja provar.
Verdade científica pode ser transitória, principalmente na Medicina. Vocação? Não significa levar uma vida de Madre Tereza de Calcutá. Ser fraterno não significa levar uma vida sem direito aos desejos de consumo ou a argumentos líricos.
Chega de dizer que a medicina é um sacerdócio ou vocação. O ato médico pressupõe cuidado, empatia, destreza e outros sinônimos dos sentimentos que levam a uma misteriosa relação com o paciente. Por não conhecer uma palavra que os defina, direi Humanismo, além de um longo preparo profissional com grandes Mestres. Tudo isto já sabemos.
O mais preocupante quanto a essa notícia é que a formação dos mais despreparados se concentra (grosso modo, como dizem os ‘estaticistas’) nas doenças das crianças (pediatras) e nos sofrimentos mentais (psiquiatras).
O meu apelo à mídia é para uma mudança de destaque, ou melhor, de foco, porque destaque é coisa de escola de samba e não é para quem ama seus semelhantes.
O foco das mídias sociais deveria estar concentrado na situação do ensino médico no Brasil. Por enquanto, só me resta dizer: “coitadas de nossas crianças e dos portadores de sofrimentos psíquicos”. Ajudem-nos, senhores da imprensa. Divulguem essa situação e abram o debate para deixarmos de ser um povo de coitadinhos.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES). Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Foi um dos primeiros neonatologistas brasileiros.

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