quinta-feira, 13 de abril de 2023

PRODUTOS REGULARIZADOS E SAÚDE OCULAR

Por Alexis Galeno (*)

Há poucos dias algumas notícias chamaram atenção sobre uma pomada modeladora para cabelos que vinha causando queimaduras nos olhos e até mesmo cegueira temporária nos seus usuários. Vi diversos alertas serem emitidos pelas agências reguladoras para parar a comercialização desse produto e recomendar o não uso dessa substância. Fiquei instigado pelas manchetes que apresentavam número expressivos de pessoas que sofreram com queimaduras na córnea após terem utilizado a pomada, relatos realmente fortes e preocupantes. Entre os sintomas relatados estavam ardência, embaçamento da visão, dificuldade para abrir os olhos e dores oculares.

Como médico oftalmologista, confesso ter ficado surpreso com essa ocorrência. Isso porque, no Brasil, contamos com uma boa legislação sobre o assunto, visto que a Anvisa, ligada ao Ministério da Saúde, é atuante e responsável pelos registros de produtos de diversas naturezas, garantindo a eficácia, a saúde e o bem-estar dos consumidores. No entanto, o que mais chama atenção e é digno disso é uma cultura da não verificação da procedência dos produtos que utilizamos comumente em nosso dia a dia.

Creio ser relevante salientar que deveria fazer parte de nossas rotinas a busca pela ciência do modo de produção, das substâncias contidas nos produtos, no modo de uso e em possíveis restrições. Muitas dessas mercadorias contêm especificações que são úteis aos usuários. Por isso, é preciso realizar consultas e pesquisas. O próprio site da Anvisa permite a consulta daqueles que são regularizados e dos proibidos. Além disso, é possível notificar problemas ou efeitos adversos que possam ter ocorrido.

Ademais, meu alerta se estende a efeitos nos olhos e na visão. Aqueles que apresentarem os sintomas citados ou perceberem qualquer outro, busque imediatamente um oftalmologista. Os olhos são muito sensíveis e requerem bastante cuidado. E reafirmo: não deixe de notificar e denunciar eventos adversos após o uso de produtos. Que casos como esse não voltem a acontecer, pois os seus resultados podem ser catastróficos, como já sabemos.

(*) Ofalmologista. Presidente da Sociedade Cearense de Infectologia.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 30/01/2023. Opinião. p.19.

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