Por Roberta Duarte Maia Barakat (*)
Participei como avaliadora da Comissão de
Especialistas da Chamada 05/2024 do Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS) no
estado do Ceará. Isso provocou importantes reflexões sobre o papel estratégico
do PPSUS na consolidação de uma ciência comprometida com os princípios e
necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS). A experiência foi um exercício de
escuta, diálogo e responsabilidade.
Permitiu reconhecer a diversidade de
olhares e metodologias do campo da pesquisa em saúde, além de potencializar a
valorização de saberes e práticas construídas (no) e para o território. O PPSUS
é, sem dúvida, instrumento relevante no fomento à pesquisa aplicado no Brasil.
Promove a descentralização dos
investimentos em ciência, tecnologia e inovação em saúde, valoriza as
especificidades regionais, amplia o protagonismo de pesquisadores/as e
instituições em contextos historicamente subfinanciados.
Essa capilaridade impregnada de justiça
social e territorial, orienta o conhecimento científico pelas demandas reais
dos serviços de saúde e das populações. O programa estimula pesquisas que
dialogam diretamente com os desafios locais, especialmente no âmbito da Saúde
Coletiva. Os projetos, para além de sua qualidade técnica, revelaram o
compromisso ético-político dos pesquisadores/as com o fortalecimento do SUS.
O PPSUS fortalece a articulação entre
instituições, promove redes colaborativas, atua como ferramenta pedagógica e
sustenta os princípios da integralidade, equidade e participação social. Seus
desdobramentos transcendem o campo acadêmico.
Os produtos e resultados gerados pelas
pesquisas financiadas subsidiarão políticas públicas baseadas em evidências,
aperfeiçoarão práticas de cuidado e ampliarão a capacidade de resposta dos
sistemas de saúde frente às iniquidades.
A iniciativa aproxima ciência e sociedade,
reafirma o papel do conhecimento como ferramenta de emancipação. Em tempos de
constantes ameaças à ciência, ao SUS e aos direitos sociais, programas como o
PPSUS precisam ser defendidos com autonomia científica para edificar uma saúde
pública mais justa, plural e democrática.
(*) Doutoranda
em Saúde Coletiva da Uece e colaboradora da SESA.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 23/09/2025. Opinião. p.18.
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