Vere Goold foi finalista em Wimbledon e condenado por assassinato (Imagem: Reprodução/Twitter). |
Poderia muito bem ser o enredo de um filme ou de um livro de
suspense, mas a trajetória de Vere St. Legger Goold é real e assustadora: de
finalista em Wimbledon a réu confesso de um esquartejamento, o ex-tenista
irlandês chocou o mundo. Álcool, drogas e uma paixão levaram o então atleta
para uma vida de crimes.
Em 1879, depois de se tornar o primeiro campeão irlandês de
tênis, Vere Goold tentou mais um título ao disputar a terceira edição de
Wimbledon. Foi bem até a final, mas acabou derrotado por 3 sets a 0. Relatos da
época já insinuavam que Goold estava de ressaca na decisão; culpa de um porre
na véspera para comemorar sua classificação.
Poucos meses depois, o irlandês se deparou com um novo algoz
em sua trajetória esportiva: William Renshaw, futuro heptacampeão de Wimbledon
e responsável por duas derrotas marcantes de Goold. Tais derrotas deram início
à derrocada pessoal do tenista, cada vez mais envolvido com drogas,
especialmente o ópio.
Goold se aposentou das quadras em 1884, e seus vícios se
tornaram mais graves. Foi nessa época que ele se apaixonou e se casou com Marie
Violet Giraudin, dona de uma loja de roupas e cuja obsessão era ser reconhecida
na alta sociedade britânica. Casada duas vezes anteriormente, ambas com homens
de famílias tradicionais, ela abriu uma loja de alta costura com Goold.
O negócio, no entanto, faliu, e eles apostaram em uma
lavanderia. Acumulando dívidas, fugiram para o Canadá, onde também tiveram
problemas com clientes e Justiça. Assim, em 1903 estavam de volta a Liverpool
para dirigir mais uma lavanderia.
Reprodução do Le Petit Journal sobre o crime de Goold (Imagem: Reprodução). |
Mas Marie Violet tinha um plano mais ambicioso: ganhar
dinheiro no cassino de Monte Carlo, em Mônaco. Ela dizia ter um sistema
infalível para os jogos. O casal se apresentou com apelidos falsos e começou a
frequentar a alta sociedade local. Foi assim que conheceram a sueca Emma Levin,
que se tornou uma financiadora do casal.
No entanto, logo os resultados no cassino não foram o
esperado, e Goold e Marie Violet preparam a fuga de Monte Carlo. Nesse meio
tempo, a endinheirada viúva sueca foi cobrar a dívida do casal no hotel onde
estavam e nunca mais voltou. Uma amiga, então, denunciou o sumiço à polícia.
Ao chegar ao local, a polícia encontrou muito sangue, além
de um martelo e uma serra. As autoridades localizaram o casal somente em
Marselha, de onde fugiriam para Londres. Ao revistarem a principal mala de
Goold e Marie Violet, que havia sido deixada na estação de trem, os policiais
encontraram pedaços do corpo da sueca Emma Levin.
Depois de algumas negativas, Goold assumiu a autoria do
crime. Acredita-se que, por amor, o ex-tenista teria tentado inocentar sua
mulher. A polícia, no entanto, condenou ambos à prisão perpétua em 1907.
Goold foi enviado para a prisão na Ilha do Diabo, na Guiana
Francesa, onde se suicidou em 1909. Marie Violet, por sua vez, morreu doente na
prisão em 1914. E a história de um dos primeiros finalistas de Wimbledon acabou
marcada pela barbaridade do crime.
Fonte: UOL Notícias, de 14/07/2017.
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