Bispo e pastor, que por vezes viu sua vida ameaçada para que outros
tivessem vida, e vida em abundância
Há 10 anos
voltava para a Casa do Pai o Cardeal Lorscheider. Gaúcho, Ordem dos Frades
Menores de S. Francisco de Assis, foi ordenado presbítero em 1948 e nomeado
Bispo de Santo Ângelo (RS) em fevereiro de 1962. Dom Aloísio foi arcebispo de
Fortaleza, de 1973 a 1995, e pouco tempo após sua nomeação para a capital
alencarina, foi criado cardeal, em 1976, pelo papa Paulo VI. Participou de dois
conclaves, chegando a receber votos.
Paulo VI disse ao Cardeal Lorscheider, no dia da entrega
do barrete cardinalício: “Ao saudar em
particular o Senhor Cardeal, como membro do Sacro Colégio, queremos renovar-lhe
todo o nosso apreço e complacência, pela sua dedicada atividade de sacerdote e
de bispo, em plano diocesano, nacional e eclesial, nas iniciativas e
organizações em favor da Igreja na América Latina e nos Organismos centrais da
Santa Sé”. (28/5/1976).
Essas palavras de Paulo VI mostravam como era, de fato,
reconhecido dom Aloísio: filho e homem de Igreja, que sempre se empenhou em dar
de si para o bem da Igreja e para a vida das pessoas. Seu lema episcopal remete
ao dom da entrega da vida pelo amor a Deus e ao próximo, recordando o mistério
da Cruz do Senhor: “In cruce salus et vita”.
É pela entrega incondicional da sua vida em favor dos
mais necessitados que ainda hoje se reconhece o legado do Cardeal. Bispo e
pastor, que por vezes viu sua vida ameaçada para que outros tivessem vida, e
vida em abundância. Como disse certa vez o papa Francisco: “Sede pastores com o ‘cheiro das ovelhas’, que se sinta
este –, sede pastores no meio do seu rebanho, e pescadores de homens” (Homilia, 28/3/2013). Assim foi dom Aloísio
Lorscheider.
Dom Aloísio foi, ainda, arcebispo de Aparecida
(1995-2004) e ali reorganizou os serviços da construção do Santuário Nacional
e, como era de se esperar, foi grande incentivador do trabalho pastoral com os
romeiros. O Cardeal Lorscheider deixa para o episcopado brasileiro um
testemunho da fidelidade à missão pastoral do bispo, sua entrega e sua vocação.
E deixa para todos nós o testemunho de intrépido pastor na doação da vida pelas
ovelhas.
(*) Presbítero da Arquidiocese de Fortaleza; Missionário
da Misericórdia.
Fonte: O Povo, de
23/12/2017. Opinião. p.9.
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