O Conselho Regional de Medicina fez homenagem especial à turma que completou 50 anos sem nenhum desvio ético
Em 16 de dezembro de 1967, colávamos grau na Concha
Acústica da Universidade Federal do Ceará. Saímos para a vida, para o mundo
real despedimo-nos da vida estudantil. Naqueles tempos as vidas acadêmicas no
sentido stricto sensu resumia-se à graduação seguida de especialização.
Residências, só na região leste e no extremo sul; e as vagas eram muito poucas.
Nossa Universidade transpunha suas primeiras décadas. Não havia mestrado e
doutorado nem mesmo na USP, e na UFC a residência era incipiente oferecendo
pouquíssimas vagas.
A primeira pós-graduação nasceu na Farmacologia e esta
catalisou todas as outras da saúde que vieram depois, muito depois. Na história
da Universidade, ela era muito jovem naqueles dias, muito longe das Faculdades
da Bahia e do Rio de Janeiro, fundadas após a chegada da família Real ao
Brasil. A alma mater de todas elas foi a Academia Nacional de Medicina no Rio
de Janeiro, fundada no século XIX, pelo imperador dom Pedro I. Alguns foram
especializar-se no Rio e em São Paulo, outros permaneceram pelo Nordeste,
principalmente em Pernambuco, Ceará e na Bahia. Outros retornaram às suas
origens, no Rio Grande do Norte, no interior do Ceará, Piauí e Maranhão.
Completamos 50 anos numa reunião muito festejada sob o
comando impecável dos doutores Vicente Leitão e Luís Airesneides Aires Leal, em
festividades memoráveis, no Hotel Marina Park, com uma verdadeira explosão de
alegria, muitas reminiscências com uma interatividade contagiante. Uma sessão
remêmora foi comandada pelo colega Ruver Herculano, numa noite cheia de
saudades e a despedida final no sábado à noite. O comando musical esteve na
direção de Vitoriano Escócia, um dos componentes dos Esmeraldas, constituído
por Walber Pinto, Stoessel Figueiredo e Manassés. Este grupo conduziu serestas
por toda a cidade de Fortaleza do primeiro ao sexto ano de Medicina.
O Conselho Regional de Medicina fez uma homenagem especial
à turma que completou 50 anos sem nenhum desvio ético, sem nenhum dolor, ou
qualquer escape das filigranas legais, hoje tão conspurcadas em seus vários
recantos do nosso imenso país. Os que permanecem entre nós não deixaram de
mencionar as partidas dos 28 colegas que nos deixaram para as mansões
celestiais, causando sofrimento aos nossos corações.
(*) Professor
emérito da Universidade Estadual do Ceará (Uece), presidente da Academia
Cearense de Medicina e membro da Academia Nacional de Medicina
Fonte: Publicado In: O Povo, de 26/12/2017. Opinião.
p.11.
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