Por Pe. Eugênio
Pacelli SJ
O homem pós-moderno desaprendeu a arte de rezar. “É oco”, pobre
de interioridade, vive de “fora para dentro”, na superficialidade. Já chegou à
Lua mas não sabe entrar no próprio coração para escutar a si e a Deus.
O ativismo da vida moderna
o deixa descentrado e disperso. Agitado, vive voltado para fora. Perde a
identidade, não sabe quem é e para onde vai.
Torna-se vazio, com
subjetividades desintegradas. Daí a falta de paz interior, a angústia, o
desânimo, a depressão e aos poucos perde o gosto de viver e de crescer. Tudo
embalado pelo tédio e o vazio existencial.
Jesus Cristo já nos
advertia que sem Ele não vamos a lugar nenhum. Quem reza adquire uma identidade
mais sólida. Ganha em autoestima porque se vê como Deus o vê. Assim, encontra
mais sentido nas coisas, percebe mais encanto em seu mundo. Sente-se mais
sereno, equilibrado e mais feliz, crescendo assim a sensibilidade e o
compromisso com os valores profundos da vida.
A oração, além do uso
religioso, pode também ter uso terapêutico. Faz bem à alma, mas também ao corpo
e à mente ou psique. Ela serve para prevenir doenças de fundo emocional.
Justamente por esses benefícios a meditação está entrando na agenda das
políticas públicas de saúde.
Se quisermos ter saúde
física, psíquica e religiosa precisamos priorizar um tempo para a oração diária
na nossa vida super-agitada. Não importa a quantidade do tempo, mas a qualidade
que dispomos para um encontro pessoal conosco e com Ele, no silêncio e na paz.
Quem não tem tempo para se
escutar jamais escutará “Deus em si”. Quanto mais interioridade mais
profundidade, quanto mais exterioridade mais superficialidade. Corremos o risco
de viver uma vida superficial, sem profundidade, fútil.
O nosso equilíbrio e o
equilíbrio dos nossos relacionamentos passam pela oração, que é encontro com
Aquele que nos ama e nos fortalece e que habita no mais íntimo do nosso ser.
(*)
Padre jesuíta e mestre em Teologia.
Fonte: O Povo, de 30/6/2018.
Opinião. p.18.
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