sábado, 14 de julho de 2018

A ARTE DE ESCUTAR-SE PARA ESCUTAR A DEUS


Por Pe. Eugênio Pacelli SJ
O homem pós-moderno desaprendeu a arte de rezar. “É oco”, pobre de interioridade, vive de “fora para dentro”, na superficialidade. Já chegou à Lua mas não sabe entrar no próprio coração para escutar a si e a Deus.
O ativismo da vida moderna o deixa descentrado e disperso. Agitado, vive voltado para fora. Perde a identidade, não sabe quem é e para onde vai.
Torna-se vazio, com subjetividades desintegradas. Daí a falta de paz interior, a angústia, o desânimo, a depressão e aos poucos perde o gosto de viver e de crescer. Tudo embalado pelo tédio e o vazio existencial.
Jesus Cristo já nos advertia que sem Ele não vamos a lugar nenhum. Quem reza adquire uma identidade mais sólida. Ganha em autoestima porque se vê como Deus o vê. Assim, encontra mais sentido nas coisas, percebe mais encanto em seu mundo. Sente-se mais sereno, equilibrado e mais feliz, crescendo assim a sensibilidade e o compromisso com os valores profundos da vida.
A oração, além do uso religioso, pode também ter uso terapêutico. Faz bem à alma, mas também ao corpo e à mente ou psique. Ela serve para prevenir doenças de fundo emocional. Justamente por esses benefícios a meditação está entrando na agenda das políticas públicas de saúde.
Se quisermos ter saúde física, psíquica e religiosa precisamos priorizar um tempo para a oração diária na nossa vida super-agitada. Não importa a quantidade do tempo, mas a qualidade que dispomos para um encontro pessoal conosco e com Ele, no silêncio e na paz.
Quem não tem tempo para se escutar jamais escutará “Deus em si”. Quanto mais interioridade mais profundidade, quanto mais exterioridade mais superficialidade. Corremos o risco de viver uma vida superficial, sem profundidade, fútil.
O nosso equilíbrio e o equilíbrio dos nossos relacionamentos passam pela oração, que é encontro com Aquele que nos ama e nos fortalece e que habita no mais íntimo do nosso ser.
(*) Padre jesuíta e mestre em Teologia.
Fonte: O Povo, de 30/6/2018. Opinião. p.18.

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