quarta-feira, 10 de novembro de 2021

AS DOENÇAS DA INFORMAÇÃO

Por Henrique Soárez (*)

Em 1798, Timothy Dwight, presidente de Yale College, alegava que Thomas Jefferson era o candidato da Ordem dos Iluminados à presidência dos Estados Unidos. Em 1920, Winston Churchill alertava sobre uma aliança entre "judeus internacionais" e comunistas para abolir a religião e os estados-nação.

Fake news e teorias conspiratórias são coisas diferentes. Fake news são informações inverídicas circuladas intencionalmente (para descreditar algum indivíduo, por exemplo). Já uma teoria conspiratória é proferida por alguém que acredita, mesmo arriscando receber um diagnóstico de paranoia clínica, ter descoberto um plano sorrateiro em andamento para conquistar poder.

Fake news atacam pessoas, teorias conspiratórias mobilizam seguidores através do medo comum.

A relevância das teorias conspiratórias parece ter se mantido estável na última década, segundo a análise do cientista político Joseph Uscinski. Já as notícias falsas crescem rapidamente em influência: a plataforma NewsGuard calcula que o engajamento do cidadão americano médio com fontes não-confiáveis dobrou entre 2019 e 2020.

Mentiras jogadas em grupos de WhatsApp resistem até à exposição por núcleos de "fact-checking" - serviços nascidos para combater a desinformação, que logo são rotulados de tendenciosos. Assim, é preocupante que os dois principais candidatos à presidência da república em 2022 tenham relacionamentos tão inamistosos com a livre imprensa.

Bolsonaro chama de canalhas os jornalistas que o desagradam. Suas redes sociais abusam da criatividade nas narrativas para nutrir a fidelidade dos seus seguidores.

Lula, por outro lado, torna a falar em regulação social dos meios de comunicação, alude a organizações típicas de regimes autoritários e acena com a dependência de financiamento público por parte dos veículos da imprensa.

Não existe democracia sem imprensa livre. O exercício da cidadania pressupõe que o direito do voto será exercido por pessoas bem-informadas. Candidatos democráticos deveriam trabalhar diligentemente pela qualidade das informações que circulam em nosso país.

(*) Engenheiro eletricista, diretor do Colégio 7 de Setembro e da Uni7

Fonte: Publicado In: O Povo, de 7/10/21. Opinião, p.22.

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