segunda-feira, 18 de julho de 2022

MEMÓRIAS E DESMEMÓRIAS DA VACINAÇÃO

Por Lauro Perdígão (*)

A busca pela vacina contra a covid-19 precisa ser intensificada em meio ao surgimento de novos casos da doença no Brasil. Quando alguém decide não se vacinar, percebe-se que os aprendizados adquiridos em um passado não tão distante se esvaem.

A produção das vacinas tem diminuído a incidência de doenças graves como poliomielite, coqueluche, tétano, difteria, meningites, sarampo, caxumba, rubéola e febre amarela. Além disso, a varíola humana, responsável por mais de 300 milhões de mortes no planeta, foi erradicada em 1980 a partir do advento da vacina.

O impacto positivo da imunização ao longo da história pode gerar a falsa sensação de que doenças imunopreveníveis são raras e não oferecem mais riscos à saúde. No entanto, é preciso salientar que a queda das coberturas vacinais cria um ambiente favorável ao surgimento de surtos e epidemias.

Entre o início da produção de uma vacina e a disponibilidade do imunizante, levava-se, em média, dez anos. Porém, o progresso da ciência e a crise sanitária mundial contribuíram para que a covid-19 figurasse, em tempo recorde, na lista de doenças para as quais há imunizantes disponíveis. Esta é uma conquista simbólica que deve ser celebrada e jamais esquecida.

Apesar de não ter sido pioneiro na vacinação, o Brasil mostrou ao mundo, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), que possui um programa de imunização acessível, eficaz e gratuito. Em 2021, o País conseguiu ampliar a cobertura vacinal e, gradualmente, reduzir a transmissão do vírus e o número de mortes.

A disseminação da covid-19 ainda é uma realidade. Portanto, é fundamental que a população complete o esquema vacinal com as doses disponíveis. Precisamos lembrar que a vacinação é uma estratégia coletiva e com uma história respeitável, da qual todos devem participar.

As experiências do passado e todas as perdas causadas pela pandemia não podem cair no esquecimento. Para além dos questionamentos e tentativas de desqualificar a vacinação, as vacinas, mais uma vez, provam que são confiáveis e que salvam vidas.

(*) Médico infectologista. Vice-presidente da Sociedade Cearense de Infectologia.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 17/06/2022. Opinião. p.19.

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