quarta-feira, 17 de maio de 2017

A ENFERMAGEM E A PRESERVAÇÃO DA VIDA HUMANA


Por Rita Paiva Pereira Honório (*)

Precisamos priorizar o ensino e a pesquisa próprios da enfermagem, sem perder o olhar holístico para o indivíduo
A história da enfermagem confunde-se com a da humanidade, e, como ela, teve seus altos e baixos. Ator principal desse cenário, o homem buscou prioritariamente a perpetuação da espécie. Dessa forma, dedicou-se a cuidar dos enfermos.
Nos primórdios da história, cuidar era uma atividade essencialmente feminina, ligada à figura da mãe, da bondade e da caridade. Ao longo do tempo, o cristianismo, as cruzadas e as guerras influenciaram profundamente essa ação. Os conflitos humanos serviram de laboratório para o desenvolvimento da enfermagem como ciência.
No século XIX, Henry Dunant, filantropo, fundador da Cruz Vermelha e as enfermeiras Ana Neri e Florence Nigthingale se destacaram dentre os precursores da enfermagem moderna. Eles priorizaram o compromisso com a qualidade do cuidar. Nesse sentido, Florence foi a responsável por aliar a precisão da matemática a essa assistência, conseguindo provar, por meio da estatística, que o verdadeiro causador das mortes de soldados na Guerra da Criméia, em que atuou, era a infecção, e não os ferimentos recebidos em combate.
Apesar de ser alicerçada em princípios éticos, religiosos e estratégicos aperfeiçoados ao longo do tempo, a enfermagem, ainda hoje, não recebe o devido reconhecimento político e social.
A falta do merecido reconhecimento nos avanços científicos na área da Saúde pode ser creditado à naturalidade do ato de cuidar e à quantidade dos profissionais de enfermagem. Somos milhares, uma verdadeira legião. Na sociedade moderna, centrada no lucro, a doença compensa mais que a saúde. Como a paz, o cuidado, a construção da saúde e a prevenção da doença não movimentam a economia.
O envelhecimento demográfico da população e a busca pela qualidade de vida desencadearam um desenvolvimento frenético da ciência e da tecnologia para atender a estas novas exigências. Esta demanda vem implicando maior relevância para as categorias não médicas. Nenhum profissional isolado consegue dar conta de todo este conhecimento. A hegemonia da medicina e a visão hospitalocêntrica não cabem mais no padrão de assistência de hoje. É a vez de priorizar a promoção da saúde e da prevenção da doença, objetos de estudo e principais metas da enfermagem.
Para avançar no legado deixado por nossos antecessores, precisamos priorizar o ensino e a pesquisa próprios da enfermagem, sem perder o olhar holístico para o indivíduo. Esse deve ser o nosso compromisso com a sociedade e o caminho exigido ao modelo de saúde do século XXI. Chegou a vez de o cuidado ocupar seu merecido lugar de destaque na preservação da vida humana.
(*) Enfermeira e chefe da Divisão de Enfermagem do Hospital Universitário Walter Cantídio.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 16/05/2017. Opinião. p.11.

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