sexta-feira, 19 de maio de 2017

Brasil X Prêmio Nobel: duas historinhas

Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Presidente colombiano Juan Manuel Santos ganha Nobel da Paz 2016 e com esta notícia surge a pergunta requentada: “Quando é que o Brasil terá o seu Nobel? Tudo pode acontecer, mas com esta mentalidade será difícil”.
Sei que, em qualquer atividade humana, é necessário investir tempo, dedicação, trabalho, continuidade, determinação e criar um ambiente propício para alcançar metas. O que importa não é o país de nascimento do laureado e sim onde foi realizada a pesquisa. Advirto que o Premio Nobel é apenas, midiaticamente, o mais importante. E como em toda e qualquer atividade humana por mais honesta que seja, o pesquisador comete lá seus enganos. No caso específico do presidente colombiano acredito, como sul-americano, que ele seja merecedor. Muito embora o da Paz seja um dos mais importantes, por suas características, é ofertado em cerimônia separada e até em outro país (Noruega). Não é cientifico, nem de arte. É de quem luta pelo mais escasso bem da humanidade: A PAZ.
Lembro que se os Estados Unidos da América do Norte não tivessem suas universidades, teriam de mostrar aos visitantes, não Universidades, mas o Grande Cânion, as Cataratas de Niágara, além da Quinta Avenida e as gigantescas esculturas, com mais de 18 metros de altura cada uma, no monte Rushmore – Dakota do Sul. É bom que se acentue que essas premiações não levam em conta raça ou nacionalidade, mas decorrem de trabalhos realizados em universidades, academias, centros de pesquisas.
Trabalhos sérios que nada têm a ver com a emissão de borbotões de diplomas de qualidade pra lá de duvidosa. E o pior é que creio que, se algum dia algum brasileiro: nativo, naturalizado ou que tenha aqui feito sua descoberta, ganhar o Nobel, vão dizer por aí: — 'Grande coisa este tal de prêmio Nobel! Até “fulaninho” ganhou um...'. Isto é o que se deve mudar antes de jogar dinheiro fora ou ficar se lamentando.
Vamos às duas historinhas para ilustrar o Nobel. A pronúncia, deixo ao critério do leitor. Uma, envolvendo o láureo.
Primeira historinha:
Trata-se de um fato ocorrido com o único psiquiatra ganhador de Nobel de Medicina, até hoje. O judeu austríaco que vive nos Estados Unidos, Eric Kandel, único vencedor do Prêmio Nobel de Medicina/Fisiologia em 2000, por ter desvendado os mecanismos que permitem ao cérebro formar e armazenar memórias. Foi convidado a ministrar uma palestra em Viena. Presente, a nata da intelectualidade. Quando de sua apresentação agradeceram-lhe pelo fato de, como filho, retornar à Pátria. Ele então, ao tomar a palavra, disse algo mais ou menos assim: 'Saibam que este filho, quando saiu da Pátria, saiu fugido em um trem, faminto, sem a ajuda de nenhum de vocês’. Em seguida, sem mais delongas, deixou o recinto.
*****
E como havia prometido, aí vai uma outra historinha:
Há alguns anos li um artigo de um professor paulista, cujo nome não me recordo, que falava do estado da arte das “pesquisinhas” no Brasil. Ele a apelidava de pesquisinha:
Um biólogo estudava o aprendizado e o comportamento das formigas. Ele pega uma formiguinha, coloca numa bandeja de experimentos e ordena: - Formiguinha, anda - e a formiga anda. Arranca uma das patas da formiga e repete: - Formiguinha anda e, mesmo capenga, a formiguinha anda. Vai então arrancando as patas do inseto uma a uma, até que, quando arranca as seis patas da formiga, repete: - Formiguinha anda; e a formiga não se move.
Pesquisinha: Formigas sem pernas são surdas? Ou, num país onde o caos econômico-financeiro, educacional, e, médico foi perpetrado o esporte perde a sua força?
Deixo o leitor com o livre arbítrio de escolher a sua conclusão.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES). Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).

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