quarta-feira, 18 de maio de 2022

MARTE OU ÁFRICA?

Por Vladimir Spinelli Chagas (*)

Desde 18 de fevereiro de 2021 o Providence, um veículo tipo rover, encontra-se explorando alguns quilômetros de Marte, com fotos, vídeos e sons daquele ainda misterioso planeta.

Para ter mais informações, serão coletadas amostras de diferentes locais da cratera onde se encontra o Providence. Mas essas amostras serão armazenadas lá mesmo e resgatadas pela Nasa, possivelmente depois de 2030.

Recentemente, assisti parte de um documentário sobre as explorações em Marte, em que eram mostradas hipóteses para uma sobrevivência humana naquele planeta, explorando vários pontos inicialmente negativos para isto. Uma questão, por exemplo, é que uma viagem a Marte tem que ser planejada para ocorrer em momento programado. Qualquer mudança de planos atrasaria o projeto em 26 meses, para retornar ao único ponto de alinhamento em que se consegue pousar com segurança.

A fina e fraca atmosfera marciana, composta em 98% de dióxido de carbono, obrigar-nos-ia a inalar 14 mil vezes, para respirarmos como aqui. As perigosas tempestades de poeira cobrem o planeta por meses. Água, somente nas calotas polares, na forma de gelo. Temperaturas variando de -125, no inverno, a 22 graus celsius, no verão marciano.

Tornar Marte habitável vem exigindo elevados investimentos. De 1960 a 1972, os norte-americanos investiram U$107 bilhões (preços de 2016) e, no atual orçamento, projetam outros U$26 bilhões, dos quais grande parte para o programa Artemis, que pretende retornar o homem à Lua, como uma espécie de escala para uma futura ocupação de Marte.

Enquanto isso, o ambiente na Terra vem sendo sistematicamente destruído pelo próprio homem, lembrado somente em intermináveis encontros das grandes potências, em discussões que nunca se tornam ações de fato. Se dele cuidássemos, não precisaríamos de outra casa.

E a África? Bem mais próxima, com inúmeras vantagens, uma população carente de tanto, extensas áreas que podem ser aproveitadas com tecnologias adequadas... Marte ou África? O bom senso aponta para África, mas a visão megalômana do homem, não. Destruir a Terra e partir para Marte parece ser o plano. 

(*) Professor da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do CRA-CE.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 25/04/21. Opinião, p.18.

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