Por Gabriele Félix, jornalista de O Povo
Sediado em Fortaleza, o ICC Next Legacy
reúne, entre os dias 7 e 9 de abril, pesquisadores para discutir os avanços em tratamento, pesquisa e
gestão oncológica
O termo câncer abrange mais de 100 tipos de
doenças, que têm em comum o crescimento desordenado de células e a capacidade
de invadir tecidos localmente ou migrar para órgãos não adjacentes. Os dados
são do Ministério da Saúde.
Conforme o Boletim Epidemiológico da
Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), divulgado em 10 de fevereiro de 2025, um
levantamento realizado pelo Instituto Nacional do Câncer José de Alencar Gomes
da Silva (Inca) mostrou que, para cada ano do triênio 2023 a 2025, foram
previstos 704 mil casos novos de câncer no Brasil, sendo 21.020 no Estado.
Uma das iniciativas que procura chamar a
atenção para a doença é a campanha Abril Lilás, que marca o mês de
conscientização sobre o câncer de testículo, doença que corresponde
mundialmente a 1% dos tumores masculinos e 5% das malignidades urológicas.
Apesar de raro, o urologista do Instituto
do Câncer do Ceará (ICC), Marconi Tavares, alerta sobre a maior incidência da
doença em homens em idade produtiva, entre 20 e 40 anos: “É uma doença de homem
jovem, que existe um padrão genético, hereditário. E os fatores de risco que a
gente considera para o paciente é que se ele tiver esse histórico, ele tem que
ter um cuidado redobrado”.
O autoexame, de acordo com o médico, é
essencial para garantir um diagnóstico precoce. “O grande nuance do câncer do câncer de
testículo é por uma doença plenamente tratável. Mesmo que você se apresente com
câncer de testículo localizado, mas que tem alguma metástase para o próprio
pulmão, por exemplo, essa doença ainda é curável, porque é uma doença
extremamente quimiossensível, ela tem uma sensibilidade à quimioterapia de
forma curativa. Isso nos dá uma segurança enorme de tratar esses pacientes”, alerta.
Entre os principais sintomas da doença, o
mais comum é o aparecimento de um nódulo duro, geralmente indolor,
aproximadamente do tamanho de uma ervilha. Outras alterações, como aumento ou
diminuição no tamanho dos testículos, endurecimentos, dor imprecisa na parte
baixa do abdômen e aumento ou sensibilidade dos mamilos também podem ser
indicativos do câncer de testículo.
Os dados foram alguns dos abordados durante
o primeiro dia do Congresso de Oncologia do Norte e Nordeste, o ICC Next
Legacy, que teve início nesta segunda-feira, 7, e prossegue até quarta-feira,
dia 9, reunindo centenas de profissionais, nacionais e internacionais, para
discutir os principais avanços em tratamento, pesquisa e gestão oncológica do
mundo.
O evento, sediado em Fortaleza, debate
novas tendências, abordagens e tecnologias no cuidado oncológico, incluindo a
oncogenética, além de pesquisa e gestão em saúde.
O mastologista e diretor clínico da Rede
ICC, Leandro Lacerda, destacou que o ICC Next Legacy é um congresso que abre um
novo conceito em evento nacional e internacional.
“A ideia foi trazer para este evento toda a área da saúde
envolvida e não focar apenas na linha de tratamento com o médico direto ao
paciente. Então, nós iremos abordar todas as áreas da oncologia e suas diversas
modalidades e linhas de tratamento, visando sempre aquela linha de cuidado ao
paciente”,
ressalta.
Sequenciamento genético, cirurgia robótica e
vacinas estão entre as novidades apresentadas no congresso
Segundo a coordenadora do ICC Genômica do
Instituto do Câncer do Ceará (ICC), Maria Júlia, a detecção de alterações
genéticas em pacientes é um grande marco na Medicina a nível mundial e promete
aumentar a eficiência dos tratamentos e a sobrevida dos pacientes.
“O médico vai saber direcionar melhor o tratamento daquele
paciente. Já tem drogas, por exemplo, que são dadas a partir de alvos
terapêuticos, então o paciente faz o teste molecular, é detectado a mutação e o
médico escolhe uma droga que vai ter menos efeito colateral, o paciente vai
ficar menos tempo no hospital. Então, isso dá uma sobrevida maior para o
paciente e um sucesso maior para o tratamento”, detalha.
Além do sequenciamento genético preventivo,
o oncologista clínico do ICC, Fábio Chaves, destaca que há uma força tarefa
mundial focada no desenvolvimento de vacinas para o combate à doença.
“A gente tem as vacinas que hoje em dia estão chegando cada vez
mais fortes. Identificar subpopulações de indivíduos com alto risco que possam
receber aquelas vacinas ou então pacientes que já tenham algum diagnóstico que
possam receber aquelas vacinas como tratamento”, conta.
Apesar da expectativa pelo tratamento, ele
ressalta que a novidade ainda está em fase de pesquisa. “A gente sabe que o
câncer de colo do útero está muito relacionado ao HPV e que, hoje em dia, a
gente tem essa vacina para receber. Muito provavelmente nos próximos anos a
gente vai ter gerações de meninas que não terão esse tipo de doença, mas outras
vacinas nas quais eu me referi agora há pouco, não, pois ainda estão em fase de
pesquisa”,
explica.
A cirurgia robótica também foi destaque no
evento. De acordo com Leandro Lacerda, no Ceará, a Rede ICC Saúde já atua com
essa prática, considerada mais rápida, menos dolorida e menos mórbida. “Hoje no grupo da Rede
ICC Saúde temos a cirurgia robótica já sendo beneficiada, já atuando desde o
ano passado. Então assim, sempre estamos tentando nos atualizar para a gente
proporcionar o melhor paciente”, explica.
Genética, cirurgia robótica e vacinas
Segundo a coordenadora do ICC Genômica do
Instituto do Câncer do Ceará (ICC), Maria Júlia, a detecção de alterações
genéticas em pacientes é um grande marco na Medicina a nível mundial e promete
aumentar a eficiência dos tratamentos e a sobrevida dos pacientes: "O médico vai saber
direcionar melhor o tratamento daquele paciente. Já tem drogas, por exemplo,
que são dadas a partir de alvos terapêuticos, então o paciente faz o teste
molecular, é detectado a mutação e o médico escolhe uma droga que vai ter menos
efeito colateral, o paciente vai ficar menos tempo no hospital. Então, isso dá
uma sobrevida maior para o paciente e sucesso para o tratamento".
Além do sequenciamento genético preventivo,
o oncologista clínico do ICC, Fábio Chaves, destaca que há uma força tarefa
mundial focada no desenvolvimento de vacinas para o combate à doença: "A gente tem as
vacinas que hoje em dia estão chegando cada vez mais fortes. O importante é
identificar subpopulações de indivíduos com alto risco ou pacientes que já
tenham algum diagnóstico que possam receber vacinas como tratamento".
Apesar da expectativa, ele ressalta que a
novidade está em fase de pesquisa: "A gente sabe que o câncer de colo do útero está muito
relacionado ao HPV e que, hoje em dia, a gente tem essa vacina para receber.
Muito provavelmente nos próximos anos a gente vai ter gerações de meninas que
não terão esse tipo de doença".
Fonte: Publicado In: O Povo, de 8/04/2025. Cidades.
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