Por Sofia Lerche Vieira (*)
Aproxima-se a COP30, conferência da ONU
sobre mudanças climáticas, a se realizar em Belém (PA). Milhares de pessoas das
mais diversas origens institucionais deverão participar deste megaevento. Metas
globais não cumpridas, acordos sem perspectivas de futuro são alguns dos
problemas que podem surgir nesse festivo cenário. Soluções globais são
importantes. Para além das agendas internacionais, contudo, é oportuno enxergar
outros movimentos.
A margem do burburinho, é animador
reconhecer o crescimento de ações individuais e coletivas de mitigação dos
efeitos da degradação ambiental. Há iniciativas emblemáticas do poder de
inovações simples em curso.
A ação cidadã de Hélio da Silva conquistou
atenção nacional por ter plantado mais de 40 mil árvores em praças e parques de
São Paulo. Mais longe, na caatinga pernambucana, o povo indígena Xukuru do
Orubá tem feito algo similar, mediante o plantio de milhares de mudas nativas em
áreas degradadas. Em meio a um ambiente cercado de cimento armado, também em
São Paulo, pequenas florestas são cultivadas em escolas da rede pública,
abrigando crianças em sua sombra.
Esses e outros exemplos revelam o potencial
de soluções locais para o enfrentamento de desafios globais. Sobre o tema
vale conferir o documento "O impacto das mudanças climáticas na educação:
iniciando um debate" (VIEIRA, D3E. Todos pela Educação, 2024).
Nas mais diferentes esferas da vida, mudanças
que partem de iniciativas dos próprios cidadãos reservam a esperança de
dias melhores para o planeta. Nesse contexto, a educação ambiental crítica é
alternativa fecunda ao enfrentamento dos desafios do clima. A escola pode ser
lugar de cultivar uma lógica de respeito e preservação da natureza.
Em lugar de querer ensinar, é preciso
aprender com lições concretas existentes que passam praticamente despercebidas
em eventos de massa como a COP30. Em Belém, do outro lado do rio, na Ilha de
Combu, vale conhecer o exemplo da Escola Municipal do Campo Milton Monte. Nesta
escola ribeirinha, como em tantas outras espalhadas pela Amazônia, se ensinam
coisas que o mundo precisa aprender.
(*) Professora do
Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 3/11/25. Opinião. p.22.

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