terça-feira, 2 de dezembro de 2025

COP 30: problemas globais e soluções locais

Por Sofia Lerche Vieira (*)

Aproxima-se a COP30, conferência da ONU sobre mudanças climáticas, a se realizar em Belém (PA). Milhares de pessoas das mais diversas origens institucionais deverão participar deste megaevento. Metas globais não cumpridas, acordos sem perspectivas de futuro são alguns dos problemas que podem surgir nesse festivo cenário. Soluções globais são importantes. Para além das agendas internacionais, contudo, é oportuno enxergar outros movimentos.

A margem do burburinho, é animador reconhecer o crescimento de ações individuais e coletivas de mitigação dos efeitos da degradação ambiental. Há iniciativas emblemáticas do poder de inovações simples em curso.

A ação cidadã de Hélio da Silva conquistou atenção nacional por ter plantado mais de 40 mil árvores em praças e parques de São Paulo. Mais longe, na caatinga pernambucana, o povo indígena Xukuru do Orubá tem feito algo similar, mediante o plantio de milhares de mudas nativas em áreas degradadas. Em meio a um ambiente cercado de cimento armado, também em São Paulo, pequenas florestas são cultivadas em escolas da rede pública, abrigando crianças em sua sombra.

Esses e outros exemplos revelam o potencial de soluções locais para o enfrentamento de desafios globais. Sobre o tema vale conferir o documento "O impacto das mudanças climáticas na educação: iniciando um debate" (VIEIRA, D3E. Todos pela Educação, 2024).

Nas mais diferentes esferas da vida, mudanças que partem de iniciativas dos próprios cidadãos reservam a esperança de dias melhores para o planeta. Nesse contexto, a educação ambiental crítica é alternativa fecunda ao enfrentamento dos desafios do clima. A escola pode ser lugar de cultivar uma lógica de respeito e preservação da natureza.

Em lugar de querer ensinar, é preciso aprender com lições concretas existentes que passam praticamente despercebidas em eventos de massa como a COP30. Em Belém, do outro lado do rio, na Ilha de Combu, vale conhecer o exemplo da Escola Municipal do Campo Milton Monte. Nesta escola ribeirinha, como em tantas outras espalhadas pela Amazônia, se ensinam coisas que o mundo precisa aprender.

(*) Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 3/11/25. Opinião. p.22.


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