sábado, 16 de abril de 2022

DES-EMERGENCIAMENTO DA COVID

Por Henrique Soárez (*)

Quando o vírus chegou ao Brasil não sabíamos o que esperar. Agora, 2 anos mais tarde, liberados das máscaras em ambientes abertos, fica mais evidente que as políticas públicas precisam acelerar para acompanhar a realidade.

A precaução era no início, corretamente, o valor maior. O vírus era desconhecido e salvar vidas implicava em cautela extrema. O momento agora demanda objetivos mais amplos.

Pragmatismo e liberdade são os valores a resgatar nesta etapa pós-pandêmica. Por precaução tentamos conter o Carnaval, mas agora sabemos que o esforço trouxe benefícios limitados: as festas aconteceram e o vírus não voltou a circular. Ao promover o valor do pragmatismo nota-se que a nova regra das máscaras veio tarde, pois em ambientes abertos muitos já andavam sem máscaras.

A liberdade é o valor que busca limitar a intervenção do Estado na vida do cidadão. Foi legitimamente sacrificada durante a pandemia e sua restauração exige que as intervenções das autoridades acompanhem o movimento dos dados e das descobertas científicas.

Com o que sabemos hoje sobre as formas de transmissão do vírus, talvez fosse melhor manter obrigatório uso das máscaras em situações de aglomeração de público, mesmo que ao ar livre, como nos estádios de futebol.

Não cabe mais falar em emergência ou calamidade pública em decorrência do vírus. Já é possível prever que a onda de fechamentos agora vistos na China não vai chegar a Fortaleza.

A onda que sim irá chegar é a que acontece na Inglaterra: contágio dos idosos vacinados ou não, que não contraíram a ômicron e, além disso, como acontece com as viroses sazonais, uma marola de absenteísmo laboral resultado dos sintomas leves da Covid em adultos vacinados.

Não cabe mais coibir quem está vacinado e não tem comorbidades. É chegado o momento dos cuidados se tornarem individuais: quem tem o sistema imunológico debilitado deve escolher bem as interações sociais e caprichar no uso da máscara.

Para a população em geral é hora de oficializar que a pandemia acabou. Se a realidade mudar o governo terá então capital político para voltar a intervir na vida privada.

(*) Engenheiro eletricista, diretor do Colégio 7 de Setembro e da Uni7

Fonte: Publicado In: O Povo, de 24/03/22. Opinião, p.20.

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