segunda-feira, 4 de abril de 2022

A APRESENTAÇÃO DO SENHOR

Por Pe. Reginaldo Manzotti (*)

Depois dos 40 dias do nascimento do Senhor, portanto 40 dias após o Natal, conforme prescrevia a Lei de Moisés todo primogênito do sexo masculino de uma família deveria ser oferecido a Deus (Ex 13,12). E a mulher que tivesse dado à luz precisaria passar pela purificação, levar um cordeiro para o holocausto e um pombinho ou rolinha para o sacrifício pelo pecado.

Caso não pudessem levar o cordeiro, deveriam levar dois pombinhos ou rolas (cf. Lv 12. 6-8). Foi o que fizeram os pais de Jesus. Segundo o Evangelista Lucas relata, concluídos os dias da purificação da mãe e do filho, Maria e José levaram Jesus para apresentar ao Senhor e um par de rolas ou dois pombinhos para o sacrifício (Lc 2, 22-24).

Aconteceu que, movidos pelo Espírito Santo, Simeão e a profetiza Ana foram ao templo. Os dois com a idade avançada, dois idosos, significaram toda a esperança do Antigo Testamento. Simeão teve a promessa que não morreria sem primeiro ver o Messias prometido por Deus. É por isso que naquela hora Simeão pega a criança nos braços e depois de tanta espera, tanta expectativa, tanta ansiedade, ele pôde dizer: "Senhor, agora pode me levar, porque meus olhos viram a salvação, a luz das nações, Jesus" (cf. Lc 2, 25-32).

A Apresentação do Senhor é uma festa linda e com muitos significados. Jesus é oferecido primeiro ao Pai, mas também Nossa Senhora oferece-O ao mundo. É, sem dúvidas, uma festa do "encontro": da Igreja com Jesus, de Jesus com o mundo. Ele é apresentado como a luz de todas as nações e povos.

Se a Virgem Maria consagrou Jesus e ofereceu rolas ou pombinhos, nós somos chamados a consagrar o mundo, que está precisando de luz. Estamos vivendo momentos de trevas, sombrios, seja no cenário mundial, seja em família. São tempos de névoa, situações de sombras as quais não sabemos aonde vai nos levar. Temos necessidade de ser lâmpadas que falam sobre esperança no mundo de hoje.

Por isso, é tão simbólico o que é proposto na liturgia dessa festa, no início da celebração, com o rito da benção das velas e a procissão, quando somos chamados a caminhar tal qual lâmpadas acessas confiando e irradiando a luz de Jesus Cristo, que é a luz que não tem ocaso. Ser a chama da fé, do amor, da confiança em Deus, como manteve Simeão. Jesus é a luz que atrai. A natureza é atraída pelo sol, pelo seu calor. Os galhos chegam a se contorcer buscando-o. Assim deve ser conosco: precisamos nos contorcer na busca da luz de Jesus. Sem ela somos um povo errante.

A importância do tema da "luz" tornou essa festa conhecida como Festa de Nossa Senhora das Candeias, da Candelária e Nossa Senhora dos Navegantes. A vida assemelha-se a uma grande travessia marítima, na qual, muitas vezes, passamos por fortes tempestades. Assim como os grandes navegadores buscaram na Virgem Maria, Mãe dos Navegantes, coragem para enfrentar as expedições, nós também devemos recorrer a Ela para lançarmo-nos em oceanos desconhecidos e reveladores do nosso ser e do nosso viver.

Nenhum de nós tem a certeza de que a travessia sempre ocorrerá na calmaria, mas ancorados e guiados pela luz de Cristo e protegidos por Maria, não há o que temer.

(*) Fundador e presidente da Associação Evangelizar é Preciso e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe, em Curitiba (PR).

Fonte: O Povo, de 26/02/2022. Opinião. p.22.

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