quarta-feira, 13 de abril de 2022

GUERRA OU PAZ?

Por Tales de Sá Cavalcante (*)

Henry Kissinger, no livro "Sobre a China", alerta-nos que, em 1962, tropas chinesas e indianas lutavam pela definição de sua fronteira. A Índia queria os limites de sua era colonial; a China defendia os de sua era imperial. A primeira enviara soldados até a fronteira por ela considerada, enquanto a segunda havia cercado o exército adversário.

Após o fracasso das negociações, a China atacou de forma devastadora, conquistou parte do território indiano e, em vez de julgar como sua a área conseguida e definir um novo limite, por orientação de seu líder Mao Tsé-Tung, recorreu à antiquíssima tradição chinesa: recuou a fronteira anterior e devolveu as armas pesadas apreendidas. Então foi dito aos oponentes: "Avançamos além de nossa fronteira, não para aumentar nosso território, senão para obrigá-los ao diálogo. Agora vamos conversar."

A situação descrita tanto difere do atual conflito entre Rússia e Ucrânia que, no país invasor, alguém poderá ser condenado a até 15 anos de prisão se chamar a guerra de "guerra". Se Putin fosse democrata, seria acostumado a ouvir, argumentar e ponderar, e teria aprendido que, se dois países negociam, a melhor tese não é a de um ou a de outro, mas a que emerge do diálogo.

Após a Guerra das Malvinas, Jorge Luis Borges considerou-a "uma briga de dois carecas por um pente", e Roberto Campos afirmou que "a Argentina teria ganhado pela diplomacia o que perdeu pela guerra". Joel Silveira, repórter correspondente na 2ª Guerra Mundial, publicou: "A guerra é nojenta, e o que ela nos tira (quando não nos tira a vida), nunca mais devolve."

E neste conflito, quer a Ucrânia caia ou não, Putin perde, e Zelensky ganha. Os interesses não são do país, e sim de Putin e dos oligarcas, seus parceiros de todas as horas, ao seguirem Hitler, quando disse: "Você não derrota um inimigo tirando sua coragem. Você o derrota tirando sua esperança." Os russos, em maioria, são amigos dos ucranianos e, se pelo terror da gestão Putin, os vissem como inimigos, fariam como Sun Tzu ensinou, há cerca de 2522 anos: "A suprema arte da guerra é derrotar o inimigo sem lutar."

(*) Reitor do FB UNI e Dir. Superintendente da Org. Educ. Farias Brito. Membro da Academia Cearense de Letras.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 9/03/22. Opinião, p.18.

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